XIII

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Esse é um capítulo interessante porque tem intriga, treta e algo que estava muito interessada em mostrar: Mercedes botando a mão na massa no plano.

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As notícias repassadas pelos rastreadores não eram as mais positivas para Vittorio Santini.

- Homens de Marcello Bacchi foram vistos na sala de desembarque do aeroporto internacional de Salvador, recebendo alguns amigos. Todos homens. Todos com sotaque carioca. – explicou Ivan Aquino, para logo depois mostrar imagens das pessoas em um notebook.

A semelhança nos rostos, especialmente os olhos claros e os cabelos meio aloirados, não surpreendeu o grupo.

- Devem ser os Bacchi de lá. – concluiu Bertinelli.

- Os parentes que não deveriam sequer pisar em nosso território, justamente por causa do ramo de trabalho deles, o maldito tráfico. – Vittorio cuspiu as palavras. – Essa merda mata, nos expõe para quem não deve, mistura todas as nossas merdas. Porca miseria, odeio pó.

- Os Bacchi daqui jamais deveriam apoiar ou receber os Bacchi envolvidos com o tráfico. Sempre foi algo acordado desde os nossos avós que eles ficariam longe da gente. Por que Marcello faria isso?

Aos poucos, uma teoria se abria na cabeça de Vittorio:

- Porque eles não querem só a dominação das boates, do tráfico de armas. Eles querem entrar nesse mercado, e Marcello não pode fazer isso sem se unir aos traidores. Sem trair a máfia. Eu jamais aceitaria me envolver com cocaína, mas ele romperia o juramento, tudo por dinheiro.

- Onde Saulo Pancetti entraria nisso?

- O maledetto deve ser traficante. Tem contatos e grana, e pode sustentar a máfia enquanto eles nos destroem e aos soldados que continuarem fieis à famiglia. Vão me matar e a todo o núcleo-duro, e Pancetti tomará o meu lugar, sendo apoiado por Marcello; que provavelmente, como bom fornecedor de bocetas, colocará a incompetente da Carmela para ser esposa dele.

Tanto Giancarlo quanto Aquino concordaram com a observação de Vittorio, sem disfarçar a surpresa com a conclusão que lhes parecia bastante acurada e próxima de uma cruel realidade. Bertinelli perguntou algo que deixou o capo dei capi ainda mais preocupado:

- Se os Bacchi e o tal Pancetti querem dominar a máfia e transformar nossos esquemas em tráfico de drogas, como eles usariam nossos hotéis? Eles são a parte legalizada do negócio.

Vittorio coçou a barba por fazer, e passou a mão no queixo, onde crescia parte de um cavanhaque.

- Talvez eles venham a usar as unidades do Grand Santini Hotel como base para a venda e distribuição de drogas pelo estado. Se esse plano é longo, ainda estou surpreso por Bacchi nunca ter ventilado uma filial do hotel em Itacaré ou na Chapada, por exemplo.

- Ou farão isso quanto Pancetti estiver no poder.

- Esattamente, Giancarlo. Aproveitarão a oportunidade de lavar o dinheiro da droga com o hotel. Maledetto.

Vittorio estava prestes a esmurrar a mesa de madeira, mas respirou fundo. Mexeu os lábios como se estivesse sorrindo e dobrou as mangas da camisa, mostrando as tatuagens no braço.

A pessoa que melhor conhecia o capo dei capi, Giancarlo Agnelli, percebeu um brilho diferente no olhar do mafioso. E pela primeira vez, ele percebeu que Vittorio escondia algo.

- Entre em contato com meu primo.

- Pedro?

- Ele mesmo. Peça que deixe a residência que ele possui em Queimadas limpa e arejada. Espero que tenha colocado ar-condicionado naquela casa, aquela região é quente como o inferno.

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