Cap 21

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Ela entrou no meu quarto e eu fechei a porta atrás de mim. Nos sentamos na beirada da cama lado a lado e ficamos em silêncio. Eu olhava pro chão, então não sabia o que ela estava fazendo.

— Me desculpa. - Sua voz tinha um tom frustrado, ela parecia irritada com ela mesma. - Eu não consegui pensar em nada.

— Tá tudo bem.

— Não, não tá. Porra! Cê precisa parar de perdoar as pessoas assim tão fácil, Nat.

— Eu não perdoo as pessoas. - Falo olhando pra ela e descobrindo que ela ainda olhava pro chão. - Eu perdoo você.

— Não devia.

— Por acaso você quer brigar? - Pergunto com raiva na voz.

— Não, não quero. Mas não quero sentir que você me ama ao ponto de deixar eu fazer isso com você. Não é saudável.

— Eu sei que não. - Admito e ela olha pra mim. - Mas eu realmente não ligo. Eu fico com raiva daqueles adolescentes idiotas, não de você. Eu já recebia algumas piadas idiotas antes do sexto ano.

— Mas aumentou graças a mim. - Fala desviando o olhar pro chão. - E eu não consigo parar de me sentir culpada. Principalmente depois de... - Ela não continua.

— De quê? - Pergunto e ela olha pra frente. - De que, Wanda?

— Quando eu dormi aqui, acordei de madrugada e ouvi você falando durante o sono.

— O que eu falei?

— Não sei direito, mas você parecia estar chorando no sonho. E tinha algo a ver comigo.

— Eu às vezes sonho com a porra do oitavo ano, não é nada demais. - Falo sentindo meu rosto corar. Isso é um segredo que nem meus amigos sabem.

— Nada demais? Nat, você parecia estar tendo um ataque de pânico! Como não é nada demais?

— Isso foi há muito tempo. E pensar nisso não ajuda em nada.

— Eu acho que ajuda sim.

— Não, Wanda! - Merda, já estava me descontrolando. - Não ajuda! Qual parte cê não entendeu dessa merda? Eu só quero esquecer de tudo o que você já fez comigo, caralho!

— Nat...

— Não! - Falo quase gritando e ela recua, mas isso não me fez voltar ao normal. - Se for pra ficar falando do quanto se arrepende e literalmente narrar e me lembrar de tudo o que aconteceu entre a gente desde o sexto ano, então vai embora! Eu só quero te perdoar, mas não sei como se você ficar me fazendo te odiar.

— Mas eu estou pedindo desculpas.

— Você já pediu desculpas. - Falo me acalmando a cada frase. - Não precisa, é sério.

Ficamos um tempo em silêncio e nos olhando, até eu tomar iniciativa e começarmos a nos beijar. Era um beijo calmo, que fazia a gente se acalmar aos poucos. Era uma sensação tão boa, espero sentir mais disso no resto da minha vida.

Quando paramos, eu respirei fundo e a abracei. Surpresa, ela retribuiu lentamente.

— Sei que essa não foi a última provocação. - Falo depois de um tempo abraçada com ela. - Nem perto da última. Mas eu não ligo. Sério, você não vai querer passar pelo mesmo que eu. Não vou deixar você se machucar pra me proteger, Wanda. Se não eu vou me sentir mais culpada que você.

— Vou arrumar outra maneira se não te provocar na frente de alguém.

— Não tem outra maneira. Podemos só nos encontrar na minha casa. Na escola fingimos que não nos conhecemos.

— Não vai deixar suspeitas?

— Não se não nos vermos mais durante o intervalo entre as aulas.

— Pietro vai querer saber onde eu fico depois da aula.

— Pode me encontrar semana sim semana não. Na verdade, sem uma ordem, aleatoriamente pra ninguém desconfiar.

Ela sorri e me abraça.

— Eu te amo, Nat.

— Eu também. - Falo retribuindo.

Casal impossível - Wantasha CONCLUÍDA Onde histórias criam vida. Descubra agora