Memórias

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Diogo

Assim que amanheceu tratei de arranjar-me e acordar a Daniela, precisa de encontrar a Ângela, quando olho o meu rosto no espelho pude ver o estado lastimável em que eu estava, sentia-me tão frustrado e com medo, desatei a chorar quando sentei-me na minha cama, apenas parei quando a Daniela tocou o meu rosto, eu nem havia visto ela entrar.

Respirei fundo e tratei de limpar as lágrimas, fazendo um sorriso forçado.

Daniela- Papá, tem calma vai ficar tudo bem.

Do que ela estava a falar.

Ela ajudou-me a enxugar as lágrimas, de novo repetiu que tudo iria ficar bem e eu então questionei-a.

Diogo- O que vai ficar bem meu amor?

Daniela- Nós papá, tudo vai ficar bem, o meu amigo disse-me.

Diogo- Que amigo?

Daniela- O Guilherme, o tio André, ele está bem ele vai voltar para nós.

Não sabia o que dizer apenas sentia que ela tinha razão, abracei ela forte e tratamos de nos vestir.

Assim que a deixei na escola a mesma abraçou-me forte e disse para ter calma.

Ela era tão pequena, mas tão inteligente saía mesmo á sua mãe.

Saí em direção ao quartel precisava encontrar ela rapidamente, mas infelizmente não estava lá.

Bernardo entretanto chegou, vinha com um brilho uma luz tão radiante se não fosse esta situação toda eu estaria pulando de alegria.

Ele viu a minha aflição então levou-me até á casa dela, tudo estava escuro, fartávamos de tocar, porém ninguém atendia.

Bernardo- Ela já devia de estar no quartel e o carro dela está na garagem, devemos chamar a polícia, ela pode estar mal.

Diogo- Se ela estiver mal, nós não podemos ficar aqui á espera, somos bombeiros e seus amigos.

Ele ia dizer qualquer coisa, mas antes disso já eu havia aberto a porta com um pontapé, entramos a correr pela casa vendo os cómodos quando escuto o grito dele a pedir para chamar uma ambulância.

Ela estava pálida sobre a cama, completamente imóvel, alguns desenhos sem sentido, tentamos que ela abrisse os olhos, porém, nada adiantava.

Fizemos o que podíamos e então quando a ambulância chegou acompanhámos eles até ao hospital informando de seguida o Francisco que já nos esperava.

Antes de entrar na ambulância peguei aqueles desenhos todos podia ser que tivessem algum significado pelo menos era isso que esperava, por mais assustador que estivesse tudo tentava focar-me nas palavras da minha princesa.



André

Tudo parecia irreal, aquelas imagens todas, o meu casamento, o meu parto, a primeira vez que os nossos olhos se encontraram, cada beijo cada declaração de amor, mas cada lembrança deixava-me sem energia, como se meu corpo desistisse, mas eu apenas focava-me no que ele dissera, a escolha é minha e eu escolhi viver, fui recordando, cada gargalhada, cada abraço cada sonho. Pude ver amigos, pude recordar a conversa que tive com Fernando sobre o amor que ele sentia por Diogo, sentia-me pleno sentia-me em paz, ignorava a dor e apenas queria recordar, mas não só lembranças da minha vida vieram á tona, fui recordando outros corpos outras vidas, mas sempre ele e eu, sempre juntos nós estávamos destinados e agora tinha a certeza disso, fui também lembrando momentos desta vida, da minha mãe, uma mãe que sempre quis ter mas enquanto Mafalda nunca consegui, eu precisava viver, eu tinha que lutar a minha família os meus amigos precisavam de mim.

Alma GêmeaOnde histórias criam vida. Descubra agora