Ponto de continuação.

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Raquel's Point Of View.

Alicia saiu de perto de mim com urgência, como se a sua vida dependesse disso. Acho que isso era uma resposta. Foi bem autoexplicativa. A proposta havia lhe assustado e eu entendo... Não deveria ter dito aquilo. Me precipitei muito.

Olhei para o relógio, esperando-a por cinco minutos na esperança de que retornasse e me dissesse que aceitaria aquele desafio ao meu lado, mas não foi o que aconteceu. Logo precisei me retirar para não me atrasar ainda mais. Ele estava me esperando.

Enquanto dirigia à caminho do orfanato, pensava se não tinha cometido a maior besteira do mundo contando para ela logo agora e dessa forma. Podia não ter forçado tanto a barra, dando-lhe um ultimato.

Errei feio ao ouvir o meu coração e não a minha razão.

Após quase duas horas, cheguei ao bairro onde ficava a enorme fachada antiga do Orfanato Esperanza. Estacionei e suspirei fundo, sentindo-me culpada por tratar de chegar atrasada logo na minha primeira visita. Que péssima primeira impressão!

Sentia a ansiedade e o nervosismo me consumindo por completo a cada passo que eu dava, a cada respiração feita, a cada piscar de olhos...

E se ele não gostasse de mim? E se não criassemos nenhuma conexão? E se eu não conseguisse ser uma boa mãe? E se eu não conseguisse a sua guarda?

E se, e se, e se....

Toquei a companhia, logo sendo atendida por um dos funcionários do local, que me recebeu de uma forma não muito amigável.

-Seus documentos, senhora.

-Ah, claro!-Falei, logo abrindo a bolsa para procurá-los. Com o meu jeito um tanto desajeitado pelo nervosismo consegui encontrá-los e lhe entreguei.

-Me acompanhe.-Era bem firme e antipático, o que não me ajudava muito a relaxar.-Por que está aqui? Quais são as suas intenções com a visita? Por acaso tem algum mercado de tráfico dessas mini criaturas?-Suas perguntas me assustavam.

-Eu...-Tentei falar, antes hesitando algumas vezes, apavorada. Me senti em um interrogatório como se estivesse sendo acusada do pior crime possível.

-Estou brincando.-Soltou uma gargalhada perdendo completamente a postura de durão.-Menina, você precisava ver a sua cara.-Na verdade era o famoso estereótipo de gay afeminado e escandaloso.-Prazer, Matias.-Se apresentava.

-Raquel Murillo.-Ofereci a mão mas preferiu os dois beijinhos no rosto.

-Vem comigo.-Ofereceu o braço.

Soltei o ar preso em meus pulmões, me permitindo sorrir um pouco antes e me agarrei ao seu braço, logo seguindo para dentro do local.

-Tio Titi!-Algumas crianças lhe chamavam para mostrar os desenhos que tinham feito. Ele parecia bem querido entre os pequenos.

-A Pilar me empurrou, tio.-Um garotinho aparentemente mexicano se queixava, apontando para a amiguinha. Estava bravo e ela com uma cara de quem tinha aprontado.

-Bom... Queria muito te acompanhar até lá, mas o dever me chama.-Disse se referindo as crianças.

-Tudo bem, eu entendo, porque tenho vários afilhados. Sei bem como é quando crianças se juntam, ainda mais com idades diferentes.-Afirmou rindo, observando o caos em volta.-Mas onde fica a sala da diretora?

-Segue direto até a última porta à esquerda.

-Obrigada.

-Que isso, menina! Às ordens.

Sorri e comecei a me guiar até a sala de direção do local.

Enquanto Raquel conversava com a senhorita Maria Isabel sobre a criança que estava prestes a conhecer, Alicia entrava em mais uma operação, apesar de ainda não se sentir muito bem por não parar de pensar na loira e na conversa que tiveram naquele mesmo dia mais cedo.

Tentativas. || Ralicia [AU]Onde histórias criam vida. Descubra agora