30 - O Presente é Você

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— Não importa o que os outros digam, eu te amo meu filho e tenho muito orgulho do homem que se tornou.

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Após sairmos de casa, fomos para o ponto de ônibus e meia hora depois, chegamos no centro de Piperville, onde me sentia estranho com aquela situação e o fato de nem lembrar a última vez que saímos juntos, ainda mais para nos divertirmos.

Andamos por alguns minutos, até que chegamos na praça, onde meu pai se sentou em um banco e fiz o mesmo sem dizer nada, enquanto víamos o anoitecer e alguns pais saindo com suas crianças, ao mesmo tempo em que jovens começavam a chegar com amigos ou mesmo sozinhos para usar a internet grátis.

— Lembro quando você era pequeno, bem pequeno, quando ainda cabia aqui. — Ele apontou para o pescoço. — Eu saía com você na rua e dizia que você era o melhor menino do mundo. Segurava suas pernas no meu pescoço e mesmo com medo de altura, tinha confiança pra soltar as mãos e rir, dizendo que era um gigante.

— Eu não lembro como era. Só tenho uma vaga lembrança de estar assim com você, mas é como uma foto borrada pela luz.

— Você dizia que quando estava em cima de mim, era maior do que todo mundo e eu imaginei que um dia realmente seria maior do que todos, mas não no sentido de altura, sempre soube que você tinha algo de muito especial. Desde que peguei você no colo pela primeira vez, quando aquela mulher alta me entregou aquele bebê...

— Essa mulher era loira? — Quase perguntei se ela era azul, mas preferi mudar.

— Sim... Imagino que já a tenha conhecido. Ela disse que se chamava Kara e me entregou aquele amuleto, avisando para dá-lo à você na adolescência.

— Pai, você é meu pai e isso nunca vai mudar, mas preciso saber... Eu sou mesmo seu filho de sangue? — Fiquei com os olhos marejados de tamanha emoção que senti ao pensar mais uma vez naquilo.

— Por que essa pergunta?

— Eu confrontei ela sobre isso há algum tempo e ela me disse que Thomas Morrow era seu filho. E que com minha mãe tendo feito aquela cesariana que nunca explicou direito o motivo, eu pensei que isso abrisse uma brecha na informação...

— Que nosso filho morreu no parto feito as pressas e pouco depois, aquela mulher apareceu com um bebê recém nascido para substituir o que perdemos? — O homem baixou a cabeça, enquanto pessoas passavam.

— Desde aquilo, me pergunto isso e descobri que sou muito mais especial do que pensava. Ao ponto de ser muito difícil eu ter um simples gene recessivo e bem mais provável ter o sangue puro... — Não tive coragem de encará-lo, mas podia ver que ele mantinha a cabeça baixa e as mãos apertadas.

— Não... Você é mesmo meu filho. — Ele tirou um peso dos meus ombros. — Sei que não nos parecemos, já que sou negro e baixo e magro e você moreno, alto e forte. Mas eu não parecia nada com meu pai, puxei a minha mãe, enquanto você é quase uma cópia dele, o que sempre me surpreendeu muito.

— Entendo... Fico muito feliz em saber disso.

— Desde criança, ouvia meu pai dizer que nossa família era especial, mas eu nunca soube o motivo exatamente, apesar de já tinha ouvido uma história sobre uma vez que ele havia levantado e virado um carro para ajudar adolescentes que haviam sofrido um acidente, mas era aquele tipo de coisa que não se leva a sério.

— Isso explica muita coisa. Considerando a idade que ele devesse ter, talvez fosse um sobrevivente que passou a viver no anonimato.

— Como assim? — Meu pai ficou curioso.

Livro 3 - O Resgate da Mãe AborrecidaOnde histórias criam vida. Descubra agora