Estupidez

Doces

Yo nunca te olvidaré

Y no tiene sentido intentarlo

(Idiota - Morat ft. Danna Paola)

A mudança é um movimento estranho.

Quando alguém se acostuma com algo ou alguém e, de repente, tudo muda. O impacto da mudança inesperada é forte e desconcertante e Ámbar sentia-se exatamente assim.

Às vezes, ela se surpreendia com certos pensamentos que surgiam em sua mente nos momentos em que Simón não estava por perto. Sentia-se tão incômoda com a distância e isso era inquietante. Ámbar passou tanto tempo sozinha, desfrutando da própria independência que era estranho necessitar de alguém.

Ela respirou fundo, estacionou o carro junto ao meio fio e observou a bela e imponente casa erguida do outro lado da janela e longe da loucura do centro da cidade. Luna morava em um bairro tranquilo e familiar repleto de casas grandes e com metros quadradros de alto valor agregado. Saiu do carro e verificou o celular mais uma vez. Simón havia viajado há alguns dias. Segundo ele, a conversa com Emma não havia corrido da melhor forma, mas isso não era uma novidade. Já era de se esperar. Ninguém está pronto para terminar um relacionamento nem para descobrir uma traição.

Ámbar suspirou cansada, guardou o aparelho no bolso e seguiu para dentro da mansão. O interior da casa estava uma completa loucura. Um mar de pessoas ia e vinha pressado, carregando objetos decorativos de um lado a outro o mais rápido que conseguiam.

A decoração da festa estava parcialmente pronta, mesmo que ainda faltassem várias horas para o seu início. Porém, as caixas espalhadas pelo lugar demonstravam que eles estavam longe de terminar tudo e irem embora.

Um dos primeiros pensamentos que passou pela mente de Ámbar foi: Luna não é nada discreta. Os tons únicos e vibrantes espalhados por cada canto da casa junto a vários porta-retratos cheios de fotos de família e sorrisos. Era indescritível como a energia positiva e animada que Luna carregava consigo, todos os dias, estava presente naquele lugar com tanta facilidade.

-Ámbar.

A loira girou o corpo em direção à voz que pronunciava seu nome com entusiasmo. Descendo a escada, Luna pulava alguns degraus apressada sem tirar um largo sorriso do rosto.

-Você veio! Você veio!

Ámbar envolveu a amiga com os braços assim que sentiu o corpo dela chocar-se com o seu, em um abraço animado.

-Você me convidou, certo?

-É claro que convidei. Você é minha amiga! – a morena concordou, agitada. – A festa vi ser em algumas horas, mas eu adorei que aceitou o meu convite para vir mais cedo. Vamos aproveitar antes que todo mundo chegue e isso aqui vire uma completa loucura. Podemos comer, beber, fofocar, nos embelezar. Vai ser incrível! Onde está Emília?Ela vinha com você, certo?

Ámbar soltou uma risada e segurou a amiga pelos ombros.

-Luna, se acalma! Toda essa agitação tá me deixando tonta – disse ela. Luna apenas deu de ombros ainda sorridente. Ámbar sabia que aquela era a peculiar personalidade da amiga e, sinceramente, achava bem empolgante. – Emília disse que viria direto de casa, então ela não deve demorar.

-Perfeito! - comemorou, se virou e arrastou Ámbar pelo corredor - Enquanto a esperamos, podemos comer alguma coisa.

Embora a casa fosse grande e luxuosa em seus detalhes vitorianos, Ámbar percebia a simplicidade de pessoa que Luna e sua família possuíam. Não se permitiam corromper pelo dinheiro e pela atenção dos holofotes.