Segredos

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Ámbar se sentia no paraíso.

O coração dela batia acelerado, enquanto as sensações percorriam seu corpo sem controle em um misto de saudade, amor e desejo. Ela sentia as borboletas voarem em seu estômago ao simples toque dos lábios dela contra os dele.

Havia passado pouco mais de cinco anos desde a última vez que eles se beijaram, mas cada pedaço o corpo deles recordava um ao outro.

Era impossível para Ámbar negar que estava surpresa com as próprias ações. Ela agiu impulsivamente. Se deixou levar pelos sentimentos e estaria mentindo se dissesse que se arrependia. Ela colecionou alguns arrependimentos na vida, mas beijar Simón nunca seria um deles. Talvez a consciência dela pesasse depois, afinal ele era comprometido. No entanto, todas as razões para afastá-lo evaporaram da mente dele em um piscar de olhos e um tocar de lábios.

Simón estava paralisado no começo. Completamente surpreso. As mãos dela seguravam o rosto dele com carinho. Ámbar estava beijando-o. Ela, por pura e espontânea vontade, havia iniciado o beijo. Ele arfou contra os lábios dela antes de puxá-la da cadeira e chocar o corpo dela contra o seu, retribuindo o beijo com paixão. O que havia começado com um selinho longo transformava-se em algo urgente e apaixonado. Os lábios moviam-se uns sobre o outro com maestria, como se nunca houvessem se afastado. As mãos grandes e masculinas seguravam a cintura dela com firmeza, puxando-o para mais perto em uma tentativa louca de unir-se em um só corpo.

A maciez da boca de Simón era uma perdição. O encaixe dos lábios deles era perfeito. As línguas dançavam sincronizadas em uma coreografia própria nunca esquecida.

Com urgência, Ámbar deslizou os dedos por entre os fios escuros do cabelo dele, fechando a mão sobre eles. Ela sempre foi louca pelas mechas sedosas e naturalmente bagunçadas do cabelo dele. Ámbar nunca se cansaria da beleza de Simón. Nem de apreciá-la nem de tocá-la sem censura.

Ele movia os lábios com mais intensidade, sentindo cada célula do seu corpo reagir a maravilhosa mulher a sua frente. Ele sentia que entraria em combustão a qualquer momento. O terno de alfaiataria rotineiro começou a incomodar. Aquele camarim estava ficando pequeno e quente demais. O ar condicionado não parecia em pleno funcionamento.

Cuidadosamente, para não separar os lábios, eles caminharam até a penteadeira. Ámbar se assustou ao esbarrar no móvel, mas a ignorou completamente ao sentir Simón agarrar suas coxas e impulsioná-la para cima, sentando-a frente ao espelho e aconchegando-se entre as pernas dela que inconscientemente se entrelaçaram ao redor dos quadris dele.

O som dos produtos e dos cosméticos para maquiagem caindo no chão roubou uma risada de Ámbar que logo foi sufocada pelos lábios apaixonantes de Simón.

Ámbar agradecia por não precisar sustentar o próprio corpo. Suas pernas estavam bambas com a proximidade do homem a sua frente. Ela sentia falta daquilo. Das sensações. Do carinho apaixonante. Dele. Ela sentia falta de Simón há anos.

Ela entrelaçou mais seus braços ao redor do pescoço dele e o sentiu envolve-la com os braços robustos e firmes.

Ele foi o primeiro a se afastar. A respiração ofegante, o corpo quente e os lábios vermelhos e inchados os entregariam se alguém ousasse entrar pela porta destrancada do camarim. Haviam sido descuidados, mas eles não estavam muito preocupados com isso. Toda a atenção deles estava focada a pessoa a sua frente.

Ámbar abriu os olhos lentamente e o encarou. Simón não a olhava de volta. Ele mantinha os olhos fechados e a respiração ofegante. Foi inevitável segurar o sorriso que surgia nos lábios da modelo. Sua mente era tomada por mil e uma lembranças dos momentos deles. Dos beijos. Dos toques. Das caricias. Todas eram tão especiais quanto aquela naquele camarim. Todas eram tão familiares e apaixonadas. 

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