Cap 6

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Eu não conseguia dormir naquela noite, simplesmente não conseguia. Já era três da manhã e eu estava mexendo no celular.

Uma notificação me fez congelar e perder o mínimo sono que eu tinha. Cliquei nela e comecei a ler a mensagem de Wanda.

+55 9461-5187

Oi nat
É a wanda maximoff
Dscp por hoje
Só esquece quando for pra escola
Tá bom?

já esqueci

Não era verdade. Nem um pouco verdade. E eu provavelmente não conseguiria esquecer no dia seguinte, nem no outro e nem no outro. Sabe, a pessoa que mais te odeia te beijar não era uma coisa comum.

Eu ia desligar o telefone, quando chegou outra mensagem.

+55 9461-5187

Eu sei que vai parecer meio idiota e sem sentido
Vc gostaria de me encontrar atrás da escola amanhã depois da aula de matemática?

e matar a aula de geografia?
não parece coisa q a senhora certinha faz

Onde q eu sou certinha?

Eu queria responder um texto de mil vezes onde ela tinha sido elogiada pelos professores, mas deixei pra lá.

+55 9461-5187

Vai ou não?

tá né
mas se for algum tipo de armadilha
você vai se ver comigo
eu não tenho medo de te meter a porrada

Não é uma armadilha, Nat
Eu prometo

hm

Quando ela começou a me chamar de Nat? 

A última notificação foi ela pedindo pra eu salvar o contato, mas eu não fiz isso. Ela não pode ver meus status de jeito nenhum.

Desliguei o celular e tentei dormir novamente. Estava ciente de que chegaria com o dobro de olheiras que eu tenho, mas eu não me importava mais. Se Wanda quisesse mesmo se arrepender de tudo o que fizera, tinha que ver o resultado disso.

Acho que era quatro da manhã quando eu fui dormir, o que resultou em meu pai fazendo o mesmo que no dia anterior.

Novamente de mal humor e com a mesma aparência de cansada, desci as escadas, tomei café e levei Yelena pra escola.

Dessa vez lembrei em tempo suficiente de me disfarçar, o que impediu de Wanda vir em minha direção. Ela também não parecia ter dormido bem, Pietro contava animado alguma coisa de gente idiota enquanto ela apoiava a cabeça no armário, assentindo e murmurando  "uhum" pra cada frase do irmão.

Passei no meu armário antes de ir pra sala. O que fez Wanda vir em minha direção, já que ela sabia onde ficava meu armário.

— Oi, Nat.

— O que você quer? - Pergunto fechando o armário e olhando pra ela. - Dá pra voltar ao normal por favor? E não me chame de Nat.

— Desculpa.

— E não é pra pedir desculpa. Pode voltar a ser a mais homofóbica da escola por favor? É menos assustador do que...

Ela me interrompeu tampando minha boca com a mão e eu olhei assustada pra ela, antes de afasta-la.

— Por favor, não diga em voz alta.

— Não sei o que deu em você. - Falo olhando extremamente assustada pra ela. - Mas volte ao normal, por favor.

Saí rapidamente e fui até a sala. Steve e Peter ainda não tinham chegado, então me sentei ao lado de Carol.

— Você tá horrível!

— Nossa, valeu. - Falo indignada.

— Não é isso. É que você parece não ter dormido nada essa noite.

— E eu não dormi mesmo. Acho que era quatro da manhã quando consegui finalmente cair no sono.

— Por causa do que aconteceu com Wanda?

— Sim. Aliás, preciso te mostrar isso.

Peguei meu celular e mostrei a conversa pra ela. Eu realmente não queria encontrar com ela depois de ontem, principalmente porque a ideia de ser uma pegadinha não saía da minha cabeça, mas também porque eu estava com medo do que ela ia falar.

— E você vai? - Ela pergunta devolvendo o celular.

— Não sei. O que você acha que devo fazer?

— Acho que devia ir.

— E se for uma armadilha?

— Para de ser paranóica, Nat. Tá na cara que ela gosta de você.

— Isso é mais assustador do que uma pegadinha.

Ela ri fraco e revira os olhos.

Fiquei pensando nisso. Na verdade não era tão assustador. Na verdade, o pensamento de que isso era bom era mais assustador. Espero não gostar dela. Isso sim dá medo.






Casal impossível - Wantasha CONCLUÍDA Onde histórias criam vida. Descubra agora