Segurança

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O cheiro de café e pães adocicados pairava pelo quarto de hotel em um prazeroso convite para se esgueirar para fora das cobertas e começar o dia.

Com os olhos parcialmente despertos e atentos, Ámbar afastou as cobertas grossas e seguiu o delicioso aroma do café da manhã, apoiando-se nas paredes da suíte do hotel.

Ela não havia acordado há muito tempo, mas foi tempo suficiente para sentir falta do calor de Simón ao seu lado. A rapidez com que se acostumara com a presença dele durante as noites era assustadoramente reconfortante. Dormir nos braços de Simón novamente transmitia uma sensação que há tempos ela não sentia.

Segurança.

Há anos Ámbar buscava reencontrar este sentimento. Buscou em diversos lugares, diversas coisas e pessoas, mas não a fazia sentir perto o suficiente. Ela encontrava leveza e liberdade. Segurança completa, não. Algo dentro dela reconhecia-o na presença de
Simón.

Ela apoiou-se no portal da porta e sorriu apaixonada. Inexplicavelmente, a presença masculina andando de um lado a outro da área de estar da suíte, organizando uma mesa de café da manhã próxima a janela com vista para o Big Bang, parecia tão natural. Tão certa. Ela não reclamaria por ter que vivenciar isso todas as manhãs. Diferente de outros companheiros que ela se atreveu a ter nos anos que se separaram,

Simón estava confortável em acordar cedo e montar aquela surpresa para ela.

-A que devo a honra desta pequena surpresa, Álvarez?

Ele se sobressaiu, assustado, e levou a mão ao peito.

-Por Deus, Ámbar! - Simón soltou uma risada e tentou controlar a respiração descompassada - Você me assustou, bonita! Há quanto tempo esta me stalkeando daí?

-Poucos minutos - confessou, caminhando até ele, e envolveu-o com os braços finos. Ámbar espiou a mesa com o canto do olho - O que você está preparando?

-Era uma surpresa. Eu pedi o café segundo a sua dieta atual e estava arrumando a mesa.

-Aqueles são os meus pães doces? Tenho certeza que eles não estão na minha dieta - o interrompeu, animada, buscando-o com o olhar. Ele assentiu, vendo-a abriu um enorme sorriso de felicidade e esticar-se para lhe dar um selinho - Eu não acredito que você os conseguiu!

Simón retribuiu o abraço carinhoso, perdendo-se na beleza hipnotizante e brilhante das íris azuis. Ele sorriu para ela.

-Eu sei que você os adora e, bom, você merece.

Ámbar mordeu o lábio inferior e o beijou mais uma vez.

-Obrigada. De verdade.

Simón acariciou, de leve, a bochecha dela com o polegar e a observou com atenção e cautela. Cada traço desenhado em seu rosto feminino estava exatamente como ele lembrava e amava.

Os olhos com um brilho lindo misturado de força e doçura o deixavam sem palavras, desnorteado com o furacão de sentimentos que eles despertavam dentro do peito dele. O sorriso contagiante dançando nos lábios o encantava profundamente como o canto de uma sereia encantava os navegadores, mas sem levá-lo à morte como as histórias da antiguidade retratavam e, sim o levando ao paraíso que ela constrói apenas com a sua simples presença.

Simón acreditava em amor à primeira vista. A sensação em seu coração era prova disso. Ele lembrava com clareza o dia em que seus olhos a encontraram, pela primeira vez, cruzando o corredor da escola a passos firmes e decididos, exalando autoconfiança e seu perfume de flores. Ela movia-se como uma rainha andando por seu reino.

-Você quer me ajudar com o resto do café da manhã? - perguntou a ela, sem desviar o olhar.

Ámbar balançou a cabeça.

-Será um prazer! Do que precisa?

-Um beijo já seria de grande ajuda - ele sorriu malicioso.

Ámbar o empurrou de leve e soltou uma risada.

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