Tentativas. || Ralicia [AU]

Resgate.

Semanas haviam se passado, o clima entre as inspetoras havia melhorado. Era perceptível a mudança, apesar de ser apenas profissionalmente. Raquel ainda afastava Alicia quando sentia que se aproximava demais, pois ainda tinha medo dos machucados que a ruiva poderia abrir e os novos que poderia lhe causar.

Enquanto Alicia havia saído com Germán na noite anterior, Raquel estava na casa de Ágata, com Silene, Sérgio, Martín, Aníbal e Yashin. Desta vez, Mônica teve que faltar, pois Ricardo estava trabalhando e não podia ficar com as crianças, que, aliás, estavam doentes.

Beberam, dançaram, riram, se pegaram— com exceção de Murillo, que optou por ficar de fora daquele momento, pois sua cabeça estava em outro lugar, e Cortés, que só havia ido por Gaztambide, mas soube de última hora o motivo da sua ausência através de uma conversa com a loira mais velha.

Ao chegar em casa, já muito tarde, Raquel, muito cansada, se atirou contra a cama e dormiu como se estivesse há um mês em claro. Precisava mesmo repor suas energias.

Cerca de quatro horas da manhã, enquanto ainda dormia, recebeu uma ligação da delegacia. Era Tamayo. Atendeu-lhe com uma voz de sono, enquanto sentava na cama, olhando o horário no relógio sobre o móvel ao lado. Bocejou, coçando os olhos, notando que ainda era madrugada.

—Preciso de você neste endereço que acabei de mandar.–O celular apitou.—Violência doméstica. Sei que não está no seu horário de expediente ainda, mas você é a melhor que temos na área.

Suspirou, marcando presença, pedindo que mandasse uma viatura lhe buscar e desligou o aparelho. Se levantou para aprontar-se rapidamente antes da carona chegar, pegou uma das armas no cofre, uma pistola, e pôs no coldre ao lado externo de sua coxa direita, recolheu sua bolsa e ao ouvir uma buzina, saiu, trancando a casa. No lado externo, cumprimentou Suárez e entrou no banco de passageiro do veículo, seguindo rapidamente com a sirene ligada.

Raquel's Point Of View.

Chegando no local, atendemos às vítimas. No plural, pois três crianças-Inclusive uma recém nascida–presenciavam todas essas cenas terríveis constantemente, além do pai do agressor- quem ligou para a polícia– que ajudava a nora sempre, mas que dessa vez, não teve tanta sorte e acabou apanhando também. Do próprio filho.

—Conheço um lugar incrível, que adoram valentões como você. Vai adorar conhecer.–Falei apertando as algemas no seu pulso.—Tire-o da minha frente, Suárez.–Ordenei, empurrando o homem em sua direção.

—Vamos passear.–Disse o agente, levando o agressor.

—Os senhores estão mais calmos? Precisamos colher depoimentos, mas no tempo de vocês.–Disse, olhando o relógio.—Sem pressa.–Suspirei, bocejando, pois estava cansada.

O homem mais velho encarou a mulher, que tremia muito, e a mesma sinalizou que estava bem para falar sobre, levando um copo de água até sua boca, virando de vez.

—Então, vamos lá.

Chamei o agente Martín para que os levasse até uma das viaturas e os acompanhasse até a delegacia, junto a mim. Mas antes de realizar a ação fui interrompida.

—Inspetora Murillo, pode vir aqui um instante?–Era Alicia.

Ela me seguiu até aqui?–Foi a primeira coisa que pensei antes de lhe fitar e notar que carregava em seu semblante uma expressão um tanto abatida. Que estranho.