Sentir-se confusa estava tornando-se um hábito.
Um hábito insuportável.
Ámbar tamborilava os dedos nas pernas, ansiosa. Estava parada encarando a porta do apartamento há quase meia hora, mas ela não tinha coragem de bater.
Havia decidido não ir para casa. Já bastava lembrar-se de Simón durante seu teste de maquiagem com Mônica e Luna, não queria continuar a se torturar dessa maneira ao voltar para casa. Não hoje.
No caminho, digitou uma rápida mensagem para Jazmin solicitando uma equipe de limpeza para o próprio apartamento. Ela queria uma limpeza completa. Ámbar não confiava em si mesma para enfrentar o aroma masculino impregnado nos lençóis da sua cama e em todo o ambiente. Ela reconhecia as próprias fraquezas. Não era forte o bastante para isso. Simón mexia com ela mais do que gostaria de reconhecer. O que deveria ser uma limpeza acabaria com ela agarrada nos lençóis, inspirando o maldito perfume masculino que ela tanto amava.
Então para onde ir? O primeiro destino em sua mente foi à casa de Emília. Elas eram melhores amigas há anos e Ámbar via a amiga invadir seu apartamento de surpresa mais de três vezes por semana. Obviamente não teria problema se ela fizesse o mesmo, certo? Errado.
Ámbar não tinha coragem. Perdera a conta de quantas vezes levantou a mão para bater na porta, mas sempre desistia poucos segundos antes de sua mão tocar a madeira. Parava a mão a centímetros de distância.
Emília poderia estar ocupada. Trabalhando. Dormindo. Transando. Qualquer coisa que, sinceramente, Ámbar ficaria com muita vergonha de atrapalhar.
Ela respirou fundo, ajeitando a bolsa sobre o ombro, e começou a se afastar da porta prestes a se virar e sumir pelo elevador. Ficaria em um hotel e tudo estaria resolvido. Ninguém precisava ser incomodado. Ela sabia se virar sozinha e assim o faria. Seria apenas por uma noite.
O som da porta sendo destrancada e a maçaneta girada fez todo o corpo dela tremer de nervoso. Que seja a vizinha. Que seja a vizinha, repetia Ámbar para si mesma. Apertou com mais força a alça da bolsa e tentou apressar o passo em direção às portas metálicas fechadas do elevador.
Um conjunto de risadas preencheu o corredor. Ámbar mordeu o lábio inferior, nervosa. Reconheceria a risada de Emília em qualquer lugar. A modelo estava certa. Ela atrapalharia algo se tivesse batido na porta.
Sua mente começou a trabalhar. O par de olhos azuis dela verificou o painel do elevador. Ele não chegaria a tempo. Ámbar precisava ir embora antes que realmente atrapalhasse a noite da amiga. De relance, o vermelho da porta de emergência chamou a atenção. Era a única saída. Apressando o passo, ela cruzou o corredor e agarrou a maçaneta, empurrando-a. A porta abriu com certo esforço.
-Ámbar?
Ela sentiu todo o corpo paralisar. Que droga!
-Ámbs! - ela ouviu a amiga chamar. Não tinha mais saída.
Ámbar suspirou, largou a maçaneta - vendo a pesada porta vermelha se fechar - e girou sobre os calcanhares, encarando Emília.
-Oi - disse, movendo a mão em um leve aceno.
Ámbar podia sentir o clima estranho no ar.
Emília a encarava com um misto de surpresa e preocupação. Conhecia a amiga o suficiente para saber o quão inesperado era vê-la ali, em pé do lado fora do apartamento. Embora fossem melhores amigas e ambas soubessem onde a outra morava, Ámbar mal havia pisado mais de três vezes na casa de Emília. Não por não gostar de ir ali, mas porque normalmente elas marcavam em outros lugares ou por Emília simplesmente ir ao apartamento de Ámbar quando quer. A modelo já havia sugerido entregar a amiga uma cópia das chaves, mas Emilia dizia que já era demais e que só teria graça a surpresa e a amiga estando lá acordada. Nunca havia confessado isso em voz alta, mas Ámbar adorava quando a amiga com suas visitas inesperadas.
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Estupidez
FanfictionÁmbar era a modelo mais requisitada do momento. Sua imagem estava estampada em todas as revistas. Ela tinha a vida que queria, o trabalho que amava, mas não o homem que fazia o seu coração bater mais forte. Ela não o via há anos e acreditava ter sup...