A Descoberta.

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Depois da saída do Germán, Raquel ficou reflexiva em seu escritório. Tentou não deixar que suas palavras acabassem lhe impactando, mas fracassou. Cada frase dita pelo homem ecoava em sua cabeça e abria mais sua mente, despertando curiosidade, certo interesse, no que a ruiva tinha para dizer. Mas lutava contra. Resistia.

Enquanto isso, Alicia estava com raiva, acendendo o isqueiro e apagando, olhando através das pequenas chamas como se nada mais em volta existisse, pensando em toda a trajetória com Raquel, imaginando como estariam agora se tudo tivesse dado certo, se nada as impedisse de ser felizes juntas.

A ruiva carregava uma mágoa imensa dos seus pais em seu coração, mesmo que continuasse repetindo para si mesma que eles não a atingiam. Tentar se enganar era uma forma de defesa a tudo de mau que lhe fizeram desde a infância, mas, especificamente, no dia que tiraram dela a única pessoa que amava imensamente, que a entendia completamente e lhe dava todo o afeto, atenção, amor, carinho e cuidado que nunca foi capaz de receber da família.

Flashback>

Raquel estava em Portugal para a resolução de um crime com cidadãos espanhóis, e a ruiva, além de segurar toda a barra na delegacia por conta da ausência da outra inspetora, estando sobrecarregada por não querer admitir que precisava de ajuda, também lidava com problemas pessoais e estava em choque após uma conversa nada amigável com seu pai.

A família Montes e a família Sierra estavam reunidas em uma das salas da "Sierra's enterprise". A ruiva não estava nada contente em ter que se fazer presente, ao contrário de Germán, que apesar dos problemas familiares, esperava que algo de bom saísse da cabeça dos mais velhos e aguardava ansioso por isso. Ingênuo pensar assim.

A reunião começou, Carlos pediu a secretária para servir almoço a ele e aos demais, e dois advogados–um de cada família– subiram, enquanto Alicia já estava impaciente com tudo aquilo, que julgava palhaçada, achou uma pontinha de esperança, imaginando que haveria algum tipo de leitura de testamento do seu pai ou viraria uma sócia da empresa e teria seu reconhecimento e respeito que tanto conquistou e impôs lá fora, mas, agora, dentro da família.

Estava errada.

Alicia era como um filha invisível para eles, pais narcisistas, e o único motivo de estar ali, sendo considerada parte da família, era porque precisavam dela para algo.

Nós somos amigos há muitos anos, crescemos juntos, inclusive.–José começava a falar.—Uma pena nossos filhos não terem se conhecido desde sempre, mas acho ótimo que sejam tão próximos.–Alicia começou a estranhar a conversa, enquanto Germán não conseguia enxergar a maldade nas palavras do homem e desconfiou, pois seu pai não costumava falar daquela forma tão gentil.—Bem, somos quase uma família e eu e o Carlos estávamos conversando sobre oficializar isso.

Nosso nome também vai estar presente nesta empresa falida?–Victoria se pronunciou, mas foi repreendida por José, que queria que continuasse calada assim como Dulce, a mãe de Alicia. Opiniões femininas não eram bem-vindas.

Também.–Agora foi Carlos. Limpou a garganta e se aproximou de José.—Entendo a sua visão sobre a empresa, mas pense no futuro. Iremos nos reunir e vamos voltar com tudo. Por isso, para consolidificar a união, haverá um casamento.

Alicia, que já encarava as unhas, impaciente, encarou os homens, arregalando os olhos.

Desculpa?–A ruiva deu um riso sarcástico, cruzando as mãos sobre a mesa.

Bem, se fosse a minha filha, gostaria que se casasse com um bom homem e ninguém melhor do que Germán.–Dizia José.—Meu filho é um homem de berço, estudou nas melhores escolas católicas do país, cavalheiro...

Tentativas. || Ralicia [AU]Onde histórias criam vida. Descubra agora