-Deixarei você em casa, tudo bem? - disse Simón, desviando o olhar da rua apenas para vê-la assentir em resposta - Onde você mora?
Ámbar respirou fundo antes de falar.
-Moro perto do rio. Aviso quando for para virar em alguma rua.
-Está bem.
O silêncio preencheu o carro. Era um silêncio constrangedor que ambos odiavam, mas nenhum deles sabia como manter uma conversa sem reviverem os fantasmas do passado. Ámbar discretamente observou Simón. Ele batucava ritmadamente os dedos contra o volante, cantando baixinho alguma canção como sempre fazia quando se distraia com algo. Ele não havia mudado quase nada.
Foi impossível para Ámbar conter a risada.
-O que? - perguntou Simón sorridente e confuso. Eram poucos os momentos que ele a vira rir desde que se reencontraram. - O que é engraçado?
Ela não o respondeu de imediato.
-Você ainda batuca uma canção quando está distraido.
Não era uma pergunta e Simón sabia disso. Ele assentiu, sentindo o sorriso crescer em seu rosto.
-Como eu disse antes: Há coisas que nunca mudam - ele deu de ombros - Você, por exemplo, ainda foge de festas como na época da escola.
-Você tem razão! - confirmou, desviando sua atenção a paisagem da cidade que passava por sua janela. - Obrigada!
Simón franziu o cenho, confuso.
-Por me ajudar hoje - ela engoliu um seco e acrescentou, sentindo o corpo tremer com as lembranças - com Matteo.
Ámbar percebeu a expressão de Simón mudar. O sorriso desapareceu por um semblante sério e irritado. A mandíbula travada e os dedos esbranquiçados pela força com que apertava o volante evidenciavam ainda mais esse sentimento.
Simón era bastante superprotetor quando queria. Ele não era briguento, mas se permitia entrar em confusões quando alguém importunava uma pessoa importante para ele e Ámbar se lembrava bem disso. Foram incontáveis às vezes que ela teve que usar o seu lado diplomático e sua imagem de aluna perfeita com professores e supervisores para livrar a cara do moreno de detenções possivelmente evitadas.
"-Simón, eu já te pedi inúmeras vezes para você não se meter em brigas por minha causa. - disse Ámbar irritada andando pelo vazio corredor da escola. - Eu não ligo para o que os outros ficam falando sobre mim e você deveria fazer o mesmo.
-Ámbar, eu não me importo de ficar de detenção por ensinar aqueles idiotas a não mexerem com você.
-E por acaso essas incontáveis detenções no seu histórico escolar valem a pena?
-Por você, tudo vale a pena, Bonita. - confessou, puxando-a pela cintura para si, e a beijou, sentindo toda a raiva dela se dissipar aos poucos."
-Normalmente, eu repreenderia você por entrar em alguma briga por mim, mas, hoje,... - Ámbar suspirou e passou as mãos por entre os fios dourados de seu cabelo. - eu agradeço por você nunca me dar ouvidos, Simón.
Ele a encarou em silêncio. Ámbar tinha consciência que era a primeira vez que pronunciava o primeiro nome dele desde que se reencontraram, porém não sabia se para ele era tão estranhamento bom e familiar quanto era para ela. Os olhos castanhos dele buscavam a imensidão azul dos dela. Era impossível para a loira não se perder naqueles brilhosos diamantes escuros que Simón chamava de olhos.
As emoções pareciam dançar brutalmente em sintonia dentro de Ámbar. Uma parte dela queria mandar que ela se esquecesse por um momento a razão e o bom senso e as possíveis consequências dos seus atos em troca de um momento único e impensavelmente prazeroso. No entanto, ela sempre ouvia a outra parte que a mandava ser racional e pensar com a cabeça e não com o coração.
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Estupidez
FanfictionÁmbar era a modelo mais requisitada do momento. Sua imagem estava estampada em todas as revistas. Ela tinha a vida que queria, o trabalho que amava, mas não o homem que fazia o seu coração bater mais forte. Ela não o via há anos e acreditava ter sup...