Invasão.

276 27 137
                                    

Após os apelos do menino, Alicia acabou sem resposta, pois tinha total convicção de que Raquel iria odiar a ideia. Nada respondeu, apenas permitiu que o garoto continuasse segurando sua mão, olhando-a. Aliás, isso era um tanto engraçado, pois em horas Cinci já havia se encantado pela mulher. Geralmente, as meninas costumam gostar dela por a associarem com a Merida ou a Ariel, já os meninos têm medo e comparam ela com bruxas. Parece que os tempos realmente estão mudando. E com ele as crianças.

Raquel logo surgiu segurando a mão de Cecília, que estava desnorteada por ter acabado de acordar. Estavam acompanhadas de Suarez, que a ajudou com os pertences, pois os seus melhores amigos já haviam caído na estrada.

—Agá!–Cecília se pronunciou, apontando para Ágata.

Se soltou de Raquel e correu até a mesma, que a pegou no colo, jogou para cima e segurou em seus braços, beijando suas bochechas coradas. Cinci ficou com ciúmes da cena e se encaixou de costas entre as pernas de Alicia, sem soltar sua mão, encarando a morena com cara de bravo. Alicia ficou sem reação e nem se moveu.

Raquel pegou seus pertences nas mãos de Suarez e agradeceu, se aproximando das outras mulheres e das crianças.

—Dinda!–Cinci se pronunciou, eufórico, pois queria contar a novidade.—Olha, tia Alicia vai com a gente.–Apontou para a mulher, animadíssimo.

—É mesmo?–Raquel perguntou com um sorriso amarelo, desviando o seu olhar para a ruiva.

Alicia revezou o olhar entre Cinci, que sorria, empolgado, e Raquel, que franzia o cenho.

—O carro dela quebrou.–Agora foi Ágata, ajudando a amenizar o clima.—Vamos ou só chegaremos lá no ano que vem.–Disse, guiando-se para o carro.—Raquel, dirige que vou ficar lanchando e dormindo com as crianças no banco de trás. Estou exausta!–Bocejou.

—Titia é uma criança velha.–Disse Cinci, repetindo algo que sua mãe sempre diz para a mulher, arrancando risos de todos, com exceção de Cecília, que preferia dar atenção aos brincos de Ágata.

Já estavam há algum tempo na estrada e Cinci e Cecília dormiam em suas cadeirinhas, assim como a morena, que estava tão à vontade no seu sono profundo, que a cada curva ou lombada seu corpo ia para frente e para trás, quase quebrando o pescoço, sendo impedida de cair apenas pelo cinto de segurança.

Raquel dirigia e Alicia estava no banco de passageiro, também sonolenta.

—Por que está lutando contra o sono?–Perguntou a loira.

—Nunca esteve em meus planos morrer em um acidente de carro.–Respondeu, bocejando em seguida.—Trabalhou o dia todo e ainda cuidou de criança. Se eu dormir, ficará entediada e poderá dormir também. Sem contar que... Bem, pode se distrair olhando para mim sem medo que eu te encare de volta e puff...–Simulou uma explosão.
Morreremos.–Sorriu.

As bochechas de Raquel ruborizaram, ela adquiriu uma expressão raivosa e voltou a encarar a estrada, apertando suas mãos no volante. Odiava ser provocada assim e Alicia sabia exatamente como manusear o seu veneno.

Silêncio.

Pararam por conta do trânsito e lá ficaram por um bom tempo, enquanto Raquel aproveitava para mexer em seu celular, evitando qualquer tipo de interação com a ruiva.

—Sabe, seu afilhado me adora.–A ruiva puxou assunto.

—Que bom para ele!–Respondeu, fazendo pouco caso, sem desviar os olhos do aparelho.

Tentativas. || Ralicia [AU]Onde histórias criam vida. Descubra agora