12.

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– Pai. - chamei assim que ele me atendeu.

– Diga, filho.

– O senhor é o melhor, não é? - exitei. Esse é o tipo de pergunta que faria meu pai me perguntar se eu estou drogado.

– Que isso, Shawn? - pareceu surpreso. – Está com algum problema? Quer que eu chame sua mãe? - claro, ele nunca soube resolver.

– Não. Eu preciso do senhor.

– Estou aqui, meu filho. - sua voz era um misto de preocupação e felicidade, talvez por eu estar, finalmente, pedindo a ele alguma coisa.

– Preciso que assuma um caso para mim.

– Filho, eu não trabalho com empresas... - advertiu.

– Exatamente por isso que eu não posso pegar o caso. - e porque eu quero estar livre para dar um soco no tal do "homem".

– Me explique a história. - ele se interessou. Ponto pra mim.

– Tenho uma garota que foi mantida em cativeiro por, pelo menos, oito anos e hoje fugiu, conseguiu - consertei. – fugir com o filho e eu quero prender o desgraçado.

Ouvi o sibilar de mamãe no outro lado da linha e suspirei. Ela sempre está por perto para intermediar nossas possíveis discussões. O problema é que eu sou muito igual ao meu pai.

– Mamãe sabe quem é, peça a ela que lhe conte a história de como conheci a garota, sim?

– Estarei aí ainda esta tarde, Shawn. - desligou.

– Pedindo arrego pro papai, em... - Maia provocou escorada no batente da porta.

– Não enche, Maia.

– Só queria entender o porquê você ligou pra ele se tem uma criminalista na porta ao lado. - ela tentou não soar ofendida, mas eu feri seu ego quando não lhe pedi ajuda.

– Achei melhor não te envolver nesse caso, só isso. - dei de ombros e fingi ler um dos papéis que estava em cima da minha mesa.

– Legal, estou com tempo. - sentou-se na cadeira à minha frente. – Pode me contar sobre esse caso aí. - suspirei.

– Eu acho melhor...

– Caramba, Shawn. Fala logo, tem a ver com a Camila?

– Por que você seguiu o ramo criminal? - perguntei realmente ansioso pela resposta.

– Ah, eu gosto da adrenalina maior que isso me proporciona. - deu de ombros.

O caso de Camila mexeu muito comigo, imaginei o quanto mexeria com ela já que, como mulher, poderia sentir ainda mais a dor da menina.

– Camila foi vendida pelo pai aos nove, estuprada, mataram alguns de seus filhos e ela fugiu depois de ameaçarem matar Miguel. - sua boca se abriu, incrédula. – Não quis te dar o caso porque achei que seria muito doloroso e - sua mão se levantou em um sinal para que eu me calasse. Obedeci.

– Dispense seu pai. Eu faço questão de assumir o caso. - seus olhos se escureceram e, antes que eu pudesse pensar em dizer alguma coisa, ela se levantou e deixou minha sala.

Não sei se dispensar meu pai vai ser uma boa ideia, mas com certeza prefiro lidar com ele a enfrentar Maia depois que vi a determinação estampada em seus olhos.

– Pai? - ele atendeu no segundo toque da chamada.

– Por que não me contou antes sobre ela? - sua voz era calma, bem diferente do que eu esperava.

O RecomeçoOnde histórias criam vida. Descubra agora