Basta!

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Após o fim de semana juntas, Alicia achou que já estava na hora de dar um jeito no que tanto lhe incomodava, pois não era justo Victória fazer o que quisesse com a SUA casa. Portanto, mesmo com a situação em que ela e Germán se encontravam por conta da herança que a mais nova controlava, decidiu retornar e  tomar o controle da situação. Já tinha passado da hora, iria explodir a qualquer momento e era fácil notar pelo fogo mais ardente que possuía em seu olhar felino!

Não precisava estar na delegacia pela manhã, pois estavam lhe cobrindo, então chegou cedo e sorrateiramente. Germán estava logo na sala, parecendo preocupado com questões bem pessoais e extremamente internas, enquanto coçava os pêlos curtos que nasciam no seu rosto e encarava o nada, apesar do aparelho televisivo ligado.

—Alicia?–Se assustou quando ouviu a porta batendo atrás da mulher que suspirou pesado antes de caminhar em sua direção, jogando as chaves sobre a mesinha e a bolsa no sofá.—Você por aqui tão cedo?–Disse olhando o relógio no braço, estranhando a situação.

—Eu moro aqui ainda, Germán. Por que a surpresa? Não posso retornar para a minha própria casa mais, é isso?–Seu humor estava péssimo para quem havia tido ótimas primeiras horas do dia. Aquela situação a incomodava severamente, ao ponto de sobrar até mesmo para quem estava do seu lado.

—Não, calma, Alicia! É que achei que estivesse no mínimo se arrumando para trabalho agora e fosse direto da casa de Raquel, que fossem juntas.–Tentava se defender.

—É... mas não. Tenho coisas pendentes para serem resolvidas, então Raquel se ofereceu para me cobrir essas primeiras horas do dia, pois geralmente é quando não temos tantas ocorrências, já que os bandidos são um bando de vagabundos que só começam a agir no entardecer.–Explicou.

—Entendi.

O homem percebeu nitidamente que Sierra não estava no seu normal, e apesar de imaginar o motivo, não estava preparado para vê-la de tal forma.

—Que bom!–Disse, sentando-se no sofá, e olhou em volta à procura de algo.—Mas.... falando vagabundos, cadê a outra? Finalmente foi embora?–Perguntou a ruiva de forma bastante direta e nada delicada. Para ela, a garota Montes não merecia um pingo de classe.

—Falando de mim, querida cunhada?–Victória se pronunciou, ironizando e descendo as escadas, vestindo um roupão cinza com as inicias da ruiva bordadas à mão, e indo em direção a mesma que tentava esconder o quanto estava espumando de ódio.

—Oh, meu bem, você sabe que sim.–Caminhou em direção à mulher.—Quero saber quando vai embora. Tem alguma previsão? Deve saber como é complicado fazer uma festa em cima da hora, preciso me preparar antes.–Era sarcástica.

Victória deu um breve riso e se aproximou mais.

—Sei, sei. Mas respondendo a sua pergunta...–Mais alguns passos.—Ainda não.–Alisou rapidamente o nariz da ruiva, que a encarou com desgosto e raiva, acompanhando o movimento do dedo que tinha a maior vontade de quebrar naquele exato momento.—Sabe, essa casa é bem confortável, gosto daqui.–Se jogou no sofá, apoiando os pés na mesinha de centro, logo segurando o controle remoto.

Alicia inclinou o seu corpo contra o dela, olhando de forma intimidadora e com certa superioridade presente e retirou o objeto de suas mãos com brutalidade.

Bom, eu imagino que tenha ficado mais do que claro, mas caso tenha acontecido alguma má interpretação, direi com todas as letras: Vá embora!–Se manteve séria e ameaçadora não só no tom da voz, pois o seu olhar já era praticamente uma agressão.

Tentativas. || Ralicia [AU]Onde histórias criam vida. Descubra agora