Operação.

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Segunda-feira. Raquel estava exausta pelo fim de semana que havia tido, apesar de ter adorado passar o tempo com as crianças e sua mãe em um lugar que lhe causa uma sensação de paz absurda. Mas, agora, precisava voltar para a rotina.

Se levantou, após adiar o alarme algumas vezes; ligou a cafeteira; realizou suas higienes matinais, com muito custo, pois estava com muita preguiça; recolheu um pote de iogurte natural e uma colher, colocando-os na bolsa–de qualquer jeito por conta da pressa; entrou no seu carro e guiou-se para a delegacia, frustrada por ter esquecido seu copo térmico com café.

Alicia's Point Of View.

Por muita sorte ou muito azar, houve um pequeno atraso na reforma da minha futura sala, então, tive que continuar onde estava. E, ao chegar na delegacia, guie-me para o escritório, onde pude dar de cara com Raquel.

Ela estava péssima. Além do olhar caído de cansaço, o seu mau humor era gritante e se destacava. Talvez tivesse acabado de saber sobre a prorrogação da duração da minha companhia.

Me levantei, fui até a cafeteira e lhe preparei um café do jeito que sei que gosta, ou ao menos gostava: Sem leite, muito forte e pouco adocicado.

—Toma. É pra você.–Falei, pondo o copo sobre sua mesa.

Ela me encarou com um olhar quase intimidador, que logo se transformou em um desconfiado.

—Por quê?–Perguntou.

Sei que toma todas as manhãs que se sente indisposta para que tenha vontade de realizar suas tarefas. Isto a tranquiliza. Café é como seu antidepressivo.

—Porque sei que precisa. Agora, aceita logo isso.

Nos encaramos por alguns longos segundos.

Ela pegou o copo e desviou o foco para outras coisa. Tomou o primeiro gole imensamente desconfiada, mas logo se entregou ao prazer do sabor daquela bebida extremamente quente, mas que dava uma sensação oposta. Era como se estivesse no deserto e encontrasse uma garrafa de água gelada. Admirei a cena e voltei à cafeteira, preparando um copo para mim também.

—Já tomou café da manhã?–Perguntei.

—Droga!–Pareceu se recordar de algo.

Recolheu sua bolsa e ao abrir um dos compartimentos, estava toda suja. Retirou um copo de iogurte natural estourado de dentro e em seguida, todos os outros objetos. Óculos, celular, carteira... Tudo melado.

—Isso era o seu café?–Segurei o pote do iogurte com as pontas dos dedos.

Me deu uma encarada e revirou os olhos, limpando a bolsa com muita raiva. Isto não contribuiu nada para seus estresse matinal, muito pelo contrário, só piorou.

—Era só um iogurte, Raquel. Olha, daqui a pouco vou tomar café e você pode vir comigo. Eu pago.

—Muito conveniente, não é mesmo, Sierra?–Disse com sarcasmo.—Muito conveniente.

—Raquel, é só um café.

—Recuso.–Forçou um sorriso rápido, sem mostrar os dentes.

Tentativas. || Ralicia [AU]Onde histórias criam vida. Descubra agora