— Não subestime uma garota nerd com esses poderes. — Karin levantou a mão e a fez se tranformar, alternando em diferentes formatos.
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Na segunda à tarde, Karin e eu estávamos ajeitando nossa "sala de lembranças", que basicamente era um cômodo razoavelmente pequeno que não estava sendo usado e convenci a dona da casa para convertê-lo em uma sala de recordações das nossas missões. Quase toda equipe de super-heróis tinha um lugar assim e achei que já estava na hora de termos uma também.
Então, tiramos o pó e pusemos uma estante, reunindo os itens que tínhamos para pôr na prateleira, uma coisa de cada evento. Skyler havia pego uma pedra de um canto mal acabado do trabalho de reconstrução na escola, simbolizando o ataque de Zirck. Já Grace, conseguiu um dos dentes do devorador que matamos em Enosiac.
Sobre o resgate da psíquica kryniana mais famosa que conhecíamos, tecnicamente Husky era a lembrança, mas preferimos usar os pelos sintéticos de um dos casacos que usamos naquela missão, que ficava como um colar espalhafatoso em um busto de manequim pego na sala de roupas, o que ficou estranhamente legal.
Wendy havia cravado um punhal dos Verdadeiros numa vasilha de barro cheia de argila que Dave pegou em algum lugar, mas o que nos surpreendeu foi ele achar um pedaço da lataria que se desprendeu do ônibus e caiu do desfiladeiro após nossos esforços para segurá-lo naquela vez.
Grace também reaveu os celulares após vasculharem o hospital, então recuperamos as fotos, onde escolhemos a no Mirante do Leblon, comigo protegendo os olhos de Skyler e a ruiva ao meu lado fazendo careta, enquanto uma mão era visível atrás dela, certamente do ladrão que pegou o aparelho e saiu correndo pouco depois. De acordo com Wendy, aquela era a melhor foto possível para representar o Rio.
Matt também contribuiu ao nos dar um capacete branco que guardou do ataque dos clones e revirou o lixo para achar um pedaço do cabo que prendia o braço da minha mãe naquela maca voadora, o que foi bem inesperado.
E seria apenas isso, se Azrael não tivesse uma garra de ghoul que ele guardou para si e já que todos os ghouls foram incinerados... O elemental mercenário nos "cedeu" a garra por 100 dólares, após Grace pechinchar dos 150 iniciais que ele queria.
Já por último e provavelmente a mais importante lembrança em minhas mãos, a foto que Grace tirou da pequena morfadora me abraçando. Olhando direito, ela estava magra devido aos dias se alimentando mal naquele contêiner, mas mostrava sua felicidade ao me agradecer com um abraço, o que com certeza nunca iria esquecer.
— Não importa o que digam, o castigo que você sofra ou quantos criminosos você matou, você é um herói Thomas. Nunca se esqueça disso. — Karin pegou no meu ombro ao me ver olhando para aquela foto.
— Eu não vou... — Olhei para baixo e pus a foto numa moldura, a deixando bem no meio daquela estante, para ser a primeira coisa que veríamos ao entrar ali. Então, apenas saímos do cômodo, apagando a luz e fechando a porta.
Wendy e eu ainda não estávamos bem e não deveríamos usar energia por alguns dias, então apenas continuamos ajudando a baixinha com os treinos de telecinese, enquanto Peter estava em Enosiac, se explicando para Kenan e provavelmente um certo mercenário que deveria estar lá também.
Já Matt, fazia algum treino um pouco mais delicado na sala ao lado da academia. Ao que parecia, pouco antes da invasão ele foi praticamente humilhado por uma garota no 3° laboratório e apesar de não querer falar sobre isso, estava buscando formas de se aperfeiçoar, mas sem ter aquela ideia de rivalidade, o que era muito bom.
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Livro 3 - O Resgate da Mãe Aborrecida
Science FictionApós uma traição vinda de uma das pessoas que menos esperava e com a equipe agora desfalcada, Thomas recebe a mensagem do alienígena que sequestrou sua mãe, marcando o local da troca, a cidade do Rio de Janeiro. O resgate? Um amuleto que põe em risc...