Feels

006

Any Gabrielly

Você deve achar que eu sou uma completa maluca por dormir no carro de um desconhecido mas sabe quando você atinge um nível de cansaço que se ficar em pé você dorme?

Era assim que me sentia, não demonstrei isso para Sina pois ela iria dizer que eu trabalho demais, que preciso me divertir, sair e conhecer gente nova. Só que eu não sou ela, não posso trabalhar de casa, no conforto do seu sofá feito sob-medida. Preciso andar de um lado para o outro com um salto agulha e uma saia apertada, imprimindo contratos e outros papéis importantes.

Eu queria poder trabalhar bebendo uma bela taça de vinho no sofá da minha casa mas não posso, esse sonho é distante mas não impossível, estou trabalhado para subir meu cargo. Tenho faculdade, só falta a experiência, coisa que não me deixam riscar da minha lista.

- Eu dormi por quanto tempo? - Pergunto ao me arrumar sobre o banco do carro.

- Meia hora, quarenta minutos, por ai. - Responde simples.

- Ah, esse jantar foi um desastre! - Exclamo frustrada, Josh ri da minha observação e concorda.

- Só não conte isso a Noah. - Pedi, ele acha que não irei cobrar isso dele? Está muito enganado.

- Muito antes de isso acontecer Noah já me devia, não se preocupe. - Ele ri mas concorda.

- Se for por isso, ele também me deve... e muito. - Revela.

- Deveríamos nos vingar. - Sugiro e Josh me olha.

- Como o quê? - Quetiona ao pararmos no sinal vermelho.

- Sei lá, roubar a chave do carro de Noah, furar os pneus. - Brinco e Josh ri.

- Vingativa não? Eu estou de boas, assim posso cobrar dele quando precisar... - Revela me dando uma ideia, irei fazer como ele, Noah sempre me pedi favores e está sempre me devendo não com dinheiro, podemos perceber que isso não falta para ele. Mas algo que me favoreça.

- Tem razão, chantagem é mais benéfico a mim. - Ele ri da afirmação. - Bom, foi... interessante conhecer você e seu amigo enrolado. - Abro a porta de seu carro estacionado na frente do meu prédio. - Boa noite Josh.- Digo ao sair do carro.

- Boa noite Any. - Diz com sua mão no volante. - Espero conhecer você melhor em uma outra ocasião. - Diz e concordo.

Fecho a porta e o carro arranca, subo os degraus que levão a entrada do prédio, o porteiro abre a porta para que entre e me cumprimenta educadamente, paro em frente a porta do elevador e aperto o botão, em poucos minutos o elevador se abre e adentro a caixa de metal elétrica. As portas se fecham e me encosto no metal gelado, não sinto o gélido do metal por causa do casaco.

Merda, fiquei com seu casaco. Estou com tanto sono que nem percebo que não devolvi a peça, ele é amigo de Noah, posso dar para Noah devolver a ele. As portas se abrem revelando a porta do meu apartamento, pego as chaves e abro a mesma preguiçosamente, ao entrar jogo as chaves em cima da mesa e retiro o casaco, o colocando sobre o braço do sofá.

Caminho até meu quarto e retiro o vestido e os sapatos que se tornaram desconfortáveis por ficar com eles por tanto tempo. Visto uma roupa confortável, isso é: meu cropped branco e um shorts curto, eu sei que está frio mas eu adoro dormir assim, ligo o ar condicionado e me cubro, o barulho que ele faz me deixa com sono e como estou podre desmaiarei sobre o colchão torcendo para que a noite não dure apenas alguns minutos.

No outro dia o sol já anuncia sua chegada em minha janela, esqueci de fechar as curtinas e me praguejo por isso, o despertador toca informando 7:00 da manhã, qual o problema do meu sono não durar mais alguns minutos? Infelizmente tenho que levantar contra minha vontade.

Ligo o chuveiro e deixo a água aliviar meu cansaço, tomo um banho relativamente rápido, não posso me atrasar caso contrário, é descontado do meu salário. Visto um vestido colado na cor vinho, com alças largas, que valoriza minhas curvas. Um salto preto que chamam atenção por onde passo. Sou conhecida pelo barulho que meus sapatos fazem no chão da empresa.

Como ando de um lado para ao outro, sou conhecida pelo barulho dos meus sapatos. Escovo meus dentes e passo apenas um corretivo para esconder que saí ontem a noite e o "encontro" foi um pequeno desastre. Pego minha bolsa, ponho meu celular, remédios para dor de cabeça e alguns papéis que trouxe para casa, para revisar.

Como sempre chamo um carro por aplicativo e em poucos minutos chego na cafeteria preferida do meu chefe, pego o seu pedido e volto para o carro, chego em poucos minutos com alguns papéis revisados em uma mão e seu café na outra. Respiro fundo antes que as portas do elevador se abram e caminho até sua sala. Quando chego vejo sua mesa repleta de papéis e no meio deles seu notebook aberto.

- Bom dia senhor, o seu café. - Digo ao por o copo na mesa. - Eu preciso que assine esses papéis imediatamente. - Lhe entrego os papéis e ele me olha cansado. - Só estou fazendo meu trabalho. - Me defendo.

- Papéis e mais papéis, já ouvia seus saltos se aproximando e imaginava isso. Bom dia senhorita Soares. - Diz levantando seu café para o alto me fazendo rir. Ele está de bom humor, coisa que é rara de se ver.

- Com licença. - Peço ao me retirar da sala, indo para minha mesa do outro lado da sala, deixo minha bolsa ao lado do meu computador e o ligo, reviso alguns e-mails e imprimo alguns contratos para serem assinados, após isso saio de mesa em mesa, distribuindo os papéis para serem assinados.

- Bom dia Any. - Merlyn diz ao entregar a revista que leio diariamente, a de Sina.

- Obrigada Merlyn, tenha um bom dia. - Agradeço e ele sorri.

- Hoje parece que teremos um bom dia, o chefe está de bom humor. - Informa e assinto.

- Percebi quando entreguei seu café, mas como nós sabemos nosso chefe tem uma mudança de humor extrema. Então aproveite. - Sugiro e ele ri.

- Vou aproveitar, com licença. - Diz empurrando seu carrinho repleto de papéis.

Está tudo calmo e isso me preocupa, essa empresa é agitada, funcionários correndo por todos os lados, o barulho de impressoras sendo utilizadas é constante. Me pergunto se entrei no prédio certo.

Josh Beauchamp

Mais um dia começa, a culpa de estar inútil assim é de Krystian, não dormi direito por estar com dor nas costas, dirigindo por um longo tempo em um lugar não plano, os solavancos que atingiam minhas costas me deixou quebrado pela manhã.

- Teve uma noite interessante Beauchamp? - Dave pergunta ao se aproximar de mim.

- Quem dera, tive que salvar meu amigo de uma bala na cabeça. - Explico. - E de quebra ainda tive que ir em um jantar armado. - Ele ri do meu desastre.

- Foi com uma baranga? - Ele pergunta e nego. - Tinha cheiro de gato? - Nego também. - Tinha um dente faltando? - Pergunta me fazendo rir.

- Os dentes dela eram perfeitos. - Ele parece surpreso.

- Me conte mais sobre ela. - Pedi ao chegarmos na minha sala.

- É uma amiga de Sina. - Explico, pego meu celular e mostro a foto que Sina tem em seu Instagram.

- Ela é gata, finalmente né irmão, suas saídas eram sempre com periguetes de quinta.- Diz me fazendo rir.

- Não vai rolar nada cara, fomos forçados. - Explico.

- Você quem sabe. - Diz se levantando e saindo da sala.

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