XXVI

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o começo deste capítulo é... bacana.

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No elegante escritório da sede da importadora, localizado na BR-324, cinco homens conversavam como se fossem velhos amigos, mas eles na verdade estavam se analisando, em uma estranha disputa de confiança. Um deles, de terno e gravata pretas e os cabelos lisos bagunçados na cabeça, observava o homem sentado à sua frente, visivelmente o dono de tudo aquilo, com alguma frieza e uma centelha de curiosidade. O empresário, que era na verdade um perigoso traficante, apresentava-se como alguém perigoso, tomando um copo de whisky cheio às nove da manhã como se fosse água; e Vittorio sabia disso.

Ele era o tal traficante que matava "ouvindo música clássica", mas sua aparência ficava no limite entre a violência e uma espécie de sedução misteriosa. Curiosamente, ele mantinha em sua mesa, em meio a papéis e folders de divulgação de produtos importados, um livro de romance.

Não parecia ser do feitio daquele homem alto, forte, com os cabelos raspados a máquina dois, o rosto firme e rude - incluindo o cavanhaque que delineava seus lábios. Nada em sua aparência indicava que era um leitor ávido de romances românticos, clichês.

No entanto, Vittorio Santini não faria qualquer tipo de inferência verbal. Ele estava em território "inimigo".

- Acabei de receber uma mensagem dos nossos homens. - comentou Ivan Aquino, logo após ler alguma coisa em seu smartphone - O plano deu certo. Estão todos mortos.

O quarto homem dentro da sala, ligeiramente mais baixo que o dono de tudo, loiro com os cabelos penteados para trás e uma aparência extremamente gregária para o local em que estava, replicou:

- Bueno... Menos soldados e gente para nos atacar e aos nossos parceiros.

- Tivemos um excelente apoio. – retrucou Santini. - Alguém nos deu todo encaminhamento sobre o que o os bastardos fariam pra mim.

Um dia antes da reunião com os colombianos, ele pedira a ajuda para o grupo por desconfiar de que seria alvo de uma emboscada. Agora que as coisas estavam tranquilas, o mafioso explicou que um dia antes de sua ida àquela reunião, ele recebeu uma ligação de alguém: uma pessoa que aparentemente era um espião a favor do grupo de Santini, e que se encontrava dentro do núcleo duro de Pancetti.

Essa pessoa, via os Bertinelli, explicou que Vittorio seria novamente vítima de uma tentativa de homicídio, justamente na região por onde ele passaria para chegar à empresa dos colombianos.

Por isso, ele decidiu se unir justamente a aqueles traficantes, através do auxílio com material humano para um contraataque, ao lado dos soldados que Vittorio já tinha.

- Vejo que deu tudo certo. - comentou o dono da importadora, cruzando os braços. Ele parecia bastante analítico, observando os italianos a sua frente, e tomou mais um gole do whisky.

A união improvável com Santini seria fundamental para manter seus negócios, tanto os reais quanto os alternativos. Eles não se envolveriam com o tráfico de drogas, o grupo dele não mexeria com boates e apostas, e os dois encontrariam um denominador comum com a venda de armas ilegais.

Além disso, naqueles dias, ele tinha outros objetivos, que envolviam proteger – não exatamente o seu negócio no país. Conversaria o segundo-no-comando e os outros subordinados sobre o assunto.

- Espero que o mamón Pancetti pare de nos irritar com suas tentativas de domínio por um tempo.

- O que duvido, particularmente. – respondeu o quinto homem, que ostentou um sorriso irônico. Dos cinco, era o mais propenso a sorrisos.

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