"Droga", pensou.
Simón havia lutado contra si mesmo a cada passo que dera para fora do estúdio fotográfico. Ele não queria se afastar dali. Não queria se afastar de Ámbar. Ela prendia intensamente a atenção dele, como se o aprisionasse em seus encantos. Porém, o trabalho não havia dado nenhum descanso a ele.
Coincidentemente, quando mais Simón desejava internamente que o seu telefone ficasse em silêncio, sem ninguém o perturbando para resolver algum problema ou alguma emergência, menos ele conseguia. Parecia que todos haviam tirado àquela hora específica para falar com ele.
—Eu já disse que a reunião com o novo patrocinador foi ótima, mas eles têm uma condição, Benício, e eu estou tentando cumpri-la para não perdermos o contrato – disse Simón, cansado. Ele já havia repetido um milhão de vezes a Benício. – Eles querem uma modelo específica e, por sorte, ela está neste exato momento em uma sessão de fotos na cidade.
—Quem é a modelo? Quer saber? Não importa, Simón! Apenas consiga ela. Não precisa nem pedir minha permissão ou opinião, aceite os termos que forem necessários para ela concordar, ok? – declarou Benício, autoritário, do outro lado da linha – Olha, eu chego à cidade pela madrugada, então não terei tempo de falar com modelo nenhuma antes da festa –Simón conseguia ouvir o suspiro cansado do amigo pelo telefone. Benício estava atarefado, precisando resolver mil e uma coisas ao mesmo tempo – Você consegue resolver isso para mim, certo?
Simón não respondeu de imediato.
Ele sempre era elogiado por ser um excelente homem de negócios e tinha consciência da sua capacidade profissional. Desde o começo da sua carreira, ele havia conseguido importantes novos contratos para a empresa de Benício, mas nenhum deles envolvia Ámbar Smith. Nenhuma das modelos com quem havia trabalhado antes compartilhava um passado inacabado com ele. Era óbvio que ele daria um jeito para conseguir aquele contrato, mas Simón precisava explicar a circunstância geral ao amigo.
—Eu meio que a conheço – confessou Simón, coçando a nuca, nervoso. – A modelo.
—Melhor ainda. - comemorou – Confio em você, amigo! Eu tenho que...
—É Ámbar Smith – disse, apressado, interrompendo a fala do amigo.
Simón se lembrava do dia em que contara aos amigos sobre seu passado. Eles estavam no início da faculdade e, depois de incontáveis doses de tequila e uma longa madrugada afogados no completo tédio, ele deixou escapar a história sobre a garota que roubava sua concentração desde o primário. A imagem de patricinha mimada, pintada por todos, assustava qualquer um que cruzasse o caminho dela e, assim como a máscara de esnobe, essa postura era perfeitamente sustentada durante os anos, mas Simón sabia que ambas eram uma completa mentira. Desde pequeno, ele conseguia ver através das máscaras que ela teimava em erguer para se esconder diante de todos. Diferentemente do que as pessoas deduziam sobre Ámbar, ela não gostava tanto assim das regalias que o dinheiro da família proporcionava e isso era bastante evidente, apenas era necessário prestar atenção nela.
Na verdadeira Ámbar Smith.
Simón se lembrava dos momentos em que ele mais gostava de estar ao lado dela, ouvindo-a gargalhar das piadas ruins que ele insistia em contar e cantarolar distraidamente alguma canção que não saia da sua cabeça. As memórias invadiam os pensamentos de Simón com intensidade. As lembranças das habituais festas da escola eram as mais insistentes. Enquanto todos os colegas desfrutavam alegremente das festas luxuosas do colégio, Ámbar sempre arrumava uma maneira de fugir pela área dos funcionários em busca de algum lugar mais calmo. Todas as vezes que Simón a perguntava o motivo dessas fugas, a resposta era a mesma: ela não suportava o ar esnobe e o fedor de álcool que impregnava cada canto do salão. Segundo Ámbar, ela não via muita diversão em ver um bando de adolescentes irresponsáveis enchendo a cara com o ponche batizado e perdendo completamente a postura pelos hormônios descontrolados e falta de noção.
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Estupidez
FanfictionÁmbar era a modelo mais requisitada do momento. Sua imagem estava estampada em todas as revistas. Ela tinha a vida que queria, o trabalho que amava, mas não o homem que fazia o seu coração bater mais forte. Ela não o via há anos e acreditava ter sup...