Alma Gêmea

Ele Pensa que sou ela

Diogo

As coisas estavam a correr incrivelmente bem, o André nunca mais se queixou, e pelos resultados dos últimos exames ele está bem melhor e isso era ótimo, eu estava a pensar em convidá-lo para vir viver connosco, mas não sei o que ele ia achar a cerca disso, pois estamos juntos á pouco tempo.

Era confuso para mim saber que são a mesma pessoa, às vezes penso que se nunca tivesse descoberto que seria melhor assim, pois sei que passo dos limites algumas vezes quando insisto em fazer algo com ele como fazia com a Mafalda, e ele fica chateado pela insistência, sem saber o real motivo.

Eu sei que ele não pode se recordar, mas uma parte de mim queria que ele lembrasse toda a nossa história, todo o nosso amor.

Eu acabava de entrar no quartel quando vejo Fernando a olhar para o Bernardo, então aproximei-me devagar.

Diogo- Cuidado se continuares a olhar de forma tão intensa ainda feres os olhos.

Ele virou-se dando-me um pequeno empurrão.

Fernando- Não sejas idiota, não sei do que estás a falar.

Diogo- Tu sabes bem, vai falar com ele, ele não morde. Eu acho.

Fernando- E vou dizer o quê, desculpa ter sido um idiota estes anos todos e obrigado por me respeitares sempre e nunca teres contado nada, sobre o que houve.

Diogo- Sim acho que é o discurso perfeito, e tenho a certeza que ele vai desculpar-te, ele é boa pessoa.

Fernando- Talvez sim, talvez não, é melhor deixar as coisas como estão.

Diogo- Fernando meu amigo, tu não podes continuar a viver uma mentira, tu mereces ser feliz também, tens que sair divertir-te, olha porque logo não sais connosco.

Fernando- Melhor não, não vou fazer de vela.

Diogo- Não o vais fazer, vamos um grupo grande sair.

Fernando- E onde vamos?

Diogo- A um espetáculo de drags.

Fernando- Diogo, nem pensar eu não vou a esses sítios.

Diogo- Tu não ias, mas agora vais, eu mando-te mensagem com a morada, vais adorar garanto-te.

André

Sentia o meu coração acelerado, mesmo sem ainda abrir o ficheiro, presente na pendrive, no entanto percebi ser um ficheiro de áudio, que brincadeira seria essa.

Escutei a porta da rua, então sem nem saber porque, tranquei a porta do quarto e coloquei os fones dando play ao ficheiro.

Parecia que conseguia escutar o som do meu próprio coração, comecei a ouvir diversos barulhos, até escutar duas vozes.

Concentrei-me no que estava a ouvir, e logo percebi ser a voz do Francisco e do Diogo.

Eu fiquei estático com o que estava a escutar, como assim eu era a reencarnação da mulher dele.

Que coisa mais louca, eu não conseguia raciocinar, nem pensar direito, que loucura, ele amava-me por achar que sou ela, como pode acreditar num absurdo desses.

Saí acelerado do quarto, ignorando a minha mãe, que começou a chamar-me, mas eu apenas bati a porta da rua e desatei a correr, sem saber para onde ir, a minha cabeça andava a volta, eu estava desnorteado, vários momentos nossos passavam pela minha mente, comecei a questionar cada atitude dele, cada vez que quis que eu experimentasse algo será que era porque a mulher fazia, como ele pode usar-me desta maneira.