Capítulo 24 - Eu preciso dela

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pov kara ;

Cheguei em Midvale á noite, coloquei minhas coisas em casa e tomei um banho antes de voltar para Lena.

Apesar de ter medo de andar por aquela floresta sozinha, decidi ir a pé e tentar espairecer. Quando cheguei na entrada da floresta de Midvale, Lena estava parada encostada numa árvore, sorrindo pra mim.

— Oi meu amor – ela me disse, corri para os braços dela.

A abracei forte e a beijei, um beijo de saudades, doce e puro. Não consegui evitar o meu choro, e pela primeira vez a vi ressentida.

— Vamos para casa.

Assenti e adentramos a floresta de Midvale. Assim que chegamos em sua casa, me sentei no sofá. Estava tão exausta que não conseguia sentir os meus pés. Tudo foi muito corrido. Lena me pergunta se quero comer algo e respondo que sim. Enquanto ela prepara algo eu ligo a TV e ponho num canal que está passando um episódio aleatório de Friends, a minha favorita.

Lena senta ao meu lado com dois hambúrgueres caseiros.

— Você fez? – perguntei.

— Sim, imaginei que você não estaria bem então fiz isso, porque sei que gosta quando eu cozinho — ela me deu um e mordeu um pedaço do outro.

— Eu gosto – sorri. — Obrigada.

— Como você está? – Lena me pergunta. Eu não tenho vontade de falar sobre Nova York, nem Lex, nem Teresa, nem sobre a ameaça. — De verdade, como você está?

— Com medo – respondo sem rodeios, não tenho vontade de comer, meu estômago está embrulhado.

— Lex é um babaca, mas ele não põe medo em ninguém, você não deve ter medo dele. É mais fácil ter medo de mim – soltei um riso pelo nariz — Olha só, eu a fiz rir – ela me beija — Seu humor deve estar quebrado, porque eu não sou engraçada.

— Ele vai vir atrás de nós, e quando isso acontecer...

— Estaremos prontas, Kara. Não se preocupe.
...

dia seguinte.

Acordamos juntas e comemos o café da manhã, nossos planos para hoje seria fazer nada. Isso mesmo. Nada. Mas aí alguém bateu na porta.

— Deixa que eu vou – falei e ela saiu de cima de mim, no momento estávamos prestes a transar. Bela hora.

Andei até a porta visivelmente aborrecida pela interrupção, a abri com desaforo, mas não imaginei quem estaria por trás.

— Nia?

— Lena está aí? – no momento o meu rosto fica branco, o ar some.

— Está falando de Dayana? Acho que confundiu os nomes.

— Não. Este é o nome verdadeiro dela, você sabe disso, não dê uma de idiota.

— Nia, como você veio parar aqui?

— Escutei a sua conversa pelo telefone naquela noite, você não é nem um pouco discreta. Eu a segui depois da igreja e depois até aqui. Eu não estou aqui para brigar.

— Tenho certeza que não – Lena aparece atrás de mim segurando sua machadinha, Nia toma um susto e tropeça no próprio pé, caindo no chão com uma expressão assustada — Você não me aguentaria.

— Lena Luthor, guarda isso agora mesmo! – eu grito, ajudando Nia a se recompor.

— Mas ela...

— Para dentro já! Eu resolvo isso sem violência – ela revirou os olhos e me deu a costas.

— Se ela ameaçar abrir a boca eu vou arranca-la do rosto dela – disse entrando no quarto e fechando a porta.

— Você quer entrar?

— Não! Vamos dar uma volta, sem ela.

— Certo, e me desculpe por...

— Vamos logo, Danvers.

Decidimos dar uma volta pela floresta, ficamos quietas pelo menos uns 10 minutos antes de ela dizer o que realmente queria.

— Eu sei quem ela é, sei o que ela fez.

— Como você soube, Nia? Eu não entendo.

— Ela sempre foi esquisita, eu sei que há muita gente que é só esquisita, mas Dayana, ou Lena, me pareceu especial. E ela pareceu especial pra você também, desde o começo. Mas aí, eu comecei a associa-la a Lillian Luthor, elas são supostamente idênticas, eu sempre percebi isso. Eu cavei muito fundo pra ter certeza da minha hipótese. Não sei se ela já te contou tudo, mas se não, ela não é quem você pensa.

— Ela não é ruim, tem transtornos.

— Ela é ruim, apesar dos transtornos. Ataques de pânico, tudo bem, violência contra seguranças, enfermeiras e médicos, aceitável pela psicose, mas carnificina? Ela é perturbada, mas não é totalmente doida, e você sabe isso, não se faça de sonsa, Kara.

— Ela está tentando melhorar. Lena não faz mal a uma pessoa desde que começamos a nos relacionar, ela está conseguindo.

— Quer que eu dê um prêmio por ela conseguir não fazer mal a ninguém?! Sabe como isso é loucura?! Ela tá te obrigando?

— O quê? Não! – eu parei de andar no mesmo instante, ela me acompanhou, eu deveria começar a me acostumar a receber perguntas como essa — Ela não me obriga a nada, é totalmente consensual.

— Então é pior. O que Alex vai pensar quando souber? – Nia cruza os braços, como se fosse uma mãe dando sermão.

— Ela não vai saber de nada.

— Kara, Lena matou pessoas. Eu sei que o Drake não era a nossa pessoa favorita no mundo, mas alguém tem que dar uma explicação àquela família, eles têm que saber o que houve com o filho deles! Isso está errado, sua consciência não pesa? – algumas lágrimas se formam nos meus olhos, eu concordo com a cabeça.

— Sim, pesa muito. Mas eu a amo tanto, Nia. Eu sei que é insano e que é algo irracional, mas, por algum motivo eu a amo muito e não sei o que fazer com tudo isso, porque é totalmente nojento amar alguém que fez coisas horríveis. Eu tenho que vê-la deitar-se ao meu lado mesmo sabendo que ela já desovou um corpo, mesmo sabendo que ela esfaqueou e deu um tiro na cabeça de alguém, eu tenho que beija-la mesmo sabendo que ela já socou alguém até a morte e quase enforcou uma garotinha usando uma corda de pular quando tinha 7 anos de idade. Eu tenho que fazer tudo isso porque eu preciso dela, eu quero ela só pra mim – me derramo completamente. Em outras ocasiões, Nia me abraçaria e diria que ficaria tudo bem. Mas ela não fez isso. Ela me olhou com nojo, como se eu estivesse coberta de sangue. — Nia?

— É melhor dar um jeito nisso, Kara, ou eu mesma vou dar, do meu jeito. Eu tenho pena de você.

LuthorOnde histórias criam vida. Descubra agora