Ámbar encarou seu reflexo no espelho mais uma vez.
O tecido rosa bebê abraçava suas curvas perfeitamente, realzando a beleza que ela mantém com bastante esforço e uma boa genética. Não que esse último fosse algo que ela pudesse controlar, mas Ámbar tinha consciência de que, embora a genética fosse importante, não era uma ciência perfeita e infalível. Os seus esforços em manter a própria aparência da melhor forma que pode estava acima de qualquer fator hereditário que estivesse armazenado em suas células.
Ela urrou irritada ao falhar novamente em tentar fechar o maldito ziper em suas costas. Seus braços e suas mãos já estavam doloridos pelo esforços e pelas contorções que fazia para se virar sozinha. Ámbar levantou o olhar para a sua imagem novamente e suspirou cansada.
Amava aquele vestido e a sensação implacável que ele lhe trazia, mas o odiava no momento por ser tão dificil. Devia ser inaceitável a customização de roupas em que se vestir sozinho fosse uma batalha demorada, cansativa e, provavelmente, desastrosa. Os costureiros nunca pararam para pensar que pessoas que moram sozinhas adquiririam suas peças? E que elas não teriam alguém para lhe ajudar?
Passando as mãos por entre os fios dourados, Ámbar se afastou do espelho, cansada, e se sentou na beirada da cama, frustrada e irritada. Havia perdido mais tempo tentando fracassadamente fechar o maldito e maravilhoso vestido do que arrumando-se definitivamente.
Vou matar você, Ramiro!, ela pensou.
Apreciava as excelentes escolhas de figurino do amigo, porém discordava absolutamente do seu senso de dificuldade para se vestir. Ela desviou o olhar para o closet entreaberto e respirou fundo vendo as peças penduradas impecavelmente nos cabides. Tinham roupas excelentes ali e mais fáceis de vesti-las sozinha. Mas ela precisava manter sua palavra. Prometera que, se Ramiro aceitasse sua oferta sobre o quarto de hóspedes, ela o deixaria escolher a roupa para sair com Emília e Benício.
Talvez arrependimento matasse? Não tinha certeza, mas estava considerando.
Esticou o braço e agarrou o celular jogado sobre os lençóis. A tela brilhou prontamente. Ámbar gemeu baixinho de frustração. Estava atrasada. Obviamente não havia marcado um horário especifico com Emilia - que certamente se distraiu com Benício e os lábios dele -, mas havia determinado um breve cronograma em sua cabeça. E, nele, ela estava atrasada.
-Ramiro, é sério, se não vier me ajudar eu jogo esse vestido longe e vou com a primeira roupa que pegar no guarda-roupa. - ameaçou o amigo. - Eu juro que...
-Paciência é uma virtude, minha rainha. - disse o amigo passando pela porta recém aberta do claro e amplo quarto principal. - Devia tentar.
-Uma virtude que eu, com certeza, não tenho e nem tenho paciência para desenvolvê-la agora.
Ele deu uma risada.
-Tá legal! Vou deixar essa passar - disse aproximando-se dela para ajudá-la com o ziper invisivel que percorria o tecido, desenhando a linha da coluna dela lindamente. Ramiro levantou o olhar para o espelho e apoiou o rosto no ombro da amiga - Olha só! Eu tinha razão. Você ficou um mulherão.
-Obrigada!
Ele se afastou um pouco e contornou o corpo dela, ficando cara a cara.
-Escute. Eu sei que você vai dizer que estamos atrasados e eu peço desculpa por isso, sei que demorei no banho e tal. Culpa minha, confesso. - Disse levantando uma das mãos sobre a cabeça, como uma criança dando "presente" na escola durante a chamada - Mas...,nos últimos minutos, o atraso não foi exatamente minha culpa.
Ámbar suspirou e balançou a cabeça.
-Eu sei, desculpe! Só estou nervosa, ok? Acabei discontando em você.
![](https://img.wattpad.com/cover/287713811-288-k720254.jpg)
VOCÊ ESTÁ LENDO
Estupidez
FanfictionÁmbar era a modelo mais requisitada do momento. Sua imagem estava estampada em todas as revistas. Ela tinha a vida que queria, o trabalho que amava, mas não o homem que fazia o seu coração bater mais forte. Ela não o via há anos e acreditava ter sup...