XXIII

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Habemus capítulo! Teremos mais jogos de tabuleiro que ação, além de Vittorio sendo Vittorio.

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O plano original de Saulo Pancetti não registrava ter que ficar ali, na sala de reuniões, ao lado de seu sogro e outros membros do núcleo-duro da máfia, tentando decidir o futuro.

Ele deveria estar "fodendo aquela vagabunda, e não aqui com esse bando de incompetentes", pensou Saulo, levando a mão na cabeça, disfarçando que, pela primeira vez, não tinha todo o controle da situação.

Além dele, todos os outros pareciam sentir os pescoços apertando. Eles eram traidores, estavam plenamente surpresos por não terem morrido na hora do casamento, quando o VIttorio chegou armado juntamente com os outros aliados.

Ao menos nisso, Saulo entendia o objetivo de Vittorio:

- Ele vai destruir cada ponto do nosso esquema... Merda. Agora eu já sei quem foram as pessoas que acabaram com a nossa boate, roubaram as nossas putas, e mataram Giannini.

-Vittorio? - Pietro Pastorelli, surpreendentemente sóbrio naquela tarde, não parecia acreditar na teoria de Saulo. - Mas ele não estava em Salvador, eu tenho certeza, todo mundo procurou informações sobre ele... Vittorio não tinha como comandar uma operação daquele tipo tão longe.

- Você já ouviu falar em trabalho remoto, Pastorelli?

- Scusa, capo, eu não tenho costume de trabalhar.

- Mas deveria. Assim, você aprendia quais são as estratégias para derrubar os inimigos. Agora... Isso faz sentido... Ivan Aquino no entorno, fingindo ser bonzinho.

- Ele nos traiu. - Fabrizio Appia rosnou.

- Por isso que roubaram o dinheiro dele. A armação foi muito bem pensada. Precisava de alguém mais distante, não sendo da famiglia... - enfatizou o termo em italiano com nojo, o que incomodou os homens ali. - Para se infiltrar e passar informações. Maldito. Ele já tem tudo que interessa, a localização de nossos esquemas, e agora vai atrás de cada um deles, dos nossos parceiros comerciais, de cada uma das nossas áreas de domínio. Não sei como ele vai fazer isso, não sei em que momento ele fará isso, mas Vittorio vai agir.

- Não era mais fácil simplesmente atirar em todos e determinar que todos nós somos traidores?

- Poder de fogo, Appia. Ele não tem tanto assim. Não tem tantos soldados e homens fieis como antes. Se atirasse ali, nossos soldados metralhariam a todos. Ele entrou às escondidas, feito guerrilha. Ou seja, não está tão municiado assim. Esse é o motivo pelo qual Vittorio não fez o que deveria ter feito. Ele fará diferente: vai minar a nossa grana, nossos recursos, e assim, matar nossos homens nas costas, à traição. Por isso. devemos nos preparar.

- Inteso. E agora, como é que ficam as casas? Porque Bertinelli vai voltar para a sua mansão juntamente com os seus soldados, um bando de gente que eu nunca vi... E Giancarlo fica na casa ao lado da sua, capo. Não tem medo de que ele tente promover algum tipo de atentado?

- Não, porque muito provavelmente é isso que eles querem de nós: que, paranoicos com a possibilidade de um ataque, atacaremos antes. O que nós vamos fazer é proteger os nossos espaços e quando eles nos atacarem, estaremos prontos. Se ele quer realmente esta mansão - e abriu os braços, como se estivesse mostrando a sala como uma reprodução da casa - Santini terá que jorrar sangue; e não vai conseguir

Marcello Bacchi pediu um momento para falar. O casamento de Saulo e Carmela não havia acontecido; mas o acordo prosseguia. Considerando que Vittorio estava casado com a "abbaia, la traditrice", na visão dele, era necessário que Saulo Pancetti cumprisse a sua parte no contrato.

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