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Como eu posso ajudar uma adolescente sem pais, família e amigos a ser mãe? Eu não faço a mínima ideia de como uma mãe deve ser. Não uma mãe nas condições da Camila.

Ser mãe nas circunstâncias em que a minha mãe foi não deve ser difícil, ela era rica, podia ter a babá que quisesse, trabalhava por puro luxo de se ver livre dos filhos e do marido e fazia o papel parecer tão simples como observar uma gota de água caindo da biqueira da pia.

As palavras da Dona Karen ficaram presas em minha mente. "Quero que ajude a garota".

Eu consegui documentos para ela e seu filho isso não é o suficiente? Quer dizer, eu também dei a ela um emprego...

Olhei para a sala ao lado da minha no escritório e avistei Maia lendo um papel qualquer sobre algum de seus processos chatos.

Fui até ela e me sentei em frente a sua cadeira.

– Diga, admirador. - a ordinária nem se quer desviou os olhos do papel. Isso não me abala.

– Eu quero te fazer uma pergunta.

Maia me olhou por cima dos papeis em sua mão com uma sobrancelha arqueada.

– Não vamos dormir juntos de novo, Mendes.

– Não é esse tipo de pergunta, Micols.

Voltou a olhar para seus papeis apenas para mostrar desinteresse por minha presença, mas eu sabia o tamanho da sua curiosidade.

– Você é mãe, certo?

– Ok, vamos voltar ao assunto dormir juntos. - murmurou.

– Eu estou falando sério, Maia. - revirei os olhos.

– Vamos lá, querido. Vá direto ao ponto, o que quer de mim e dos meus filhos?  - me encarou após deixar seus papeis tediosos sobre a mesa.

– Eu me meti em uma enrascada... como posso ajudar uma mulher a cuidar de um filho.

– Você engravidou alguém?

Porque todos pensam isso?

– Não, mas eu cometi o grande erro de aceitar ajudar uma mãe pobre, abandonada e sem nenhuma estrutura financeira.

Sem qualquer tipo de estrutura.

– Meu pai, quem é essa garota?

– Não interessa, eu só preciso da sua ajuda.

– Caramba, você está apaixonado? - arregalou os olhos. – Da pra ver os corações saírem dos seus olhos quando pensa nela. - zombou. – Poxa, Shawn, logo uma mãe solteira sem dinheiro e sem ninguém?

– Vai me responder ou não, Maia? - perguntei já impaciente.

Até parece que eu me apaixonaria por Camila. Isso é totalmente fora de cogitação.

– Eu adoraria te ajudar... mas eu não sei. Ser mãe quando se tem babás não é tão difícil assim. Gosto de ver meus pestinhas e gostava de amamentá-los também mas, eu raramente troquei fraldas, por exemplo. Eu deixava isso com meu ex-marido.

– E como foi quando vocês se separaram?

– Eles já não usavam mais fraldas quando o divorcio veio... - brincou.

Bufei. Eu queria uma ajuda e achei deboche. Maia não estava me ajudando, ela estava se divertindo com minhas perguntas inusitadas.

– Ok, vamos lá. Ser mãe não é um mar de rosas como pintam ser por aí... Nós precisamos de apoio emocional, alguém pra dividir o fardo com a gente e de um pouquinho de atenção. Não é tão difícil esquecer de comer quando se é mãe. - talvez seja por isso que, mesmo tendo comida, Camila continua a emagrecer. – Cuide dela, amigo. Se você cuidar dela já estará a ajudando a ser uma mãe 100% melhor.

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