Carioca Boys

Extra: Amigo fura olho

A vida de Jimin Oliveira nem sempre foi glamour, sucesso e muito couro. Antes de acender sua fogueira interior e se tornar um pequeno grande empreendedor e uma drag glamourosa, a vida lhe fez passar por situações piores do que perder a cola da peruca antes de uma apresentação.

Tudo começou com um rapaz chamado Guilherme. Ele era o dono do coração do Jimin de 18 aninhos, que ainda estava no último ano da escola e dava seus primeiros passos como cabeleireiro. Eles namoravam há pouco tempo, mas Jimin tinha aquela ideia romântica de que um dia eles iriam se casar e ter um lulu da pomerânia, isso morando numa casa linda igualzinha a casa da Barbie. Naquela época, Jungkook ainda não lhe chamava tanta atenção, ele ainda estava gestando Gracyanne e se dizia bicha de um homem só.

Jimin já trabalhava como cabeleireiro - ou quase - nessa época. Trabalhava com o namorado e fazia só as escovas mais simples, pois ainda não tinha finalizado seu curso na Embelleze e não tinha certificado, portanto, Guilherme deixava com ele as clientes que tinham menos chances de ficarem carecas acidentalmente, mesmo que Jimin tivesse um talento natural e dificilmente dava mole com o cabelo de alguém. Ele já amava todo aquele clima de salão, amava saber dos podres dos outros e ver a expressão satisfeita no rosto das clientes. Era mais do que óbvio pra ele que aquela era a carreira que ele queria seguir e estava mais do que feliz com isso.

Só que no meio disso tudo, tinha um pequeno grande detalhe sobre Guilherme: ele era uma das pessoas menos suportivas do mundo. Talvez seja difícil pensar que um dia Jimin já pagou pau pra um boy lixo, mas quem nunca foi enganado por uma barbinha feita e um sorriso bonito que atire a primeira pedra. O relacionamento dos dois era cheio de altos e baixos, pois Guilherme sempre dava um jeito de fazer alguma merda, seja um comentário escroto sem querer ou dar opinião que ninguém pediu sobre algo na vida de Jimin, isso juntando ao fato deles serem completos opostos só piorava o que já estava ruim.

Desde quando era uma poczinha mirim, Jimin sempre foi muito sociável. Ele conseguia se dar bem com as gay e até mesmo com os héteros; era amigo do pessoal do reteté e da galera que curte bater um tambor; das lésbicas caminhoneiras e das bichinhas mais pão com ovo num raio de dois quilômetros. Quanto mais cercado de gente, mais ele gostava. Mas a panelinha das drags do bairro era de certa forma especial, elas faziam com que ele se sentisse em casa, ou melhor, de volta ao útero de sua mamãezinha toda vez que se encontravam.

O problema era, como sempre, Guilherme. Ele nunca fez o mínimo de esforço pra ir nos shows das amigas de Jimin quando eles eram convidados. Na verdade, ele nem gostava que Jimin fosse se encontrar com elas por puro preconceito, pois era daquele tipo de gay que não gostava de dar pinta - mesmo que o as luzes no cabelo e lente feia verde que usava gritassem "eu dou muito o cu!" - portanto, achava as amigas drag de Jimin "um pouco desnecessárias", como repetia toda vez. Por esse motivo, Jimin passava um tempinho sem vê-las, queria manter um bom relacionamento com o namorado e evitava fazer certas coisas que pudessem gerar uma discussão.

Wilson e Tales, ou Verônika Califórnia e Ashley Kiss, eram um casal e os amigos mais próximos de Jimin depois de Hoseok, Namjoon e Jungkook. Ele se sentia uma bosta completa por passar semanas sem vê-los por conta das palhaçadas de Guilherme, mas sempre que tinha oportunidades de ficar longe de Guilherme por um tempo, Jimin corria para a casa deles pra matar a saudade e botar o papo em dia.

ㅡ Mas e aí viado, como vai o namoro com o heterozinho lá? ㅡ Wilson perguntou, ignorando todos os olhares de Tales que estava quase gritando para que ele não perguntasse sobre Guilherme. Jimin, que estava fazendo chapinha em Tales, deu de ombros, pois se parasse para pensar na situação que seu namoro estava acabaria queimando o amigo.

ㅡ Ai, bicha você me respeita, onde que eu namoraria hétero? Mas 'tamo na mesma, né. A gente discute por besteira, eu fico magoado, ele pede desculpa e fica tudo certo.