VI- Eu Prometo

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"A esperança é a poesia da dor, é a promessa eternamente suspensa diante dos olhos que choram e do coração que padece.

— Paolo Mantegazza"

Seus olhos cintilam quando ele vê minha reação ao provar o melhor - segundo ele - bolo de baunilha da cidade.
Ele está se lambuzando com o pedaço dele.

— Você tem uma prometida? — Solto a pergunta de uma só vez. Ele me encara sem expressão e suspira.

Nar– Não. — Ele desvia o olhar. — Sabe... eu sempre vi como meu pai e minha mãe se amavam, eles eram prometidos, cresceram destinados um ao outro. Eu queria algo como aquilo, queria que alguém me olhasse como a mamãe olha para o papai. Mas nunca encontrei a outra metade de minha alma. E as vezes eu sou grato por isso, apesar de desejar muito.

— Você deveria realmente ser grato por isso.

Nar– Porque usa esses óculos? Seus olhos são... muito bonitos e refletem toda sua luta. Eles são como... pérolas.

Meu coração aperta e sinto todo o ar do meu corpo sumir. Minha cabeça lateja e todo o pânico que eu estava esperando enfim chega.

— Por favor não... não conte para ninguém. Prometa para mim que não contará a ninguém. — Seguro suas mãos.

Nar– Eu prometo. Mas só se você prometer que será minha amiga. — Seu sorriso traquina faz meu corpo retumbar.

— Eu não sou uma boa pessoa para se ter como amiga.

Nar– Eu não me importo.

— Então tá. Eu prometo!

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Paro em frente a porta do quarto ao ouvir uma discussão. A voz da Sakura se sobressai e consigo sentir a angústia e raiva em cada palavra. Não ouço a outra pessoa, só descubro quem é, quando ele abre a porta e sai.

Me viro para ele e garanto que ela não vá me escutar. Ele para de andar quando me ouve.

— Você a ama? — Ele não responde. — Porque se ama, é melhor começar a dar valor. Ela não vai te esperar por muito mais tempo.

Entro no quarto antes que ele possa responder, e finjo não ver os olhos vermelhos dela. Entro no banheiro e tomo banho.

Encaro o espelho. Meu cabelo molhado gruda na minha pele e minhas bochechas estão vermelhas pelo calor.

Ele disse que meus olhos eram bonitos, que pareciam pérolas, mas olhando agora, tudo que vejo neles é dor, sangue e sofrimento. Não são belos, são penosos.

Me sento ao seu lado assim que saio - já vestida - do banheiro. Ela me abraça de lado e acaricio de leve suas costas.

— Pode desabafar comigo se quiser.

Sak– Eu sei que ele me ama, sei que ele é reservado e tem dificuldade de demonstrar seus sentimentos e sei que ele te medo, mas eu... eu não aguento mais ser deixada de lado desse jeito. Não é só a Karin, sabe? O Sasuke-kun sempre foi muito popular e todas as garotas foi eu que enxotei. Ele não se importa com elas, mas ele não percebe que a forma como age comigo, também me faz achar que ele não se importa comigo. Eu tento entender o lado dele, mas... — Ela para de falar quando soluça com as lágrimas.

— Você não acha que já entendeu demais o lado dele? Não conheço vocês há muito tempo, mas pelo que me conta, você já tá insistindo a tempo demais. Deveria pensar um pouco mais em você, na sua felicidade.

I Wasn't Promised to YouOnde histórias criam vida. Descubra agora