Cão Arrependido

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Eu não gostei desse título!

Olha... Vocês podiam me deixar explicar o meu lado, eu não trai a Patrícia... Ou pelo menos não era minha intenção...

Vamos voltar pra manhã do festival, eu realmente falei pra Patrícia ficar em casa, mas o meu plano era ficar lá com ela e as crianças mas eu encontrei a Emma enquanto voltava da visita que eu fiz pro Pah.

— Draken! Ainda bem que eu te achei, ainda bem — ela parecia bem nervosa quando segurou meu braço.

— O que foi? — Arqueio minhas sobrancelhas, meio preocupado depois de tudo que tem rolado ultimamente.

— A Hina vai com o Takemichi no festival de verão — Ela choraminga e a minha cara deixa claro que eu não faço ideia do que ela quer dizer me falando isso — Você precisa ir comigo!

Ela pede olhando com uma cara de cachorro abandonado.

— Eu não tô afim, Emma — Falei desviando o olhar, eu nunca uso a desculpa "eu tenho namorada" ou afins, eu quase nunca cito que eu tenho uma namorada... Quem não me viu com ela na festa nem sabe que a gente tá junto.

— Mas... Mas... — ela olha em volta, eu não acredito que ela tá chorando agora, não é possível — e se acontecer alguma coisa? O Mikey vai com a gente mas se fizerem alguma coisa com ele, o Takemichi não vai ajudar muito!

Eu comecei a pensar sobre e... Eu acabei aceitando depois que ela insistiu muito sobre isso.

Eu não falei nada com o Mikey até o horário perto do festival, quando eu estava me arrumando que eu liguei pra ele e... O celular foi atendido por outra pessoa.

— Alôôô? — Uma voz de garota atende o telefone.

— Quem é? — pergunto sem entender, as únicas mulheres que podem ter atendido o telefone do Mikey são a Avó dele ou a Emma e a voz não é de nenhuma delas.

— Foi você que ligou — a garota ri, fazendo um barulhão no meu ouvido na hora — Manjiro, é o Draken!

Nessa hora ela parece passar o telefone, ela me reconheceu e eu não reconheci ela?

— Eai, Kenzinho? — Mikey diz, pelo som, ele deve ter se jogado no sofá assim que atendeu — Vai no festival hoje?

— A Emma me chamou pra ir... Eu acho que vou sim — Digo meio sem graça, já sabia que ele não ia gostar disso...

E sobre essa moral de "não trair a namorada" a culpa é meio que minha já que o Mikey não pensava nada disso antes de me conhecer.

— Você não constou isso pra Patrícia não é? — Mikey já perguntou isso com um tom mais pesado na voz, que inferno! Eu tinha que tornar ele responsável?

— Não — nego já envergonhado, mas... Eu não posso deixar a Emma ir sozinha.

Ele simplesmente desligou na minha cara... Depois disso vocês sabem o que rolou 

Mesmo depois de ter feito isso com ela, a Patrícia ainda me levou pra me recuperar na casa dela.

— Ei, não fica assim, os pontos podem estourar — Ela diz correndo até mim, eu tentei subir as escadas mas não aguentei de dor.

É uma coisa impressionante isso, eu sai do hospital de boa mas foi só a Patrícia me mimar um pouco que eu tô todo dolorido.

— Eu te ajudo a subir — Ela fez eu me apoiar em seu ombro e me levou pra cima lentamente.

Como a gente... Quebrou a cama do quarto de hóspedes quando eu fiquei aqui, a Patti acabou me deixando na cama do quarto dela.

— Isso dói — Resmungo quando ela aperta levemente a área do curativo depois de tirar a minha camisa.

— Eu sei — ela suspirou, dava pra ver na cara dela como estava magoada comigo mas nem por isso ela me deixou sozinho pra me cuidar — Vou limpar aí que nem a médica me ensinou.

Ela caminhou até a cômoda que estava encostada na parede e pegou uma sacola, de lá ela tirou álcool e uns outros trecos.

Era incrível como ela podia me deixar culpado com coisas simples, o fato de ela estar me tratando tão bem depois de eu magoado ela.

— Eu tô saindo — ela diz arrumando seus cabelos pra deixá-los bem presos e não soltarem durante o dia — Toma cuidado, daqui a pouco as crianças estão voltando, se precisar pede alguma coisa pra elas e... Tchau.

Ela saiu andando calmamente pra fora do quarto, eu fiquei esperando o beijo de despedida que ela sempre me dava mas não rola depois que eu vacilei.

A Patrícia só voltou pra casa bem mais tarde, enquanto isso os pirralhos ficaram me pedindo ajuda no dever de casa.

— isso aí é dois, moleque — estávamos discutindo sobre o dever de casa da Makoto

— claro que não! É sete, seu velho — ele tá teimando comigo!

A Mako ficou um tempão olhando pra nós enquanto mexia seus dedinhos várias vezes.

— quinze — ela murmura enquanto escreve.

— Caraca, moleque, eu não acredito que tu é mais burro que eu — falo pra Nicolas que fingiu estar fazendo redação

— Eu ainda estava mais perto que você do resultado certo! — isso nos fez discutir de novo

A Mako acabou terminando o dever de casa sozinha e o Nicolas ficou de pegar cola com alguém da sala no primeiro horário.

Quando a Paty chegou em casa ela parecia exausta, subiu direto pro quarto que eu estava e apoiou a testa na porta fechada, por um momento eu ouvi um soluço baixo mas ela se recompôs rápido ao lembrar que eu estava bem atrás dela.

— Como passou o dia? — Ela perguntou secando os olhos enquanto se aproximava de mim e levantava meu curativo sem muito cuidado.

— Doeu um pouco mas só um pouco antes da hora do remédio — Digo calmamente, tentando não deixar claro como que estava doendo a brutalidade das mãos dela nesse machucado.

— Que bom, você já vai estar melhor em umas semanas — Ela tirou o curativo de vez, limpou os pontos mesmo que eu tenha dito que podia fazer isso e deixou sem curativo, ela disse que era pra cicatrizar direito.

— Fica aqui um pouco... A gente tem que conversar — Digo isso enquanto ela parece pegar umas roupas voando no guarda roupa dela que estava caindo aos pedaços

— Eu não posso, Draken — Ela suspira, tentando melhorar a expressão cansada na frente do espelho meio oxidado que tinha do lado da porta — um pessoal vem aqui em casa e eu ainda tenho que ir no colégio pegar minhas apostilas... Não rola de conversar.

Na hora que a Patrícia fechou a porta ela parecia muito menor do que era, todos os músculos dela pareciam muito contraídos... Como se tivesse carregado muito peso.

Eu não consigo parar de pensar como que eu fui tão babaca com ela!

Mas bem, o pessoal que aparentemente veio aqui era o Mikey, Mitsuyia, Baji, e a digníssima que estava mudando até a cor favorita do Mikey.

Mas tipo, a Takara (ou Blue, foda-se) era escandalosa pra porra. Eu ouvi tudo que ela falava e só, eu só entendi que tinha um negócio que ela queria muito pedir pra Paty e aparentemente ela aceitou.

Fiquei me mordendo de curiosidade pra saber mas nem os pirralhos, nem o Mikey, nem a Blue e nem qualquer um dos arrombados que eu chamo de amigos me contaram o tinham combinado, a Patrícia muito menos já que ela chegou tão exausta que acho que ela nem tirou os sapatos, só se jogou no sofá da sala e dormiu até a manhã seguinte pra começar o dia de novo.


A Dama e o Dragão - Ken Ryuguji ( Draken) Onde histórias criam vida. Descubra agora