Guiado Pelo Medo

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Diogo

Porque eu sou tão covarde, porque preocupa-me tanto o que os outros possam dizer, devia de ser mais importante ser feliz, ou não.

O André continuava a não querer falar comigo, e é claro tem toda a razão.

Fernando- Eu posso não perceber muito bem o que estás a sentir, mas acho que o outro está muito errado, é tudo novo para ti ele devia de ter calma e paciência isso sim.

Fernando entregou-me uma cerveja, talvez ele tivesse razão o André devia de entender o meu lado, nunca vivi nada desta forma, mas ele também não no entanto luta sem medo.

Diogo- Não sei o que pensar, talvez devesse ir ao hospital falar com ele.

Fernando- Onde está o teu amor-próprio, já faz dois dias seguidos que vais ao hospital ficas lá várias horas e ele não aceita falar contigo, respira, relaxa por hoje e tentas de novo amanhã, às vezes o melhor é um pouco de desprezo.

Diogo- Tens razão, vou apenas tentar abstrair-me disto tudo por hoje e apenas focar-me no trabalho.

Fernando- Fazes muito bem, e olha que tal eu hoje ficar com a menina, assim podes sair e descansar pois estás a precisar.

Diogo- Sério não importas-te?

Fernando- Claro que não adoro ficar com a minha macaquinha.

Diogo- Obrigado meu irmão não sei o que faria sem ti de verdade, obrigado por estares sempre lá para mim.

Ele então abraçou-me e fez algo inesperado disse me ao ouvido que estaria sempre aqui para mim e então beijou-me no rosto, achei tudo um pouco estranho, mas optei por apenas ignorar.

O dia hoje estava demasiado tranquilo no quartel, não que eu desejasse alguma catástrofe, mas preferia manter a cabeça ocupada para não pensar nele. No último olhar que ele deu-me repleto de desilusão, será que havia alguma possibilidade de ficarmos bem.

Os meus pensamentos são interrompidos pela Ângela, ela consegue ser tão inconveniente, não percebe que eu quero estar sozinho.

Sentou-se mesmo á minha frente, no entanto nada disse apenas observava-me, o que era ainda mais estranho que o habitual, pois ela fala pelos cotovelos.

Diogo- Sim, está tudo bem? Precisas de alguma coisa?

Ângela- Eu não, no entanto tu sim.

Diogo- Sim preciso mesmo, de ficar só sem uma doida a olhar para mim.

Ângela- Diz me porque o diferente, assusta-te tanto.

Diogo- Tu não assustas-me apenas irritas-me.

Ângela- Será ou o que te irrita em mim é a coragem que eu tenho para ser eu mesma sem preocupar-me com o que os outros dizem.

Diogo- Que queres dizer com isso?

Ângela- Sabes muito bem, vocês todos chamam-me de doida, louca, estranha, no entanto eu aqui estou sentada contigo, a sorrir e sendo eu mesma, enquanto tu preferes ficar escondido no teu canto em vez de dizeres ao mundo quem tu és de verdade.

Diogo- E quem eu sou de verdade?

Ângela- Alguém que se sente sozinho, com medo de ser julgado, de ser abandonado, com aconteceu outras vezes.

Ela não podia saber de algo tão íntimo, nunca contei a ninguém nem ao Fernando.

Ângela- Tens tanto receio que as pessoas todas deixem-te e julguem-te que optas por parecer um homem duro, rígido, e que prefere perder a pessoa que ama.

Alma GêmeaOnde histórias criam vida. Descubra agora