015

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Any Gabrielly

Enquanto Josh preparava o jantar resolvi abrir a garrafa de vinho. Procuro por taças e as encontro no fundo do armário, onde não consigo alcançar.

— Pode pegar as taças para mim? – Pergunto ao me virar.

— Como se diz? – Pergunta com uma de suas sobrancelhas arqueadas. Reviro os olhos e respiro fundo.

— Por favor! – Digo contra minha vontade. Josh se desloca em minha direção, encarando meus olhos e parece andar em câmera lenta, tento me afastar mas estou colada a bancada e fico paralisada quando seu peitoral encosta em meu tronco.

Josh pega as taças e me entrega, saindo como se nada tivesse acontecido e na verdade não aconteceu, eu que pensei coisas erradas. Afasto esses pensamentos e abro a garrafa, sirvo as taças e lhe entrego uma, volto a me sentar na ilha de mármore apreciando o vinho.

[...]

— Vai demorar? – Pergunto e Josh me olha.

— É a quinta vez que pergunta em menos de cinco minutos! – Exclama ao parar de mexer o molho.

— Estou com fome! – Explico.

— Eu já entendi. – Responde impaciente.

— Então ande de pressa! – Ordeno.

— Você mandava assim nos seus namorados? Ordenando que andassem de pressa com sua comida? – Questiona e meu semblante muda.

— Eu nunca namorei, pouco me relacionei. – Digo ao levar a taça aos lábios.

— Me desculpe eu não queria... – O imterropo.

— Não se preocupe, termine o que está fazendo. Não vou mais importunar você. – Digo bebendo o ultimo gole do vinho e saltando da bancada.

— Any me desculpa eu... – O imterrompo novamente.

— Não se preocupe, termine seu jantar. – Digo ao me virar e sair da cozinha.

Caminho até a piscina, me sentando na cadeira de praia, encaro a água se movendo lentamente refletindo a luz do luar em vários sentidos. Eu falo para todos que não quero relacionamentos pois cansei de me relacionar com alguém e fracassar todas as vezes.

Não sirvo para isso, quando Josh perguntou se meus ex-namorados creclamavam de mim foi um toque, eu nunca me relacionei de fato com alguém e isso não me fez criar raízes.
Meus pais desistiram de mim quando notaram que não teria alguém para seguir a família como planejavam. Meu irmão está noivo, irá se casar em breve e minha mãe perguntou se já tinha encontrado alguém pois aí não chegaria sozinha no casamento.

Respondi que não e ela desconversou, dizendo que o casamento era em poucos dias e que precisava desligar pois precisava ajudar minha cunhada com o vestido. Eu já acreditei no amor, quando eu vi que ele não chegaria para mim acabei achando que ele não existia em mim então aprecio o amor das outras pessoas como o amor de Sina e Noah, é tão verdadeiro, tão bonito que as vezes tenho um pouco de inveja pois sei que nunca terei essa experiência.

— Any desculpa eu não quis falar isso e... – O interrompo novamente.

— Não precisa se preocupar, não me olhe assim, detesto que as pessoas tenham pena de mim. Volte a fazer o jantar. – Peço, encarando a piscina. Josh não diz nada apenas volta para dentro me deixando sozinha.

Sabe aquela personagem de filme clichê que fica sozinha e vai a todos os casamentos de amigos e parentes mas sempre fica na mesa do canto, bebendo uma taça de espumante sozinha? Esta sou eu, em todas as festas de casamentos eu já procuro uma mesa esquecida e me sento lá, vendo todos felizes comemorando algo que nunca vou ter, alguém para amar e alguém para me amar.

Pode passar dias, meses, anos e minha mãe sempre tentará me iludir dizendo que o tempo se encarrega de tudo, que só não chegou minha hora ainda. Bobagem, isso é para os tolos e idiotas que acreditam em destino. A realidade é bem diferente, não espere o destino, ou morrera sentada em uma cadeira.

Me levanto, bebendo o último gole do vinho de uma vez só. Adentro a casa encontrando Josh terminando o jantar, me sento na mesa movida a pensamentos, girando meu celular sobre a mesa. O cheiro faz minha barriga roncar e minha fome aumentar.

— Está pronto! – Isso é música para meus ouvidos.Josh põe as panelas sobre a mesa e sou a primeira a me servir.

[...]

— Meu Deus! – Digo ao provar, isso é divino, não sei se o motivo de estar morta de fome ou realmente ele cozinha bem.

— Eu sei, sou bom na cozinha! – Se gaba, me fazendo revirar os olhos.

— Não se gabe, é minha fome falando mais alto. – Justifico.

— Ok, eu finjo que acredito. – Diz bebendo um gole do seu vinho.

— Desculpe por ter feito aquele show idiota de ter saído da cozinha. – Me desculpo.

— Eu que peço desculpas, não deveria ter dito aquilo, eu acabei tocando em alguma lembrança sua que não deveria, me desculpa. – Sua voz é baixa.

— Não se preocupe, foi só uma fraqueza repentina, não irá acontecer novamente. – Aviso, bebendo um gole do vinho.

— Eu fiz sobremesa. – Diz me deixando supresa, como ele fez isso sem eu perceber? Fiquei na cozinha o tempo todo. — Não é bem uma sobremesa e também não foi difícil de fazer, eu só derreti o chocolate e coloquei em uma vasilha, afinal as frutas já vem prontas. – Ele diz rindo, ele fez Fondue?

Terminamos o jantar e Josh não deixou eu lavar a louça, disse que ele cozinhou, ele vai lavar. Estou esperando Josh terminar de lavar a louça para comermos a sobremesa, não seria justo eu comer sozinha sendo que foi ele quem preparou todo o jantar.

— Vai demorar? – Pergunto impaciente.

— Se você me apressar eu vou demorar mais. – Diz me fazendo revirar os olhos. — Aí! – Ouço seu grito e corro até a cozinha.

— O quê foi? – Pergunto ao chegar na cozinha.

— Droga! – Diz e vejo que cortou seu dedo e o corte parece profundo.

— Vem aqui. – Peço pegando um pano e colocando em cima do corte, estancando o sangue.

— Foi só um corte pequeno. – instinto masculino apitando, homens nunca irão dizer com clareza o nível de dor que estão sentindo. Aperto o corte para estancar o sangue. — Ai sua doida! – Diz reclamando de dor.

— Vem aqui. – Peço, o puxando pelo seu pulso até a bancada da cozinha, ele se senta na mesma e procuro por uma caixa de primeiros socorros que Noah tem em uma das gavetas.

Após abrir a terceira gaveta encontro a caixa vermelha de corativos e remédios. A ponho ao lado de Josh que segura o pano precionando o corte, abro a caixa e pego gase, pomada e corativo. Limpo o local logo colocando a pomada e o corativo, quando termino percebo que Josh me encarava. Nossos olhos se encontram como se um imã os atraíssem, permaneço segurando sua mão sem perceber, volto a realidade, soltando sua mão e me distâncio.

— Vamos comer a sobremesa feita pelo chefe Beauchamp! – Digo ao guardar a caixa em seu devido lugar e ele sorri. — Estou curiosa para saber se manda bem no doce como mandou no salgado. – Digo ao caminhar até a mesa.

— O quê eu ganho se passar no teste? – Diz se aproximando.

— Um aperto de mão. – Desvio do seu corpo, voltando a mesa.

— Já ganhei um boquete por uma refeição deliciosa. – Diz me fazendo revirar os olhos. Ele tem que lembrar que é tão cafajeste?

Não esqueçam da "⭐" pois ajuda demais e comentem, os comentários me motivam a continuar. 💕

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