A Patrícia voltou a trabalhar, bem menos agora, voltando a estudar habitualmente como se nada tivesse acontecido. O problema é que não dava mais pra reconhecer, nem a minha namorada nem a mim mesmo.Eu ajudei nos primeiros dias, mas ela mesma disse que não se sentia tão bem quando eu ajudava e me dispensou veementemente. Eu larguei o osso depois que quase brigamos.
Agia normalmente pra Toman, a gente estava com problemas em todos os âmbitos. Eu odeio ficar desconfiando das pessoas mas só de olhar na cara do Kisaki eu sinto arrepios.
Foda-se, eu estava me escondendo na casa da Patrícia nesse exato momento, rabiscando e um caderno velho da Mako enquanto usava uma caneta do Nicolas, eu rabiscava uma letra melancólica de merda enquanto afastava os fios de cabelo mal cuidados da minha cara, faz tempo que eu não faço nada nele as laterais, que eu geralmente raspo regularmente, já estão meio grandes e a tatuagem já estava mais difícil de ver do que normalmente é.
Era a primeira vez que escrevia alguma coisa sobre o que eu sentia no momento, mas era mais algo em relação a Patrícia... E a nós.
Pra minha surpresa, minha namorada chegou carregando um violão na caixa quando chegou.
— Comprou isso? — Tombo minha cabeça ao ver ela deixar a caixa em cima da mesa.
— Sim... Eu acho que dá pra comprar esse tipo de coisa agora — o olhar vazio dela se demora na caixa.
Seus olhos eram tão opacos que me lembravam tanto do Mikey em seus dias ruins, o problema é que... Dessa vez eu também tô sofrendo e não sei lidar.
— Tipo um presente de Natal para você mesma? — falo enquanto caminhava na direção dela, agarrando seu ombro e puxando minha garota pra perto, abraçando enquanto pouso meu queixo no topo de sua cabeça.
— É... Tipo isso — ouço ela suspirar e sinto pela oscilação de seu corpo enquanto a garota passa seus braços ao redor do meu corpo. — Mas eu queria te ouvir cantando pra mim... Faz isso no Natal?
Não dava pra recusar algo assim né.
— É claro, minha rainha — Seguro seu queixo com dois dedos e beijo sua boca com delicadeza, mesmo quase não sendo correspondido.
— Obrigada — ela suavemente me afasta e vai andando para outro cômodo.
O silêncio imperava na casa, era incômodo. Mas mesmo assim era menos pior do que o quê eu senti quando precisei ver algo sobre a Toman. O lado de fora era caótico e por alguns instantes eu fiquei tonto, mesmo sendo esse o mundo em que eu nasci e cresci.
Acho que essa foi a reunião de capitães da Toman que eu estava mais ríspido e agressivo, o Takemichi inventou de falar alguma palhaçada e eu quase desci a porrada nele, mesmo que eu entenda que ele estivesse falando alguma coisa sobre o Hakkai e essas merdas.
Não me entenda errado, o Hakkai é gente boa, mas eu não consigo nem me importar minimamente com os problemas dele. Tudo que eu mais esperava era que o Mikey mantivesse as suas emoções em um ótimo eixo, já que eu mesmo não tenho condições pra ajudá-lo agora.
Mas, aparentemente, ninguém notou o meu comportamento diferente. Acho que sempre ser um pouco mais calado ajudou nisso.
Bem... Eu digo ninguém, mas o Mitsuya, mesmo envolvido diretamente com o que quer que esteja acontecendo na vida do Hakkai, não parava de me encarar.Dando alguma desculpa pra não ir com eles a algum lugar, eu fui buscar minha moto, sendo surpreendido por Takashi que pareceu se transportar pra lá.
— O que foi? — perguntei enquanto procurava a chave da minha moto nos bolsos do casaco.
— Eu queria dizer que, se você precisar conversar, passa lá em casa... Eu não sei direito o que tá rolando mas você parece alguém que precisa desabafar — ele me oferece um sorriso gentil, aqueles que a gente precisa quando tá na merda.
— Talvez, essa seja a primeira vez que eu vá aceitar a sua oferta — forcei meu melhor sorriso, minhas bochechas doíam. Não fazia isso a tempos.
— Preocupante — ele dá uma risadinha sem jeito — a Mana e a Luna vão amar a visita...
Ele suspira ao ouvir alguma coisa a distância.
— Vai lá — Mitsuya concorda com a cabeça e se afasta depois que eu falo
Andei de moto por mais tempo que precisava, precisei de alguma calma pra voltar pra casa depois de ter visto um grupo de crianças voltando da escola... O pensamento de que os dois pequenos podiam estar ali no meio voltando pra casa em segurança acabou comigo.
— Voltei — Falo ao fechar a porta depois de entrar, sentindo um cheiro maravilhoso que me guia até a cozinha instantaneamente — o que tá fazendo?
Vejo minha namorada com os cabelos presos e avental, fritando alguma coisa.
— Rabanada, tô testando umas receitas... Umas clientes disseram que queriam pra esse Natal de novo — Ela suspira enquanto tira uma espécie de fatia de pão de dentro da fritura, pondo no papel toalha para escorrer.
— Nunca comi isso — Dou um beijinho rápido no rosto dela antes de me afastar do óleo borbulhante.
— Tem umas mais frias aí na mesa, pode provar — Ela diz indiferente enquanto põe mais fatias para fritar.
Pegando um pedaço, eu percebi que levava açúcar e canela em volta, ao morder foi muito gostoso. Era fofinho e doce.
— Isso é muito bom — Murmuro enquanto limpo o açúcar que sujou meu rosto.
— espera só pra comer quando fica pro dia seguinte — ela dá um sorrisinho mínimo enquanto me olha.
— Como assim? — dou um sorrisinho enquanto resisto a tentação de pegar mais alguma fatia que estava suculentamente me atormentando em cima da mesa.
— É a mágica da rabanada — a garota dá de ombros — ela fica melhor depois de passar tempo na geladeira.
— Eu quero isso — falo mas percebi a pilha de louça suja na pia, por isso, começo a lavar.
Ficamos mais quietos nesse meio tempo, puxando assuntos habitais e respeitando nosso espaço. Mas não conseguia deixar de reparar como as vezes o olhar da garota dos cabelos castanhos avermelhados ficava perdido, quase causando um acidente. Eu tive que cutucar ela várias vezes ou puxar algum assunto... Eu mesmo me puxei várias vezes nisso, quase causei uns acidentes de trânsito enquanto dirigia de volta.
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A Dama e o Dragão - Ken Ryuguji ( Draken)
FanfictionSerá que alguém é capaz de adentrar no feroz coração do dragão da Toman? Acho que não, mas é algo que é necessário testar... Talvez alguns doces ajudem.