Casal impossível - Wantasha CONCLUÍDA

Cap 5

Tá bom, isso não era um sonho. Era um pesadelo. Infelizmente, um pesadelo da vida real.

Primeiro, a menina mais homofóbica da escola começa a me tratar bem. Eu, uma lésbica assumida. Depois, ela pede pra eu ficar depois de fazermos o trabalho. E agora, ela me beija?

Me afastei e olhei assustada pra ela. Agora minhas suspeitas de que isso era tudo uma pegadinha e que em qualquer momento o pessoal da sala iria vir e debochar da minha cara viraram quase certezas. Eu não iria corresponder o beijo e depois ser zoada.

Como ela não disse nada, apenas me olhou como se eu fosse um sonho fora de alcance, eu desci as escadas e me despedi de seus pais, antes de abrir a porta e sair correndo dali.

O que tava acontecendo? Era alguma gêmea idêntica de Wanda e que queria acabar com a reputação dela? Tá, calma. Eu já tô indo longe demais com as teorias.

De repente, a ideia mais absurda surgiu em minha mente: ela gostava de mim.

Além desse pensamento não ir embora, ele não me trouxe angústia. Na verdade, parecia bom achar que ela gostava de mim. Por favor, cérebro, não me diga que estou gostando dela. Minha vida vai acabar de vez se eu gostar dela.

Depois de mandar mensagem no grupo explicando o que tinha acontecido, nós combinamos de nos encontrar na minha casa já que estava escurecendo.

Quando cheguei, Peter e Steve já estavam sentados no sofá da sala. O loiro estava conversando com minha mãe enquanto sorria. Mas o moreno parecia ocupado demais tentando esconder seu olho.

Esperei eles perceberem minha presença, o que não demorou muito, e subimos pro meu quarto.

— E a Carol? - Pergunto fechando a porta do quarto. Acho que meu quarto nunca esteve tão bagunçado, mas como os quartos dos meninos são até piores, eles nem podiam falar alguma coisa.

— Disse que vai chegar daqui... - Ele é interrompido por Carol abrindo a porta.

— Ela te beijou?!

— Dá pra falar mais baixo, garota? - Pergunto enquanto fechava a porta do quarto novamente. - Sim, ela me beijou.

— Por quê? - Peter pergunta como se eu soubesse.

— Sei lá, ela é completamente pirada da cabeça! - Falo em tom sério mas eles riem. - E eu fiquei com medo de ser uma pegadinha ou algo assim.

— Tipo o oitavo ano? - Steve perguntou e eu assenti. Não gostava nem de lembrar. - Mas acho que ela não te beijaria só pra te zoar.

— Ela faria qualquer coisa pra zoar algum de nós. - Carol fala sentando na minha cama enquanto eu cruzava os braços, pensando em algumas vezes em que eu tinha saído chorando depois de alguma provocação dela. - Mas não parecia ser pegadinha. Não pelo o que Nat descreveu.

— O olhar dela parecia verdadeiro. - Falo lembrando dos momentos em que ela sorriu e me olhou com admiração. - Ninguém iria atuar assim. Bem, atores de verdade sim. Mas ela não.

— Acha que ela pode gostar de você? - Steve pergunta e eu dou de ombros. - Acho que ela gosta.

— Para de falar bosta. - Falo descruzando os braços. - Ela nunca gostaria de mim. Nunca gostaria de uma garota.

— Um estudo comprova que a maioria dos homofóbicos são homossexuais. - Peter fala e todos olham confusos pra ele. - Wanda pode ser homofóbica porque não consegue se aceitar. Isso acontece muito.

— Isso não é justo! - Falo já ficando frustrada. Por que esse preconceito existia? Quem foi o idiota que olhou pra um casal feliz e disse "Hm, acho que isso é do mal!"? Porra, vai se fuder! Eu já tô cansada dessa merda. - Não devíamos precisar esconder isso.

— Tem razão. - Steve fala parecendo sentir o mesmo que eu. - E ninguém devia ter dificuldade pra se aceitar. Eu aposto que vários alunos também não se aceitam.

— Mas a Wanda é pior. - Peter fala. - Pior com a Nat. Ela poderia ser assim com todos nós, mas só é assim com Nat.

— Até que faz sentido. - Eu falo pensando na possibilidade. - Mas por que do nada ela me beijou?

— Vai ver ela não consegue disfarçar quando está sozinha com você. - Carol fala e eu olho pra ela. - Só pode ser isso.

— Ou ela é mesmo maluca. - Todos falamos ao mesmo tempo e rimos.