"A verdadeira liberdade é um ato puramente interior, como a verdadeira solidão: devemos aprender a sentir-nos livres até num cárcere, e a estar sozinhos até no meio da multidão.
— Massimo Bontempelli"
Nós passamos a manhã inteira na sala de reuniões do grupo do projeto. Discutindo, conversando e planejando. E aí invés de prestar atenção no que iremos fazer, eu penso no que eu quero fazer.
Faremos uma palestra, onde pessoas que sofrem da maldição do prometido se apresentam. E talvez, só talvez, eu me sinta bem tentada a ir lá. E eu sei de onde vem toda essa inspiração.
Ele olha para mim de vez em quando, está atento nas falas do amigo Shikamaru e sorri sempre que retribuo o olhar nada discreto.
Ele não tocou no assunto da nossa conversa ontem e sou grata por isso. Mas ao mesmo tempo, sinto vontade de fazer algo que nunca fiz, algo que evitei durante todos esses anos, algo que a Hinata antes do Naruto nunca cogitar cogitaria fazer.
.
.
.
Ele está ali, há alguns passos de distância. Só vim aqui uma única vez, no dia de seu enterro, mas decorei a localização. Sua cripta é simples, decorada com algumas flores já murchas.
Meu coração bate tão rápido que sinto como se fosse sair pela boca. E minhas mãos tremem, derrubando algumas das margaridas que comprei na entrada.Era tarde e a gente corria a beira do lago, brincando de pegar com o Akamaru. Cachorro do Kiba.
A mãe dele estava nos esperando a frente e mesmo que não quiséssemos nos despedir, era hora de voltar para casa.Mamãe está doente, prometi a ela que passaria o máximo de tempo ao seu lado.
Ele para de correr e se ajoelha próximo a um rochedo.
Kiba– Olha, Hime-chan, são margaridas roxas. São as flores favoritas da tia Hanako.
— Eu deveria levar algumas para ela? — Ele afirma.
Kiba– Sabe... Eu gosto dessas flores também. Me lembram seu cabelo — Ele dá um sorriso grande, me deixando avermelhada.
A memória faz meu peito doer.
Me sento na grama ao lado de seu túmulo e encaro as nunves carregadas, prontas para despencar as lágrimas dos anjos.
— Me desculpe, irmão. Me perdoe por nunca ter vindo visitar você. Sabe, esses últimos anos forma difíceis de levar e eu sempre me perguntei se você reagiria de forma melhor que a minha. Eu sou tola e ingrata por pensar assim?
O vento uiva ao meu redor, evidenciando a chuva que está por vir. Ponho a mão sobre sua lápide, tentando controlar o tremor do meu corpo.
— Porque você, uhm? Você era alguém tão melhor que eu, alguém que merecia viver, que via beleza em tudo. Porque logo você? Você esteve comigo em todos os meus piores momentos, mas então foi embora. A vida q deixou para mim vale a pena ser vivida?
O ar me falta no primeiro soluço e não vem quando o puxo com força, de novo e de novo e a sensação de pânico toma conta do meu corpo quando aperto os joelhos contra meu peito.
Continuou puxando inutilmente o ar que evita entrar pelas minhas narinas. O buraco em meu peito consome toda a dor e uma enorme vontade de gritar sobe pela minha garganta.
O choro vem fácil, embassando minhas vistas, me impedindo de ver quem quer que tenha se aproximado de mim e jogado os braços ao meu redor.
O abraço não é caloroso, ou reconfortante, mas faz com que eu finalmente consiga respirar e com que a confusão me mantenha concentrada e inspirar e expirar até meus batimentos finalmente se acalmarem. Mas o pânico ainda está ali, mesmo quando finalmente enxergo com clareza o rosto dele.— Sasuke?
Sas– Você tá melhor?
— O que faz aqui? — Olho ao redor — Estava me seguindo? Até onde vai essa sua obsessão?
Sas– Não estava seguindo você. Meus pais estão aqui também.
A ficha cai quando ele se senta ao meu lado. Sasuke-kun... conhece a sensação?
Sas– Estava tendo um ataque de pânico, não é? — O interrogou com o olhar — Conheço um de longe.
— Porque me ajudou?
Sas– Porque eu sei o que estava sentindo. Então, Kiba Inusuka?
— Meu melhor amigo.
Sas– E seu prometido. — Não tenho forças para arregalar os olhos ou me assusta com sua constatação, mas ele expkcua mesmo assim — Sou um pouco observador demais. Se era um segredo, me perdoe.
— Eu não me importo.
Sas– Só me prometa uma coisa... Eu não magooe o Naruto. Se a maldição te impede de retribui-lo, não alimente suas esperanças.
O encaro por um tempo, esperando ele continuar seu monólogo ou o que quer seja isso, mas ele não o faz.
— Eu me pergunto se mereço o amor que ele me oferece, se mereço a felicidade que ele me dá e se mereço a vida que ele devia ter — Com esse último, me refiro ao Kiba — Porque eu deveria ser feliz quando ele perdeu essa oportunidade? Me desculpe se pareço pessimista demais e talvez você não entenda, mas a culpa é um veneno perigoso e não consigo me livrar dele.
Sas– Eu entendo. Não se livra de um sentimento como a culpa, não há uma cura para a sensação de que você está roubando a vida de alguém.
— Como você pode... — Ele me interrompe.
Sas– Eu tinha 12 anos. Estamos voltando de uma viagem a praia, meus pais estavam cansados, então deixaram meu irmão dirigir. Eu estava sentando na frente, ao lado dele e não lembro bem o porquê, mas eu iniciei uma briga. Meu irmão perdeu o controle e o carro caiu a ribanceira. Eu fui o único que sobrevivi. — Ele não expressa seus sentimentos em sua voz, mas seus olhos dizem tudo. — Por muito tempo me culpei e ainda me culpo. Porque eu deveria ser feliz com a Sakura quando tirei a chance de felicidade dos meus pais e meu irmão?
"Mas então ela me mostrou que eu não tirei a oportunidade de ninguém. Eu perdi minha família em um acidente trágico, eu não queria que aquilo acontecesse, não desejei aquilo e sofri com aquela perda, como eu poderia ser o culpado? Eu sobrevivi e tenho certeza que eles iriam querere ver feliz, então vou fazer de tudo para deixá-los despreocupados e orgulhosos. Vou aproveitar a chance que eles me deram de viver minha vida e de viver a vida deles. Hinata, se você acha que nunca mais poderá ser feliz, então desista de uma vez, antes que possa levar alguém com você. Mas se você vê uma fagulha, um sentimento, uma luz, então vá atrás dela, lute por ela. Até mesmo nos dias em que você nem tem vontade de levantar da cama, não precisa ser agora, a culpa é um sentimento difícil de lidar, mas aceite isso, aceite essa chance e viva a vida que você queria que ele tivesse."Ele se levanta, estica a mão e me ajuda a levantar para mim e me mostra algo que nunca imaginei ver. Um sorriso, menor do que os do loiro que estou acostumada, mas um de conforto e sinceridade.
E então, olhando uma última vez para a lápide e seu nome bem desenhado, eu reflito as palavras do moreno e uma fagulha de esperança faz meu coração bater mais rápido.
Kiba... eu mereço mesmo ser feliz?
E então, como se a loucura tivesse chegado ao meu cérebro, sua risada ecoa junto com o uivo do vento.
×-××-××-××-××-××-××-××-×
Eu vou amar desenvolver a amizade do Sasuke com a Hinata nos próximos capítulos, então fiquem de olho.
Amanha não poderei postar, então tô postando hoje.
Espero que gostem.
VOCÊ ESTÁ LENDO
I Wasn't Promised to You
Fanfiction"Mamãe, é possível alguém amar outro alguém que não seja seu prometido?" Meu nome é Hinata Hyuga e eu sofro da maldição do prometido. Diferente da maiorias das pessoas que vivem suas vidas em busca da sua cara metade, da sua alma gêmea, eu fui cond...