I Wasn't Promised to You

XXII- Lembranças

"Sempre é difícil recomeçar quando o coração não tem onde se apoiar...

- Josyas"

A doutora Tsunade me observa com os olhos chateados, é a primeira vez que a vejo demonstrar tanta emoção.

Cruza as mãos sobre os joelhos, desvia o olhar como se estivesse decidindo o que dizer, e então olha de volta para mim com sua expressão séria de sempre.

Tsu- Como você se sente agora? Depois de ter pensado sobre sua decisão?

- Sinceramente? - Ela afirma - Eu não sei. Me sinto vazia, mas também conformada.

Ela se levanta da sua cadeira e se senta ao meu lado no sofá. Tira os óculos e pega em minhas mãos.

Tsu- Olha, Hinata, o que vou dizer agora é muita falta de profissionalismo, porém eu preciso dizer, não como sua psicóloga, mas como sua amiga. Você pode achar que se afastar foi a decisão certa, mas como ele vai saber que você o quer se você demonstra? Tá, você disse "eu te amo", mas nem sempre as palavras são suficiente, você tem que demonstrar. E apesar de que ter apoiado ele foi uma grande prova, os humanos precisam constantemente de uma demonstração.

- Mas ele precisa de espaço.

Tsu- Sim, e ele nunca vai esquecer, mas tudo que você fez foi fugir. Você está sempre fugindo. Você está em processo de recuperação e eu não deveria dizer isso, mas tá na hora de lutar pelo que você quer ao inves de esperar que quem você ama venha até você.

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Minha mente não para um único segundo desde que cheguei no dormitório e entrei debaixo do chuveiro. Suas palavras não saem da minha cabeça e de certa forma meu coração sabe que ela está certa.

Eu estou fugindo mais uma vez, fugindo da incerteza, das problemáticas e da mágoa. Eu não deveria, não deveria dar abertura para que ele pense que não o amo de verdade, que não o quero, que não vale a pena lutar por ele.

Porque vale. Vale demais. Eu o amo, eu o quero.

Quero crescer com ele, evoluir, me curar e ter um futuro. Uma casa, Kuraama, e dois filhos.

E até pode ser um pouco patético pensar dessa forma, mas eu o amo demais para me importar.

Ele esteve comigo nos meus dias mais difíceis, me fez rir quando eu só queria chorar, me fez falar quando eu só queria me isolar dentro de mim e me fez querer viver, quando tudo que eu queria era morrer.

Ele esteve lá comigo, não teve medo dos meus olhos e não me julgou por eles, pelo contrário, ele os amou como parte de mim.
Me deu carinho e abraços quando eu precisei e quando eu cai, ele esteve lá para me segurar.

Ele me ajudou a entender quem eu era, ele apertou o botão da cura e graças a ele continuo aqui lutando.

E agora eu tenho que fazer o mesmo. Estar ao lado dele, lutar por ele e amar ele.
Da mesma forma que ele sempre fez por mim.

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Estou novamente parada em frente a porta dele. Mas dessa vez não venho de mãos vazias.
Na minha mão direita: um buquê de girassois. Na esquerda: uma caixa de chocolates em formato de coração.

Eu sei, é brega demais para mim. Mas o Naruto gosta dessas coisas e eu amo flores, achei que seria uma boa combinação.
A Ino me disse que os garotos gostam quando as garotas tomam a iniciativa.

Mas me aborreço quando não é ele que abre a porta e vergonha bate forte na minha cara quando os olhos da matriarca Uzumaki se enchem de sarcasmo.

Kus- Oh meu Deus, Hinata-chan? O que faz aqui?

- Eu... bem, eu vim... vim ver o Naruto, ele está? - Sorrio, tentando disfarçar meu nervosismo.

Kus- Essas coisas são para ele? Oh senhor, tão fofa minha norinha. Mas sinto muito, ele saiu com uns amigos.

- Uhm, estranho, Sakura e Sasuke ficaram no dormitório hoje.

Kus- Não foi com eles. Dois amigos do passado, eu me lembro da garota, mas não do irmão. Ela vivia grudada no meu filhinho e parece que não mudou muita coisa.

- Utakata e... Shion? - Ela estala os dedos em divertido reconhecimento.

Kus- Esses mesmos. Pareciam animados. Você quer deixar esses presentes no quarto dele?

- Bem, eu... se não se importa...

Kus- Não me importo. Entre, entre! -

Peço licença e entro, seguindo suas explicações para chegar ao quarto dele.
Entro devagar e me atento a todos os detalhes.
Desde os pôsteres de filme nas paredes, às prateleiras com troféus e medalhas.

Chego mais perto, examinando cada prêmio. Me lembro de relance dele ter dito que praticava karatê.

Olho mais um pouco até parar na escrivaninha dele.
Diferente do dormitório, seu quarto é super organizado, mas sua escrivaninha tá um verdadeiro redemoinho de papéis amassados, mas o porta retrato se sobressai e brilha no soterramento.

O pego. É uma foto minha. Eu não me lembro de quando foi tirada, mas vê-la ali me causa um quentinho no peito e faz meu coração se agitar. Mas então eu vejo outro porta-retratos. Do Naruto criança, entre seus dois pais. Eles parecem tão felizes.

Fico ali, parada encarando as duas fotos, sentindo como se as paredes estivessem se fechando ao meu redor.

Mas então saio do transe e sem nem pensar mais, deixo meus presentes sobre sua cama. Sem nenhum bilhete, ele com certeza vai saber quem é.

Me despeço da senhora Uzumaki e caminho até um café, ligo para o Neji e espero que ele venha me buscar.

Não tenho estômago para comer quando o vejo passar em frente do café, em direção à casa dele.
Lado a lado com a Shion, gargalhando e sorrindo para ela do mesmo jeito que sorria para mim.

Então tudo que faço é esperar minha carona e me arrepender profundamente de ter aberto meu coração para ele.