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Quero registrar que falta um capítulo para começar a terceira parte.

Agora vamos acompanhar um casamento.

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Na frente da pequena igreja em uma vila no norte da Bahia, tão no meio de nada que era difícil até descobri-la através de aplicativos de mapas, foi erguida uma espécie de tenda que cobria um tapete vermelho, a fim de que uma noiva pudesse atravessar seu caminho até o altar, também do lado de fora da igreja, com a simplicidade, singeleza e elegância que lhe eram inatas.

Ela estava com sua bengala e acompanhada por um bom amigo, que fazia as vezes do pai da jovem, já falecido, e andava lentamente com ela, com o braço dado. Porém, ele variava entre sorrir para a noiva, que usava óculos escuros estilo Ray-Ban, que escondiam detalhes da maquiagem usada para a festa, e observar o noivo no altar. Este, por sua vez, oscilava entre colocar as mãos nos bolsos do fraque totalmente negro, longe do dress code dos casamentos matutinos, e olhar a proximidade do acompanhante com sua noiva.

Todos sabiam que Vittorio Santini era um homem possessivo. Mas aquilo era mais do que o considerado "normal" para o capo dei capi.

- Mercedes não vai fugir... - comentou Ivan Aquino em voz baixa, assim que ele depositou a mão da jovem para o noivo.

- Quem não te conhece que te compre. - retrucou Vittorio, encontrando um motivo para reclamar.

- Vitor, é o nosso casamento, não uma reunião da máfia.

Vittorio observou a sua esposa mais perto dele, a maquiagem feita tanto por Mercedes quanto Sabina, simples, sem esconder, e sim reforçar a beleza da jovem.

O único elemento que a destacava era o batom vermelho querido por Mercedes; um delineador em tons leves de rosa e o blush de mesmo tom a deixava com uma aparência doce e gentil - mas o batom vermelho era a prova de que a contadora podia ser contestadora quando queria.

O vestido, da marca Oscar De La Renta, foi enviado diretamente dos EUA através de Pedro, e possuía uma elegância clássica que combinava com Mercedes. Era um vestido de gola alta, com duas camadas - a superior, com aplicações de rosas, da gola até a manga comprida, que se confundia com as luvas; enquanto a segunda camada, de organza, era rodado, o corte anos 50 com a cintura marcada.

Os cabelos anelados se encontravam fechados em um coque simples, preso por discretas presilhas, unido ao véu também com aplicações de rosas na ponta.

O casamento celebrado pelo padre, que curiosamente não estava ligado a Saulo Pancetti por ter boas relações com os Aquino, era acompanhado tanto pelo mafioso brasileiro quanto os Bertinelli, padrinhos dos noivos; e, remotamente, Giancarlo Agnelli.

Um link também foi enviado para o primo de Vittorio, Pedro Santini, que aguardaria até o fim da cerimônia para enviar seus cumprimentos aos noivos.

Em frente ao padre, Vittorio segurava a mão enluvada de Mercedes com força, mas a jovem percebeu que na verdade aquele movimento era muito mais do que o óbvio sentimento de posse, que ele nutria por tudo e todos pertencentes à máfia. Ela não sabia determinar o que significava; mas Mercedes sentia-se bem. Em seu íntimo, Vittorio estava dizendo que ela sempre o teria ao seu lado – era a esperança da jovem, e assim o seria.

- Estamos todos presentes para a união de Don Vittorio Santini e Signorina Mercedes Gonçalves, um enlace que não significa apenas um simples casamento. Não somos pessoas simples, este matrimônio não é para pessoas simples. Decidimos aqui, sob as bênçãos de Deus e o olhar das figuras mais respeitadas da famigilia, que sairemos dos desafios, unidos e leais a algo maior.

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