21.

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– Camila, você alega que meu cliente é o pai do seu filho, correto?

Seus olhos buscaram os meus mais uma vez naquela manhã me pedindo uma mínima confirmação de que estava tudo bem.

– Sim. Ele é o pai do meu bebê. - fechou os olhos.

– Pois bem, senhorita. Há uma explicação para esse fato? - o olhar questionador dela dizia tudo o que ele precisava saber no momento. – Como pode alegar com tanta certeza que ele é o progenitor?

– Bem, porque e-ele - gaguejou. – ele o colocou em mim.

– No entanto, senhorita Cabello, sua acusação é falsa. - distribuiu envelopes pelo tribunal antes de completar seu ataque.

O juiz, assim como a bancada, lia com atenção o exame em suas mãos o que eu, particularmente, achei ridículo. Camila reconheceu o tal Karlos, não há dúvidas de que ele é o pai.

– Meritíssimo, - bradou vitorioso. – se o senhor abrir o envelope verá que ele consta a negativa da paternidade do meu cliente, Karlos. Isso decorre do fato, meritíssimo, de que meu cliente não obteve relação alguma com Camila Cabello sem os devidos cuidados anticoncepcionais e preventivos e - frisou. – meu cliente é impossibilitado de ter filhos. Ele é estéril.

Minha boca foi ao chão e voltou quando o juiz, acenando com a cabeça concordou que o exame, de fato, constava a não paternidade do sujeito. Olhei para Maia, ainda de costas para mim, com medo. A causa que estava ganha, de repente, se tornou complicada.

– Senhor Kalvin. - Maia andava despretensiosamente de um lado para o outro em frente a ele. – O senhor alega que não teve envolvimento com minha cliente sem o uso de contraceptivos. - ele balança a cabeça positivamente encarando-a. – Então não nega que já estiveram juntos, intimamente falando.

– Não, não nego que já tive um envolvimento com ela. - brincou com a aliança em seu dedo.

– E esse envolvimento ocorreu apenas uma vez?

– Não. - pude ver o vislumbre de um sorriso quando ele olhou através de Maia para mim. Cretino.

– Quantas outras vezes aconteceu? - parou em sua frente.

– Não sei ao certo.

– Me dê um palpite.

– Talvez umas vinte vezes. - coçou o nariz inquieto com o rumo da conversa.

– Certo. E essas vinte vezes aconteceram enquanto o senhor estava casado ou foi antes? - primeiro tiro.

– Antes. - sua resposta foi rápida. Quase ensaiada.

Olhei ao redor em busca de sua esposa ou de alguém que eu pudesse julgar como tal mas não encontrei ninguém. Por que ele mentiria se ela não estivesse por aqui?

Coçando a garganta ela continuou.

– Meritíssimo - se dirigiu ao juiz. – segundo as redes sociais do Senhor Kalvin, ele é casado há mais de dez anos e

– Protesto, meritíssimo. Ela não pode invadir a privacidade do meu cliente.

– Meritíssimo, as redes sociais estão abertas ao público, não houve invasão alguma. - rebateu com rapidez.

– Protesto negado. ‐ bateu o martelo. – Continue. - acenou com a mão para ela.

– Segundo as redes sociais do Senhor Kalvin, ele é casado com Linda Robert Kalvin há mais de dez anos. - distribuiu os envelopes. – Sendo assim, minha cliente obteve sua primeira relação com o mesmo antes de que completasse quatorze anos, a idade necessária para que tal ato não seja considerado ilegal.

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