Cap 45

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— Pietro...

— Eu estava certo! Você tá deitada na cama da Romanoff e está abraçada com ela! Virou sapatão agora?

Não sei de onde isso surgiu, mas tive força o suficiente pra me levantar, ir em direção à ele e dar um soco em seu nariz.

— Não fala assim com ela seu filho da puta!

Ele me olhou assustado, também não parecendo me reconhecer.

— Ela... Nós... Fizemos todas aquelas coisas horríveis com você. Por que está defendendo ela?

— Porque ela mudou. Diferente de você, Maximoff. E pra sua informação, não se "vira" lésbica.

— Pietro. - Não tinha percebido que ela estava bem do meu lado até ouvir sua voz. - Por favor, não conte a ninguém.

— Se não o que?

— Se não...

— Se não você apanha em dobro. - Falo por Wan e sinto um olhar assustado vindo dela. - Eu fui clara?

— Nat...

— Sei que se importa com ele, Wan. - Falo olhando pra ela. - Mas não posso deixar ele fazer você passar por tudo que passei.

— Você passou por tudo que passou por causa dela. - Pietro fala quase conseguindo se levantar, o que o impediu foi um chute meu.

— Já chega, Nat!

— Ele não vai contar pra ninguém, Wanda. Pode ficar puta comigo, mas eu nunca vou deixar isso acontecer. E pra sua informação, - Falo me ajoelhando pra olhar seu rosto. - Eu passei por tudo o que passei graças a você. Wanda me contou que foi você quem disse pra todo mundo que eu sou lésbica.

— Pensei que isso não anulasse nada. - Wanda fala e eu olho confusa pra ela. - Nat, você tá descontando a sua raiva e dor no meu irmão?

— Isso é ruim? - Pergunto me levantando e ficando de frente pra ela.

— Claro que é! - Ela grita e eu recuo um passo. - Não se bate no irmão da sua namorada.

— Ah. - Falo enquanto ela assumia uma expressão de arrependimento, provavelmente por ter gritado. - Então agora você defende ele?

— Não estou defendendo ele.

— Está sim. - Pietro fala.

— Cala a boca. - Nós duas falamos juntas. - Não estou, Nat.

— Então deixa eu me vingar dele.

— Não! Você tá perdendo a razão.

— Eu não me importo. O que eu me importo é com seu último ano na escola. Você não vai passar pelo mesmo que eu passei antes da faculdade. Nunca.

— Não preciso da sua proteção! - Ela gritou e, novamente, assumiu uma expressão arrependida. Mas isso não me impediu de recuar outro passo e expressar dor. - Nat...

— Sai da minha casa. Vocês dois.

Pietro se levantou com dificuldade e saiu pela janela do quarto, mas Wanda ficou parada ali, me observando com súplica no olhar.

— Nat...

— Não, Wanda! - Chegou minha vez de gritar. - Você fala a porra do tempo inteiro o quanto você odeia seu irmão, pra no final defender ele? De mim? Depois de tudo o que vocês fizeram?

— Nunca disse que odeio ele.

— Ah, não? "Tomara que a faculdade chegue logo, tô doida pra me livrar do Pietro." - Falo fazendo voz de menininha e ela me olha ofendida. -, "Vou ter que viajar com a minha família, odeio todos eles.", "Odeio meu irmão, aquele insuportável"...

— Você sabe todos os nossos diálogos de cor?

— Claro, eles são especiais pra mim. Mas está claro que pra você não.

— O quê? Nat! Você é a única pessoa que eu realmente gosto de conversar!

— Já conversou, agora vai embora.

— Eu não quero ver Pietro morto ou sendo machucado, muito menos por você. - Me sentei na beirada da cama, tentando ignora-la sem tapar os ouvidos, o que iria parecer bem infantil. - Você é a pessoa mais doce e especial que eu conheço, Nat. Odiaria ver sua versão agressiva. Bem, odiei.

— Eu não sou doce, muito menos especial.

— É sim. Você é a pessoa mais perfeita q eu conheço, Nat.

Se não estivéssemos brigando, eu iria sorrir.

— Ele disse que você virou sapatão, Wan. - Falo olhando pro chão. - Desculpa.

— Obrigada por me defender. - Ela fala se sentando ao meu lado e provavelmente sorrindo, mas eu continuo com a expressão vazia. - Desculpa por gritar. Eu deveria entender que você não quer que eu passe pelo o que você passou. Você tá sendo boa até demais. Eu não mereço a sua proteção.

— Você tá certa. Eu tava descontando minha raiva nele. Não só te protegendo.

— Tá tudo bem, Nat.

— Não, não tá. Eu achei que podia controlar isso. Que porra.

— Olha pra mim. - Ela fala e eu me viro em sua direção. - Ele mereceu.

Não pude conter a risada, ela também não.

— Obrigada. - Ela fala se aproximando e me abraçando. - Da próxima vez eu deixo.

— Ele vai contar pra todo mundo. - Falo imaginando o pesadelo que seria. - Ele deve achar que você não vai deixar eu bater nele.

— Problema dele. Se ele contar, vai se ver com você.

Tento sorrir, mas era difícil.

— Tá tudo bem, Nat. Ninguém nunca iria ao menos tentar mexer comigo.

— São muitas pessoas. Eu também já te bati às vezes, mas você só parou quando se declarou pra mim.

— Aquele soco doeu muito.

— Você mereceu.

Nós rimos.

— Mas eu vou ficar bem. E se não, você me consola.

Aquilo foi em tom brincalhão, mas não rimos.


Casal impossível - Wantasha CONCLUÍDA Onde histórias criam vida. Descubra agora