Sem Despedida

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Capitulo Revisto


Diogo


O Fernando quis logo que eu contasse-lhe onde havia passado este tempo todo, ele às vezes conseguia ser bem invasivo e inconveniente, até tentou dar a entender que talvez eu estivesse vendo alguém, com a minha filha ali bem do lado.

Diogo- Deixa te de tretas, estás parvo claro que não ando a ver ninguém, anda Daniela pega nas tuas coisas e vamos embora, que o teu tio Fernando não está bom da cabeça.

Ela na maior inocência começa a rir e faz o que digo-lhe, despedindo se dele chamando o de doido.

Fomos para casa e ela no carro pergunta me se eu vou dar-lhe uma nova mamã.

Diogo- Não meu amor, mãe só temos uma e a tua está num local muito especial protegendo-te e cuidando de ti.

Daniela- Eu sei, mas vais ter uma nova namorada?

Diogo- Não amor nada disso.

Daniela- Mas o tio Fernando disse que....

Diogo- Princesa, esquece o que ele disse, somos só nós os dois não tenho namorada nenhuma está bem.

Daniela- Sim.

Rapidamente mudou a conversa para algo mais divertido contando sobre as amigas da escola e como os rapazes às vezes eram brutos e esquisitos o que arrancou-me umas boas risadas ela tinha o mesmo espírito da mãe era forte eu gostava disso, tinha a plena noção que iria dar-me muito trabalho no futuro.

Após deitar ela na cama, desci á sala e peguei na garrafa de whisky, para afogar um pouco a tristeza, como fazia diariamente, mas hoje essa vontade não existia, eu sentia me calmo e tranquilo, então optei por fazer um chá e sentei me no alpendre como tantas vezes fazia acompanhado da Mafalda, a ver as estrelas, como desejava que ela estivesse aqui.

No dia seguinte deixei a Daniela na escola e voltei a casa para mais umas quantas entrevistas, e acabei escolhendo uma delas, tinha já experiência, estava na faculdade fazendo apenas o turno da manhã era ótimo.

Diogo- Jéssica, acho que és ideal, quando podes começar?

Jéssica- Como disse-lhe tenho aulas no turno da manhã, mas posso começar hoje á tarde.

Diogo- Ótimo, então á tarde encontramos nos aqui por volta das dezassete horas.

Jéssica- Combinado.

Ela saiu, não pude deixar de notar que era uma bela rapariga, já estava pronto para as piadas do Fernando, só de pensar em ver ele hoje sinto vontade de socar a cara dele.




André


A minha mãe tinha estado lá na parte da manhã e disse-me que convenceu a Helena a voltar a casa, que quando eu tivesse alta e voltasse nós iríamos conversar.

Não sabia como resolver essa situação, a minha mãe diz que nós estávamos bem apaixonados, que o motivo de estar na cidade era para procurar ter uma melhor vida para mim e para ela, no entanto não tinha lembrança nenhuma, nem da profissão que eu tinha muito menos da suposta pessoa por quem estava apaixonado.

Sentia me um pouco só, após ela dizer que tinha que sair para fazer alguns exames já que estava na cidade grande iria aproveitar e fazer um check up.

Francisco- Como está o meu paciente preferido.

André- Com vontade de sair, estou farto de estar nesta cama.

Ele olhou o relógio, saiu e voltou a entrar com uma cadeira de rodas.

Francisco- Anda senta-te, vamos aproveitar que ainda tenho tempo da hora de almoço e apanhar um pouco de sol.

Era tão bom apanhar ar puro, o sol na cara.

Francisco- Que tal, está bom aqui fora não está?

André- Está ótimo, muito obrigado.

Francisco- Não te habitues, que se os outros doentes sabem irão fazer me a folha.

André- Doutor.

Francisco- Podes tratar me por Francisco, já te tinha dito estás a vontade.

André- Como decidiste ser médico, fala-me mais de ti disseste que a tua história com o teu marido era longa aproveita que temos tempo.

Francisco- Bem por onde começar, para começo de conversa ele é o principal culpado por eu ser médico, pois o conheci aqui neste mesmo hospital, quando ele estava em coma eu tinha apenas quinze anos e fiquei apaixonado, e durante cinco anos dediquei me aos estudos queria encontrar alguma coisa sobre o coma, como ajudar as pessoas despertar elas, no entanto ele acordou um dia cinco anos depois.

André- Nossa parece um daqueles filmes românticos.

Francisco- Podia ser, mas acredita que tem bastante terror a mistura.

Ele foi contando-me sobre tudo o pai que estava vivo, a cunhada louca e ciumenta que não tinha morrido, eu ficava em choque em cada nova coisa que sabia.

André- Tu inventaste isso certo?

Francisco- Nada disso, mas sabes cada dor e cada sacrifício valeu a pena e ao longo dessa aventura fomos conhecendo amigos para a vida.

Ele pegou no telemóvel e mostrou me o marido Eduardo, e os dois filhos eram tão lindos pareciam tão felizes os quatro.

André- Nossa que história, obrigado por partilhares ela comigo.

Francisco- Não o faço com qualquer um, mas sinto que assim como eu tu também terás uma história de amor que irá valer muito a pena. E a falar em história de amor eu ontem depois de sair vi que tinha esquecido o telemóvel e voltei a passar pelo teu quarto estavas bem agarrado ao paramédico.

André- Han o quê não é o que estás a pensar.

Francisco- Eu não pensei nada, só disse o que vi.

André- Não foi nada de mais, ele estava triste ele ficou viúvo á pouco tempo e eu apenas o consolei.

Francisco- Muito bem, mas digo te já vocês os dois juntos combinam bastante e olha que raramente me engano.

André- Achas eu sou hétero.

Francisco- Como sabes, já te lembras?

André- Não.

Francisco- Então, vez tudo é possível.

André- Anda vamos voltar ao quarto que tu precisas ir trabalhar.

Francisco- Agora despachas-me, a verdade não te agrada, não penses em rótulos, sabes o meu marido também jurava ser hétero. (risos)

Após deixar-me no quarto, dei por mim a divagar e a pensar no paramédico e no que o Francisco dissera, seria eu bissexual, quer dizer eu acho que não, apenas é uma amizade a nascer só isso.

No entanto aguardei a tarde toda para que ele viesse só que nada dele aparecer.

Alma GêmeaOnde histórias criam vida. Descubra agora