Meus Filhos

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Eu cheguei em casa me sentindo bem feliz, bem... Eh tinha feito umas coisas que não tinha me sentido tão confortável de fazer, sabe como é, eu sempre fui mais certa possível pra dar o exemplo pros meus irmãos... Bem, o máximo que eu pude pra sobreviver.

Assim que chegamos eu já achei estranho, as luzes estavam acesas e tinha um cheiro muito forte já na entrada. Segurei o braço de Draken com força e instintivamente levei minha mão na direção da cintura, sentindo um vazio ali ao perceber que tinha saído desarmada.

Tentei ser positiva, pensando "pode ser que seja o Nicholas tendo insônia de novo, ele pode estar fazendo um chá".

Mas assim que eu fui entrando já tive certeza que não era o meu irmãozinho muito menos a Mako, digamos que crianças não conseguem arranjar maconha tão facilmente.

— Uau, a minha filhinha está voltando pra casa uma hora dessas? — a voz rouca já me deu uma ideia de quem era.

Eu ainda não tinha visto o rosto dele e nem queria mas... Acabei vendo.

Ele estava muito diferente de uns meses atrás quando nos encontramos por último, ele não parecia tão miserável, estava limpo e arrumado, estava usando um casaco preto pesado com pelos em volta do pescoço... Parecia bem caro.

Eu me assustei ao ver uma mulher apoiada na minha bancada, não é por ela ser feia, mas ela era muito grande! Sério, ela tinha mais de um metro e noventa facilmente!
Tinha os cabelos grandes e pretos, o corpo maravilhoso e... Por alguma razão o rosto dela me lembrava alguém em particular, mas eu ignorei isso. Ela estava com um cigarro entre os lábios e uma cara bem feia... Eu realmente conheço essa cara.

— O que você quer? — foi o Ken que perguntou, eu me vi muito ocupada correndo escada a cima pra ver onde meus irmãos estavam.

Eu vasculhei o andar e não achei nem a Mako nem o Nicholas, já senti as lágrimas enchendo os meus olhos enquanto eu enchia o cartucho da minha arma.

Desci as escadas respirando fundo e tremendo que nem um animal com raiva, sério, eu acho que nunca senti algo assim... Era como se tivesse fogo circulando nas minhas veias no lugar do sangue... Era assustador.

— onde os meus irmãos estão?— perguntei entrando na cozinha já apontando minha arma na cabeça do meu pai.

— Ela é bem corajosa mesmo hein — a mulher grande da uma risada baixa e arrastada, não tremi mas cheguei próxima a isso.

— Eu disse que ela era — ele estala os dedos das mãos — com doze anos ela podia matar pessoas, é só dar a motivação certa.

— A motivação certa pra você é fazer mal pros seus próprios filhos!? — Grito isso e draken e a mulher dão um passo pra trás, mas meu pai não se afetou.

— Autola — ele levanta a mão nodosa na minha direção em um gesto calmo, mandando eu me calar — só a Makoto é minha filha de verdade...

Eu não deixei ele terminar e dei um tiro na parede do lado dele, teria acertado sua cabeça se Draken não tivesse desviado minha mão.

— Não faz isso, se ele morrer... A gente não vai achar as crianças — ele sussurra pra mim, pelo visto eles se falaram enquanto eu estava lá em cima.

— O que você quer de mim, não parece que precisa do meu dinheiro — Digo abaixando a arma mas não abaixando a guarda totalmente.

— Eu preciso dessa sua cara bonita, sua voz e sua incrível mira — nessa hora Engulo seco e faço um som pra interromper a fala dele.

— Não precisa falar mais nada — Levanto minha mão — só não fala mais nada

— Ah... Não quer que eu conte pro seu namoradinho que você não é a garota trabalhadora certinha que ele ama muito? — ele ri e eu me torno incapaz de olhar pro Draken de novo.

— Esse garoto cresceu em um prostibulo em shibuya, já viu coisa bem pior — a mulher apaga o cigarro na pia, eu estranhei ela saber sobre o Draken dessa maneira.

— Eu já mandei calarem a porra da boca de vocês — Digo lentamente.

A mulher e meu pai se levantam depois que o silêncio se torna palpável.

— Você sabe onde me encontrar — O homem diz no meu ouvido e passa por mim, a mulher passou em silêncio mas eu reparei como Draken olhava feio pra eles.

Assim que os dois saem eu sinto meus joelhos falharem e eu desmonto no chão chorando em desespero, meu namorado corre até mim e me abraça, me colocando em seu colo.

Dava pra sentir que ele queria entender o que estava acontecendo mas sua prioridade foi me aquietar, mas eu me sentia incapaz disso só de pensar que coisas ruins poderiam estar acontecendo com os meus bebês, eles são como filhos pra mim! Fui eu quem os criou e fui eu que me responsabilizei por tudo!

— Eles vão ficar bem — Draken disse subindo as escadas comigo nos braços, ele não fazia ideia de como eu estava sofrendo, ele não podia nem imaginar como eu me sentia, como se milhares de animais peçonhentos caminhasse dentro da minha pele, despejando veneno prontos pra me rasgar por dentro.

— Quem me garante? — Eu suspirei, nunca imaginei que ele voltaria a me procurar por isso... Muito menos que colocaria meus irmãos em perigo.

— Eu não sei — ele disse enfraquecido e me colocou na cama, meu rosto estava lavado por lágrimas e borrado pela maquiagem.

Ficamos em silêncio, não sabendo o que processar... Eu não parecia ter vivido o suficiente pra saber o que fazer nesse momento, nós não vivemos o suficiente... Só temos 16 anos.

16 anos... Como pode tudo isso acontecer em 16 anos, não só tudo que eu passei mas o que o Ken passou, o que o Mikey passou... É muito pra cabeça suportar.

— Você pode me contar o que ele estava querendo dizer lá em baixo? — ele finalmente perguntou sobre isso... Mesmo sabendo que viria eu não tava preparada, é uma sensação ainda pior do que quando ele soube que eu não estudava.

— Só se você prometer que não vai me odiar depois... — Digo me sentando e limpando meu rosto com as costas das mãos, eu precisava estar em alguma posição enquanto falava

A Dama e o Dragão - Ken Ryuguji ( Draken) Onde histórias criam vida. Descubra agora