I Wasn't Promised to You

XXI- Compreensão

"Há muita gente para quem o receio dos males futuros é mais tormentoso que o sofrimento dos males presentes.

— Marquês de Maricá"

Ele sumiu. Simplesmente isso, desde que foi almoçar com o diretor há dois dias, não fala comigo. Não o vi nas aulas, no horário de almoço e ele sequer responde minhas mensagens.
Isso já faz exatos 2 dias e 4 horas e ele nem deu sinal de vida.

Quer dizer, tenho quase certeza que o Sasuke e a Sakura sabem onde ele está e porque está me ignorando, mas eles não tocam no assunto e eu também não pergunto.

Nesse exato momento minha paciência está chegando ao fim. A Shion não para de falar sobre como acha o Naruto incrível. Eu sei que ele é, não precisa o exaltar.

Uta– Ela é meio irritante, não é? — O olho — Minha irmã, Shion. Ela não conhece a palavra "limites" e sai falando o que vem na cabeça. Se bem que eu entendo o porquê, ela é obcecada por ele desde o fundamental.

Ele chama minha atenção com essa última frase e lhe encaro de maneira quase psicopata.

— Como assim desde o fundamental? Achei que vocês eram novatos.

Uta– Fizemos meio ano aqui antes de nos mudarmos.

— Mas o pessoal agiu como se não conhecesse vocês.

Uta– Não ficamos aqui por muito tempo, só uns dois meses, acho que eles não se lembram da gente. Mas rolou um clima inocente entra a Shion e seu namorado. Ela jura até hoje que eles são prometidos, "destinados a viver um grande amor".

Me seguro para não dar uma grande revirada de olhos e para não deixar transparecer o peso no peito que sua explicação me causou.

É por isso que o Naruto anda me evitando? Por causa dela? E se eles forem mesmo prometidos? O que eu faço?

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Eu não tenho certeza do que estou fazendo. Parada aqui em frente a casa dos pais dele, imaginando mil maneiras de como dizer o que quero dizer, sem parece uma doida-paranoica.

Não preciso tocar a campanhia duas vezes, seu cabelo amarelo é a primeira coisa que vejo e então, seus olhos azuis arregalados, em descrença.

— Antes que diga qualquer coisa, eu só quero deixar claro que só vim aqui porque estava preocupada. Não se some dessa forma, não com meu histórico.

Nar– Tudo bem, você não quer entrar? — Ele me dá passagem e diz para eu sentar no sofá, enquanto busca um copo de água. — Desculpe por sumir, eu estava passando por uns problemas.

— Isso tem a ver com sua promessa com a Shion? — Resolvo ser direta. — Quer dizer, é mesmo a promessa? Por isso sumiu? Porque estava indeciso com o que temos? Você sempre sonhou em achar sua prometida, em ter o que seus pais tinham. E agora que ela apareceu, você está preso a mim.

Nar– Fale mais devagar. Não dá para entender desse jeito — Me calo com seu tom de crítica e finalmente me permito observá-lo.

Ele parece cansado, abatido e debaixo dos seus olhos têm um par de olheiras escuras, que deixa sua expressão bem mais sombria e abalada.

— Você não tem dormido?

Nar– Não muito.

— Porque? — Ele me encara, mas logo desvia o olhar.

Nar– Eu estive pensando muito. Sinto muito se sumi, eu não estava muito afim de falar com ninguém.

— O que houve?

Nar– Eu vou ser sincero com você, eu preciso ser sincero. — Ele abaixa a coluna, escondendo o rosto entre as mãos. — A Shion não era minha prometida quando nos conhecemos, na infância, ela era só uma colega de quem eu gostava e que gostava de mim também. O que tivemos não foi um namoro, mal foi uma amizade, ela foi embora pouco tempo depois. Ela ter voltado foi uma completa surpresa para mim e quando me abordou quando estávamos sozinhos, eu senti algo diferente. Não amor, ou saudade, mas eu senti um puxão, como se alguma coisa me ligasse a ela, uma promessa. — Meus dedos tremem sobre minhas pernas, mas me mantenho prestando atenção — Eu ignorei aquela sensação, até que fui conversar com meu pai e ele me disse para tirar uns dias de folga de tudo, aí eu vim para casa. Me desculpe eu não deveria ter ignorado você, mas eu não conseguia pensar em você sem pensar nela também.

Ai. Essa doeu.

Inclino minha cabeça, segurando as lágrimas e tentando - inutilmente - controlar meu pânico. Mas quando olho para ele outra vez, ele aparenta estar pior do que eu. Seus ombros tremem um pouco e ele esfrega as mãos freneticamente uma na outra.

Nar– Hina, eu... eu amo você. Eu sei disso, eu sinto e eu tenho certeza disso. Mas eu estou confuso demais. E eu não quero afogar você na minha confusão, você merece tudo de mim e eu... — Ele chora, chora enquanto fala, mas ainda não olha para mim — No momento, não posso dar isso a você.

Apesar da dor que sinto agora, eu tento parecer firme quando me a joelho em sua frente e erguo sua cabeça entre minhas mãos, olho para ele com um sorriso leve.

— Se dependesse de mim, eu diria que tá tudo bem ter dúvidas, que não tem problema em sentir esse tipo de confusão. A promessa é mágica e sempre foi seu sonho, eu entendo e não quero me intrometer, não quero ficar no caminho do seu futuro. — Ele abre a boca para falar, mas não paro. — Então vou dar a você o tempo que você precisa para decidir. Mas vou estar aqui por você, vou te esperar pelo tempo que for necessário e se sua escolha não for eu, eu vou entender e vou seguir em frente, porque eu amo você Naruto, com todo meu ser.

Nar– Você tinha que dizer isso logo agora? — Sorrio de leve.

— Não se preocupe, quando vier a mim, estaria pronta para dizer outra vez, mesmo que seja a última vez.

Nar– Eu não quero te prender a mim.

— Sou eu que decido isso. Eu quero você, quero você desesperadamente, mas você é livre para decidir o que fazer com seu futuro. Só saiba que eu estou aqui para você, independente de qual caminho você decida seguir.

Nar– Você é uma mulher maravilhosa. — Limpo o resto de suas lágrimas e aperto seu rosto.

— Você esteve ao meu lado nos meus piores momentos. Nada mais justo que eu estar ao seu também.

Nar– Obrigado. — Lhe dou um beijo na testa e me levanto, indo até a porta.

— Leve o tempo que quiser, mas por favor, não suma e me avise, independente da decisão.

Nar– Eu o farei. Obrigado, Hina. — Sorrio uma última vez, engolindo com esforço o bolo no meu pescoço.

E quando fecho a porta atrás de mim, não sorrio mais.