Eu comecei a me sentir parte da família da Patrícia, sabe... Eu me importava com os moleques, me importava com ela e só precisava vê-los todo dia... Eu precisava deles todos os dias, só que a minha alma saiu do corpo na hora que a Patrícia disse ter tido uma sensação familiar comigo presente.
— É claro que eu te considero — ela sorri de um jeito agradável, lava suas mãos que estavam repletas do sabão azulado que o detergente produzia, se virando pra mim assim que pôde — Só que...
Me surpreendi ao ver seu rosto levemente corado quando ela me olhou, já entendi.
— Como um irmão mais velho, né? — Eu dei uma risada, tentando não parecer muito frustrado, não era assim que eu estava me sentindo a respeito mas com certeza era assim que ela se sentia!— a maioria meus amigos também me consideram desse jeito
Fui pegar outro prato pra secar quando tive minha mão interceptada pelas mãos geladas e meio molhadas da Miyazaki, me segurando com uma certa força, fazendo com que eu me curvasse um pouco e meu rosto ficasse na altura do dela.
— Mas eu não te considero assim — meu olhar de cruzou com o da garota, ela parecia meio determinada — Sabe... Você tá longe de ser um irmão pra mim
Ela disse isso com tanta firmeza que me deixou bobo, meu rosto involuntariamente esquentou e tomou um leve tom vermelho.
Meus pensamentos não estavam funcionando direito nessa hora, a porta da cozinha e eu dividiamos o mesmo neurônio, eu só fiquei mais de dez segundos encarando os olhos dela que nem tremia, senti como se pudesse desmaiar, os doces olhos castanhos dela pareciam girar na minha mente... Eu não sou dramático, isso realmente tá rolando.
— Patrícia — Digo me recuperando da loucura interna que eu tive, levando minha mão até seu rostinho delicado, acariciando sua pele delicadamente com o polegar — Você tá dizendo que...
Engulo seco e sou incapaz de terminar a frase, vendo os lábios de Patrícia se curvarem em um sorriso, tive certeza que ela não estava me achando um idiota agora.
— Quer que eu diga com todas as letras pra você? — ela pergunta sorrindo mas era apenas uma retórica — Eu gosto muito de você, Ken Ryuguji
Seu sussurro amável e decidido foi o fim da minha confusão, levei minha mão livre até sua cintura e a puxei pra um beijo bem cuidadoso, não parecia ser o primeiro dela e estava longe de ser o meu, queria dizer que foi perfeito e que nossas bocas pareciam até se conhecer... Mas... Foi o beijo mais desengonçado da minha vida, meu dente nunca tinha batido no dente de uma garota antes... Essa foi a primeira vez que isso aconteceu e depois disso não teve como beijar de novo por que a Patrícia caiu na gargalhada e eu por tabela cai também.
— Melhor beijo da minha vida — Miyazaki diz sem ar de tanto rir, me abraçando e afundando seu rosto na minha camisa, abracei a garota, ainda sem muito ar.
— Para de rir, caralho — Resmungo apoiando meu rosto no topo da cabeça dela, sentindo o cheiro gostoso de seus cabelos invadindo minhas narinas, eu acabei me esquecendo de tudo, do que estávamos fazendo antes e do que faríamos depois... Só esse momento parecia me importar, me deu vontade de simplesmente congelar o mundo nessa hora.
Nesses curtos instantes, eu tive um bom pensamento, na vida toda eu nunca tive dificuldade em responder quando uma garota se declarava pra mim ou pra guiar um beijo, nem no meu primeiro eu passei a vergonha de bater um dente no da garota... Mas justamente com a Patrícia isso estava acontecendo, e eu finalmente entendi a razão... A Patrícia me transforma, não definitivamente... Eu sou o mesmo cara que lá fora dá porrada em gente aleatória e anda de moto a madrugada toda, mas dentro dessa casa, na frente da Miyazaki, eu me sentia mais calmo e confortável... Esses sentimentos evoluíram demais.
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A Dama e o Dragão - Ken Ryuguji ( Draken)
FanfictionSerá que alguém é capaz de adentrar no feroz coração do dragão da Toman? Acho que não, mas é algo que é necessário testar... Talvez alguns doces ajudem.