XV

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Chegamos finalmente à segunda parte do livro!

Umas surpresinhas aqui, alguns momentos estranhos ali, e algumas revelações...

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Ninguém precisava saber que a bala contida na arma de Ivan Aquino era de festim; mesmo assim, Giancarlo fingiu ter sido atingido e correu, as mãos no ombro, acompanhando Vittorio e Bertinelli, que atiravam com balas de verdade, na direção dos fundos da residência.

De repente, soldados do capo Santini surgiram do alto das escadas, dos três ambientes, todos atirando nos homens de Marcello Bacchi, desviando convenientemente dos soldados de Aquino; Todos sabiam do plano, mas era necessário manter o silêncio para que não soubessem das reais intenções do núcleo-duro. Como estavam todos do mesmo lado, era um tanto complicado que "fogo amigo" não acontecesse: quem foi ferido não teve balas atingindo lugares vitais.

No meio da confusão, Ivan ameaçou correr atrás do trio, mas o advogado conseguiu dar outro tiro na direção do amigo; que retornou, percebendo que precisavam recuar da mansão para atacar novamente.

- Eles não vão escapar! - gritou para Bacchi - Melhor cercá-los perto da vila!

Vittorio e Bertinelli fugiram pelo mesmo lado, passando por dentro da região de mata fechava que circundava a residência dele no Complexo; eles conheciam o caminho bem: após a mata, havia uma cerca onde eles teoricamente não poderiam passar - mas funcionários do condomínio costumavam adentrar por algumas entradas específicas, destinadas a colaboradores. A entrada foi proibida quando Vittorio subiu o Complexo; mas jamais fechou a saída.

Era um homem prevenido.

Olhou para o advogado, e cada um seguiu para um canto, assim que a porta se abriu. Bertinelli já tinha destino certo: um carro o aguardava na Vila de Praia do Forte, e ele iria à Salvador. O carro não tinha nenhuma informação de que pertencia à máfia; estava plotado como um táxi, destinado a um para um resort da empresa rival do Grupo Santini.

Vittorio foi até a Vila, mas não tomou carro algum: correu até a praia, onde um barco o esperava, com alguns de seus soldados mais fieis e rastreadores de Ivan Aquino.

Giancarlo fez um outro percurso: seguiu pelos fundos da mansão chegando até a floresta, mas não foi até a porta de saída do condomínio: caminhou escondido pela floresta, até se aproximar de um lugar próximo ao reservatório de água que alimentava parte das casas no condomínio. Olhou para o chão, onde havia uma espécie de tapete de folhas, e mexendo nesse tapete, ainda sentindo dores no ombro, onde Ivan Aquino o atingiu, ele encontrou algo similar a um bueiro, mas com uma alavanca - parecia uma escotilha de submarino.

Controlou a dor mordendo o lábio inferior.

- Esse festim está mais para bala de verdade, cazzo!

Girou a alavanca e ouviu o barulho de algo destrancando. Abriu com esforço, sentindo a dor piorar, e percebeu uma escadaria.

Assim que adentrou o que imaginou ser um túnel, fechou o acesso àquele esconderijo, e deu algumas voltas na alavanca interna, trancando novamente. O problema era apenas o tapete de plantas, que não estaria mais em cima do falso bueiro - a ausência do disfarce correria o risco de expor o túnel. Por isso, assim que chegou ao chão do túnel, apontou a arma para a alavanca e atirou várias vezes, descarregando o pente de balas, até notar que a alavanca parecia torta.

- Vamos, vamos logo! - buscou mais um cartucho e recarregou a arma.

Continuou atirando até perceber não apenas a alavanca torta, como também a engrenagem que ajudava a girá-la meio travada. "Espero que tenha dado certo", pensou Giancarlo, antes de subir novamente as escadas e mover a alavanca, sem sucesso. Sorriu, finalmente voltando ao túnel e caminhando pelo local que Ivan Aquino lhe havia explicado, seria a sua segurança nos próximos meses.

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