XII- Permissão

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"Podia amá-lo, mesmo que ele jamais soubesse; não precisava de sua permissão para sentir sua falta, pensar nele o dia inteiro, esperá-lo.

- Paulo Coelho"

— "Se houvesse alguém para dançar comigo, se houvesse nessa rua alguém para dançar comigo, se houvesse nessa vila, nesse reino ou no vizinho, eu seria tão feliz se houvesse alguém para dançar comigo" — Cantarolo a pequena cantiga que minha mãe costumava cantar para mim e para Hanabi, enquanto nos rodopiava pela sala.

Estou no meio de uma faxina enorme no meu armário de casa. Hanabi está jogada em minha cama, lendo uma revista de moda.

Hana– Então, quando vai nos apresentar o sortudo? — Paro de cantar quando ela pergunta — Não se finja de desentendida, olha para você...

Ela caminha até mim e aperta minhas bochechas entre suas mãos.

Hana– Sua pele tá maravilhosa, seu cabelo tá brilhoso e você não para de sorrir enquanto canta a música da mamãe.

— Só acordei de bom humor.

Hana– Você nunca foi uma boa mentirosa, onee-san. Tem alguém, não tem? Quem? — Suspiro.

—  Seu nome é Naruto, loiro, olhos azuis profundos e sorriso contagiante.

Hana– E porque vocês não tão juntos ainda?

— É só que... preciso de tempo para pensar.

Hana– Mais tempo? Você já pensou por anos. Nee-san, a culpa não foi sua, você merece ser feliz.

— Não é a primeira pessoa que me diz isso hoje — Eu me jogo na cama e ela logo depois.

Hana– Sabe quem estava perguntando sobre você? — Nego — A mãe de você sabe quem.

— Tsume? — Ela afirma — O que ela queria?

Hana– Te entregar alguma coisa do passado. Sabe... você deveria ir vê-la, talvez ela tenha algum bom conselho para você.

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A casa amarela continua igual como da última vez que a vi, há quatro anos. A pequena cerca, agora com a tinta desgastada, ainda cumpre seu papel na frente da casa. Não preciso chamar por ninguém, o cachorro grande e de pelos brancos cheira o ar e começa a latir e balançar o rabo assim que me reconhece.

Afundo meus dedos nos seus pêlos e o acaracio com nostalgia.

— Quatro anos e você ainda lembra do meu cheiro, Akamaru? — A porta se abre e sorrio ao vê-la.

Tsume– É impossível esquecer você, Hina. Venha, entre.

Ela me oferece um café e um pedaço de bola assim que entramos e eu me aconchego no sofá. Evito olhar para as paredes, onde os retratos me fariam me aprofundar em lembranças que não quero.

Tsume– Eu senti tanta falta de você. Você simplesmente sumiu e nunca estava em casa quando eu ia procurar por você.

— Me desculpe por ter sumido, eu mudei entre alguns colégios internos depois que... que tudo aconteceu e raramente ia para casa.

Tsume– Você não precisa de desculpar. Eu sei que deve ter sido difícil para você.

Sinto aquilo, a sensação cortante de não querer mais falar sobre algo que tenho certeza que se estenderia para o dia todo de pânico e lágrimas. Então mudo de assunto.

I Wasn't Promised to YouOnde histórias criam vida. Descubra agora