Entregue de Coração

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Muitas coisas na vida são como andar de bicicleta.

Uma vez que você aprende, não importa quanto tempo passe, você nunca esquece como se faz.

Para Ámbar, beijar Simón era uma dessas coisas.

A mente dela estava repleta de lembranças envolvendo Simón. Algumas ela até estava disposta a esquecer. Porém, o sabor dos lábios dele não era uma delas. A sensação que sentia apenas ao estar ao lado dele nunca se esvaiu. Ela amenizava com a distância e queimava forte com a proximidade. Ámbar amava como o corpo dela reagia ao mais simples toque de Simón. Um leve carinho com a ponta dos dedos fazia cada centímetro dela se arrepiar. O calor masculino irradiado dele aquecia não só o corpo físico, mas, também, o coração. Os beijos inebriaram sua mente e anestesiava o seu ser ao mesmo tempo em que o fazia arder intensamente.

Dentro daquele avião, diante de todos os olhares curiosos, Àmbar tinha certeza de uma coisa. Algo que morava em seus pensamentos desde a adolescência. Ela não queria se separar de Simón.

Nunca mais.

Ela sentia os dedos de Simón se entrelaçarem aos seus. O polegar dele desenhava círculos imaginários na mão dela, carinhosamente. Eles estavam imersos em sua bolha romântica. Submersos em completo silêncio, continuaram ali, trocando carícias como dois adolescentes apaixonados.

Ámbar se encostou nele, repousando a cabeça em seu ombro.

Nenhum deles ousou dizer uma só palavra. A realidade insistia em rodeá-los a cada segundo que aquele avião avançava pelo céu azul em direção ao seu destino. Por mais que os momentos felizes fossem ansiados e desejados, há vida real permanecia ali. Esperando sua vez de ser o foco novamente.

Ámbar respirou fundo e sussurrou para ele.

-O que vamos fazer, Simón?

Ele depositou um beijo nos fios loiros do cabelo dela.

-Vamos resolver tudo!

Ela procurou o olhar dele. O brilho reluzente nos olhos dele era contagiante. Ámbar moveria céus e terras ao lado dele. Por ele.

-Estou pronta para o que vier!

Ele abriu um sorriso brincalhão.

-Tem certeza? - ele franziu o cenho, incerto - Porque se me aceitar agora, não há direito a devolução. Terá que aguentar os loucos que eu chamo de amigos, minhas manias esquisitas e enfrentar as dificuldades comigo. Como um time que seremos - Simón levou as mãos deles aos lábios e beijou a dela com delicadeza - Nunca deixando nenhum dos dois para trás.

-Juntos contra o mundo, Álvarez?

Ele concordou com a cabeça e aproximou o rosto do dela. As respirações se misturaram.

-Juntos contra o contra!

Simón depositou um selinho nos lábios dela.

Não seria fácil. O caminho até a felicidade era tortuoso e cheio de altos e baixos, como uma montanha russa. Eles teriam que enfrentar diversas dificuldades. Teriam que passar pelo desfecho da relação de Simón e Emma. Aguentariam os olhares tortos e julgadores dos outros. Os paparazzi sem um pingo de bom senso. Além das dificuldades da vida e do cotidiano, afinal Simón ainda estava locado na sede inglesa.

Ámbar afastou-se dele um pouco e observou as nuvens passarem lentamente. Sua mente não conseguia parar quieta.

-Qual o plano?

Simón a encarou e deu de ombros.

-Eu não tenho um. Eu tenho você e você tem a mim - ele confessou baixinho - Eu te amo e isso nunca vai mudar. Meu coração será para sempre seu. Não importa quantas batalhas tenhamos que enfrentar, eu as luto ao seu lado. - SImón acariciou a bochecha de Ámbar com carinho - Sei que o passado foi complicado. Machucou mais do que deveria .Tomamos decisões erradas que nos levaram até aqui e eu não mudaria esse momento. Eu gostaria de estalar os dedos e ver os problemas desaparecerem para que eu possa focar em nosso momento. Só você e eu.

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