25 - Efeito Colateral

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— Mas é como eu digo, um problema de cada vez. A correria pode ter acabado, mas ainda temos coisas pra fazer.
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Ao acordar, percebi que estava em um quarto de hospital menos futurista do que eu imaginava. Até que e ao me mover um pouco para me ajeitar, fiquei extremamente grato por não estar de barriga para cima e por não ter ninguém ali. Por isso, sentei e respirei devagar, tentando me acalmar.

— A metade de cima já acordou? — Wendy espiou pela porta e entrou.

— Como é? — Perguntei, me aproveitando do lençol.

Ao mesmo tempo, vi que a ruiva já de banho tomado, usava uma blusa branca e uma calça cinza em tom claro, feita com tecido mole, um tipo de roupa para pacientes, a qual eu também usava. Como eu detestava usar aquilo... Aquela coisa deveria ter sido inventada somente para mulheres.

— Só pra constar, quem te virou fui eu. A propósito, de nada. — Com isso, em uma situação normal, Wendy deveria quase me fazer ter um ataque cardíaco, mas eu estava estranhamente confortável com a presença dela, mesmo naquela situação.

— Valeu...

— Quando acordei, reparei que você estava assim... Pensei no mico que seria se a Grace ou outra pessoa chegasse aqui, então fiz o favor de levantar e te virar de lado antes de sair do quarto, o que já tem quase meia hora.

— Valeu mesmo. — Me mantive frio.

— De nada, eu... — Ela virou o rosto para o lado. — Já ouvi que é comum os homens acordarem assim, então acho que não posso te chamar de tarado, mas tenta ficar numa boa aí, daqui a pouco chega alguém pra te ver e você vai ter que levantar.

— Eu sei, só que... — Olhei para o lado e fiz uma cara feia.

— O quê?

— Sei que esse tipo de coisa parece engraçada, mas tenho péssimas experiências com isso. Quando era menor, a minha mãe ficava me mostrando como um tipo de troféu. Teve uma vez que ela me puxou e baixou as minhas calças na frente de uma amiga, só pra me exibir e falar que eu iria "fazer sucesso". — Tentei controlar a raiva.

— Nossa, não entendendo porque fazem isso, acho a maior falta de respeito com os garotos, mesmo quando pequenos.

— Eu tinha 12 anos... — Levantei o rosto e a encarei com olhos raivosos.

— Credo... Ai, nem sei o que dizer, sinto muito. — Wendy fez uma expressão de pesar.

— Eu não sei porque contei isso. Me sinto estranho, mas também sinto que posso me abrir com você. — Desviei o olhar e ela veio até mim, se sentando ao meu lado.

— Pode se abrir sempre que quiser, mas não fica assim, sei que sua mãe é doida e nem imagino o que você deve ter passado, mas semana que vem é seu aniversário de 18 anos e vai virar legalmente um adulto, então vai poder sair de casa sem que ela mande a polícia atrás de você.

— Não duvido que isso acontecesse. Quase aconteceu no dia do ataque na escola.

— Por causa de 1 hora de atraso? — Não dava para ver seu rosto, mas tinha certeza de que Wendy estava fazendo uma careta.

— Sim...

— Mas é como eu digo, um problema de cada vez. A correria pode ter acabado, mas ainda temos coisas pra fazer, então é melhor... — Wendy dizia, enquanto levantava e passava ao meu lado, mas escorregou em alguma coisa e ao tombar, rapidamente segurei sua cintura e as costelas, a fazendo soltar um gemido.

Livro 3 - O Resgate da Mãe AborrecidaOnde histórias criam vida. Descubra agora