O som da campainha soou pelo apartamento.
Insistentemente.
Ámbar suspirou, derrotada, e pressionou mais forte o rosto contra o travesseiro. Havia dormido poucas horas e podia sentir o sono dominar completamente seu corpo. As pálpebras pesavam, implorando para que ela ignorasse o barulho irritante da campainha e se permitisse voltar a dormir.
Ela não precisava trabalhar hoje e isso era o melhor motivo para não sair debaixo das cobertas quentes e aconchegantes da sua cama que rodeavam o corpo dela.
Aconchegou-se melhor sob as cobertas e tentou ignorar a visita inesperada na porta.
A campainha soou novamente.
–Droga - urrou contra o travesseiro.
Apoiando-se sobre a cama, Ámbar esticou o braço até a mesinha de cabeceira e tateou às cegas em busca do telefone. Ela estreitou os olhos com o brilho repentino da tela e esperou eles se acostumarem com a claridade que preenchia o quarto escuro. As cortinas permaneciam fechadas, impedindo a invasão da claridade matinal no quarto dela.
Já passava das oito da manhã.
Ámbar respirou fundo e impulsionou o corpo para cima, forçando-o para longe dos lençóis. Ela sabia que o leve incômodo em sua cabeça era resultado das taças de vinho desfrutadas na noite anterior. Por isso Ámbar odiava bebidas alcoólicas. Havia prometido a Emília tentar se divertir na festa e beber, estupidamente, lhe pareceu a melhor opção.
Ela coçou os olhos bêbados de sono, distraída, enquanto caminhava lentamente até a porta.
A campainha tocou novamente.
--Já estou indo - gritou irritada - Meu Deus, que pressa toda é essa a essa hora da manhã?
Ámbar nem se deu ao trabalho de olhar quem era. Destrancou a porta e girou a maçaneta. A imagem de uma loira segurando algumas sacolas de comida para viagem e dando pulinhos empolgados, surgiu diante dos seus olhos.
Ámbar abriu um pequeno sorriso.
--Bom dia, flor do dia! - cumprimentou Emília, sorridente, e entrou no apartamento sem convite - Vamos acordando que já está na hora de levantar.
Ámbar fechou a porta e seguiu a melhor amiga com o olhar sem se importar em correr para trocar o pijama de moletom por algo mais arrumado. Elas se conheciam demais para se preocuparem com isso. Emília se comportava como se estivesse na própria casa. Jogou os sapatos em algum canto perto do sofá, espalhou a comida que tirava de dentro das sacolas pelo balcão e abriu os armários em busca de pratos e xícaras para servir o café da manhã.
Diferente do tom de loiro mais platinado, moldados naturalmente em ondas, de Ámbar que caía sobre os ombros, os cabelos de Emília tinham um tom mais escuro e desciam por suas costas livres e lisos, contrastando com as roupas escuras tão características. Desde a adolescência elas eram dois pólos inseparáveis. Emilia com o seu estilo roqueiro e Ámbar com a pose de patricinha. Elas se entendiam maravilhosamente bem assim. Obviamente, houveram brigas e mais brigas ao longo dos anos, afinal a convivência nunca era algo fácil, mas tudo apenas fortalecia os laços de amizade entre as duas.
Elas sempre se declararam irmãs de coração. Talvez o desastre que ambas chamavam de família fosse o que as aproximou. Não tiveram nenhuma sorte nesse quesito, o que as fazia se empenhar em serem a melhor família uma para a outra.
--Como eu sei que você não funciona muito bem depois daqueles eventos e desfiles, eu trouxe alguns pães doces para você - afirmou Emília indicando uma das sacolas ainda lacradas.
Ámbar agradeceu, sentou-se em um dos banquinhos do balcão, desembrulhou sua comida e levou um pedaço à boca. Ela gemeu de satisfação. Ela realmente precisava daquilo.
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Estupidez
FanfictionÁmbar era a modelo mais requisitada do momento. Sua imagem estava estampada em todas as revistas. Ela tinha a vida que queria, o trabalho que amava, mas não o homem que fazia o seu coração bater mais forte. Ela não o via há anos e acreditava ter sup...