Rosé seguiu até a academia, numa porta ao fundo da grande sala. Jennie ficou impressionada por ter deixado aquele detalhe passar, era algo raro da parte dela já que seu maior dom era o de notar até os mínimos detalhes.
Era como uma centro de comando, com monitores de última geração e coisas que Jennie sequer tinha visto. Aquilo tudo acendeu sua mente como a tempos não acontecia. Um arrepio percorreu por seu corpo. Desde criança ela era um prodígio por conta da sua memória e da inteligência sempre acima da média. O tempo em que ficou em cativeiro fez com que ela desenvolvesse vários jogos psicológicos para exercitar sua inteligência, como gostava de dizer.
Então ela começou a dizer tudo o que conseguiu coletar como garota da tão temida Víbora; Mulher coreana, em torno de 35/40 anos, cabelos pretos e pele clara.
—Ótimo, ela é literalmente o padrão coreano.- Rosé disse sarcástica. — Só tem umas vinte milhões iguais a ela por aí.
E assim elas continuaram, mesmo depois de Lisa chegar de onde tinha ido. Mas mesmo sendo uma máquina de recordações, Jennie não conseguia lembrar detalhes importantes. Era visível para Lisa seu desconforto enquanto tentava (inutilmente) focar em algo que fosse produtivo. Rosé também estava ficando impaciente, mas conhecendo como Lisa a conhecia, provavelmente não falaria nada.
Se entreolharam, Lisa silenciosamente pedindo que ela tivesse mais paciência. Rosé conhecia bem aquele olhar, então apenas se levantou e saiu, deixando Jennie sem entender.
— O que deu nela?- Se direcionou à Lisa, que estava sentada no chão com um saco de jujubas nas mãos.
— Ela não é muito paciente.- Disse e Jennie fez um bico, colocando a cabeça entre as mãos.
— A culpa é minha.- Suspirou e Lisa entrou em pânico achando que tinha falado algo errado.
— Não, não!- Arregalou um pouco os olhos. — Juro que ela nasceu sem paciência.- Disse tentando reconfortar a mais velha. — Você está indo bem.- Mentiu, sabendo que Jennie precisava de algum conforto.
Jennie a olhou curiosa e suspirou.
—Pra quem trabalha se disfarçando por aí, você mente muito mal.- Ela sorriu. — Mesmo assim, agradeço pela delicadeza.
— Nem precisa agradecer...-Passou a mão na nuca, seu coração batendo feito louco no peito.
Ela nem tinha notado que ficava boba feito uma adolescente toda vez que interagia com Jennie. Era como se aquele crush adolescente que ela não teve tempo de ter na adolescência finalmente tivesse aparecido e ela não sabia o que fazer. Sacudiu a cabeça, como se tentasse acordar de um sonho.
—Você não acha que deveria descansar?- Perguntou após parar de corar feito louca e Jennie suspirou, levantando-se e sentando ao seu lado.
— Não posso.- Disse encostando na parede e fechando os olhos.—Tenho que continuar.
— Por quê?- A outra perguntou curiosa e Jennie abriu os olhos para olhar de canto para ela.
Seus grandes olhos curiosos esperando atentamente por uma resposta fez Jennie querer sorrir.Suspirou profundamente antes de falar.
— Eu acho que cometi um erro.- Ela falou baixinho e Lisa assentiu para que continuasse.— E agora, parando pra pensar, também acho que não pensei direito no acordo que fizemos.
Ela prendeu o lábio entre os dentes e mordeu forte, tentando segurar a emoção. Mas parece que quanto mais você tenta segurar, mais ela teima em tentar sair.
— Engraçado como passei tanto tempo querendo ser livre, sonhando com isso e agora...- Deu de ombros.— Agora eu não sei o que fazer. Não sei para onde ir ou com quem falar. E o pior é não saber se Jisoo vai me perdoar.
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Mercenárias - Livro I
De TodoA regra para trabalhar como mercenária era clara: sem testemunhas. Uma mínima ponta solta pode custar sua vida e a missão, Lisa e Rosé sabiam bem disso. Mas como seguir essa regra quando alguém do seu próprio time armou uma emboscada para te matar...