Suíte 23.

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A noite de Raquel não havia sido uma das melhores. Os traficantes já esperavam a policia e não foram nada receptivos, especialmente com a que comandava a operação, pois já a conheciam de tanto outros carnavais. Era a responsável por sempre acabar com as festas deles.

A loira foi marcada e foi a primeira a ser baleada pelos bandidos, mas por sorte, pelo colete à prova de balas e pela tamanha distância que estava em relação ao atirador não havia lhe causado grandes danos, apenas um roxo sobre a pele que cobre o lado esquerdo das suas costelas e que pelo sangue fervendo em suas veias nem pôde sentir o mínimo de dor.

Retornou à delegacia com um acúmulo de raiva presente em si, pois teve que aceitar que havia perdido aquela partida e encerrar a operação para não colocar mais de seus colegas em riscos. Mas, prometendo a si mesma que em outro momento retornaria com tudo.

Jogou-se à cadeira da sua sala, olhando para cima, bufando em insatisfação enquanto tentava montar um cenário diferente para a próxima vez que fossem ao local obterem êxito total, sem nenhum tipo de dano.

Aos poucos, foi se ocupando com outras coisas e esquecendo do sentimento ruim em relação àquela noite que se sentiu um fracasso. Logo, seu sangue foi esfriando e seu corpo começou a lhe alertar sobre a dor no local que foi atingida.

—Merda!–Reclamou ao observar a marca presente ali.

Foi até o frigobar no canto da sua sala e o abriu, pegando uma garrafa de água mineral extremamente gelada e levando sobre o machucado, fazendo uma anotação mental para comprar uma compressa antes de ir para sua casa no fim do turno.

Acabou sendo uma madrugada agitada com outras diversas operações, mas Raquel ficou na sua sala, a pedido de Tamayo, para revisar um crime de alguns anos anteriores que ainda não havia sido solucionado. Ele só pensava no quanto aquela resolução iria lhe deixar bem na mídia caso a mulher fizesse um bom trabalho.

Raquel's Point Of View.

Minhas costas já doíam de tantas horas na mesma posição  lendo todos esses papéis presentes nesta pasta lotada, observando os documentos e as fotos com o olhar mais clínico possível, mesmo estando extremamente cansada.

Porém, para a minha felicidade, não demoraram muito a me avisar que já amanhecia e meu turno se encerraria. Arrumei toda a minha mesa, separando apenas alguns laudos e fotos que haviam me intrigado para tirar uma xerox e fazer uma melhor análise quando eu estivesse no conforto da minha casa.

Enquanto a máquina de cópias trabalhava, tomava o meu café e mexia em meu celular. Entrei em meu aplicativo de mensagens, respondendo Mônica e Ágata, avisando para Alicia que eu estava indo para casa, como havia me pedido, e perguntando sobre Nick para que me respondesse quando pudesse.

A máquina terminou o seu trabalho e pude finalmente recolher os papéis, seguir até a farmácia para comprar a compressa e finalmente retornar para a minha tão desejada residência, chegando alguns minutos depois.

Ao entrar em casa, tomei um comprimido, temendo a piora da dor, guiei-me ao banho e me deitei na cama apenas de lingerie, com a bolsa de gelo sobre o local dolorido, e rapidamente me entreguei ao cansaço, dormindo feito um anjo.

Quando acordei pude me sentir muito melhor, apesar de dormir por pouquíssimas horas. Olhei a barra de notificações do aparelho, vendo uma mensagem de mais cedo de Alicia, avisando que traria o Nick após almoçarem, antes de pegar o seu turno vespertino na delegacia.

Me levantei, vesti uma blusa comprida e um short mais confortável, indo à cozinha para preparar o que comer enquanto o som estava ligado com algumas músicas, que hora ou outra eu me arriscava a remexer e cantar, fazendo os utensílios de microfones.

Tentativas. || Ralicia [AU]Onde histórias criam vida. Descubra agora