Estupidez

Loucura

O dia estava sendo cansativo.

Contratos e mais contratos para ler e assinar. Mil e um currículos de modelos novas para analisar. Relatórios financeiros semanais para revisar e averiguar os gastos. 

Tudo estava uma loucura.

Simón mal havia parado para almoçar e já se aproximava da hora do jantar quando minha assistente abriu a porta do escritório e colocou parte do corpo para dentro. Ela havia concordado em ficar mais um tempo após o expediente para ajudá-lo, enquanto Pedro buscaria algo para jantarem no caminho do próprio trabalho até a Empresa Di Nuzzo.

--Simón?

- Sim? - perguntou sem desviar os olhos das incontáveis linhas cheias de jargões do mundo financeiro.

Ele não aguentava mais ler aquilo.

-Srta. Emma aguarda na linha.

Ele levantou o olhar para a secretária e franziu o cenho, confuso. Por qué Emma estaría ligando para a empresa para falar com ele? Não que ele estivesse reclamando, mas era estranho. Ele agradeceu e viu sua assistente se retirar, deixando-o sozinho novamente.

Retirando o telefone do gancho, ele atendeu.

-Aló?

-Aló? É isso que tem para me dizer, Simón Álvarez Ronda? - ele afastou o telefone ao ouvir o grito de Emma do outro lado da linha. Ela estava furiosa e ele nem fazia ideia da razão.

-Boa noite para você também, amor - tentou amenizar a fúria descontrolada e repentina da noiva - Como você está? Está gostando da Inglaterra?

-Como eu estou? Como eu estou? Com um grande par de chifres na testa. É assim que eu estou - constatou exasperada - Como pôde fazer isso comigo, Simón? Você sabe o que isso causa a toda a nossa imagem? Você nem pensou em manter o zíper da calça fechado enquanto eu viajava a trabalho? Que tipo de homem você é?

-Emma, do que você...?

-Ah não, eu já sei! Você não esperava ser descoberto, certo? - Emma ironizou - Achou que nenhum paparazzi iria te ver saindo com ela do desfile enquanto a idiota aqui está trabalhando em outro país.

-Emma, do que você está falando?

-Do que eu estou falando? Da droga das manchetes onde você saiu às escondidas do desfile de ontem, em que você era um dos patrocinadores, ao lado de ninguém menos que Ámbar Smith. - Simón estremeceu. - Fora as fotos em que você estava saindo do apartamento dela essa manhã com as roupas de ontem amarrotadas.

-Eu garanto que não é nada do que você está pensando!

Simón se virou assustado ao ver Benício invadir seu escritório, ofegante, com um tablet nas mãos com a reportagem de uma revista de fofocas aberta.

-Claro que diria isso! Vocês homens são todos iguais. - gritou Emma - Então era essa a surpresa de aniversário que tinha pra me dar? A existência da sua amante?

-Não tem amante coisa nenhuma, Emma! Ambar e eu não temos nada além do profissional.

-E o profissional inclui vocês dois rolando numa cama juntos? Porque conhecendo a reputação dela, não duvido disso.

-Emma, pelo amor de Deus, não invente história. Não há nada entre ela e eu.

-Sabe de uma coisa, Simón? Eu não acredito em você! - gritou uma última vez - Você sabe o que dizem sobre Ámbar Smith e o seu sucesso repentino, então não me peça para acreditar em você!